Orçamento da União de 2013 reservou R$ 90 milhões para aplicar na
implantação de um “sistema de defesa cibernética”. Até o final de
agosto, apenas R$ 13,2 milhões —14,7% do total— haviam sido
“empenhados”. A nota de empenho é emitida quando o dinheiro é reservado
para determinado fornecedor. Considerando-se o pedaço do orçamento que
foi efetivamente “liquidado”, só saiu do cofre nos oito primeiros meses
do ano R$ 1,08 milhão —ou 1,2% do total.
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Apertado pelos senadores, Amorim lecionou: “O que precisa ser feito é muito mais do que nos estamos fazendo ainda. Isso envolve recursos.” De fato, considerando-se que o Brasil não dispõe nem de satélite próprio, os R$ 90 milhões alocados em 2013 na rúbrica de “defesa cibernética” parecem dinheiro de troco. O problema é que a pasta de Amorim não consegue gastar nem o pouco de que dispõe.
Em 14 de julho, quatro dias depois do depoimento de Amorim no Senado, o repórter Breno Costa revelou que o Exército havia empenhado apenas R$ 8 milhões (8,9%) do total da verba destinada ao cibercombate. Quase a metade dessa cifra foi aplicada na aquisição de jipes militares e cabines para abrigar estações de comunicação. O edital da licitação anotava que os equipamentos seriam usados em combate ou situações de tensão social.
O Exército informou que os jipes e as cabines vão virar unidades móveis de comunicação que, atuando “em rede”, ajudarão a proteger as comunicações governamentais contra investidas de invasores. Quanto à vagareza na execução orçamentária, alegou-se que “o orçamento da área cibernética tem histórico de execução que registra uma concentração de empenho dos recursos no segundo semestre do ano.”
Decorridos 48 dias, já se sabe que a espionagem americana alvejou diretamente Dilma Rousseff e seus axiliares diretos —entre eles, muito provavelmente, o doutor Celso Amorim. E os novos dados apalpados pelo blog informam que a execução do orçamento do sistema que supostamente protegerá as comunicações do Estado brasileiro continuam evoluindo em ritmo de tartaruga paraplégica. A quatro meses do final do ano, empenharam-se exíguos 14,7%. Ou 1,2%, se considerado apenas o que já saiu do cofre.
Com muitos recursos, os EUA espionam e continuarão espionando. E o Brasil, que nunca se defendeu tão mal tão bem, continuará ostentando a dupla condição de espionado e indignado. Enquanto espera pelas velhas explicações de Washington, o governo reza para que os papeis vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden silenciem.
Do UOL
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