Temperaturas e nível do mar em alta, geleiras derretidas:
seis anos depois de seu último relatório sobre as mudanças climáticas,
especialistas em clima da ONU apresentarão na sexta-feira um novo e
alarmante balanço sobre a situação global, antes do acordo climático
aguardado para 2015.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresentará em quatro etapas (entre o fim deste mês e outubro de 2014) aquele que já é considerado o diagnóstico mais completo feito até agora sobre o problema.
O relatório estuda quatro cenários possíveis para as mudanças climáticas até 2100, assim como seus impactos para o planeta e as formas de enfrentá-los.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresentará em quatro etapas (entre o fim deste mês e outubro de 2014) aquele que já é considerado o diagnóstico mais completo feito até agora sobre o problema.
O relatório estuda quatro cenários possíveis para as mudanças climáticas até 2100, assim como seus impactos para o planeta e as formas de enfrentá-los.
O
primeiro volume, que será publicado em 27 de setembro, em Estocolmo,
após quatro dias de deliberações na capital sueca, confirmará a
responsabilidade do ser humano no aquecimento do planeta, a
intensificação de certos fenômenos climáticos e a revisão para cima do
nível do mar, segundo uma versão provisória do resumo, à qual a AFP teve
acesso.
Trata-se do quinto relatório do painel desde a sua criação, em 1988.
O
documento, escrito por 250 cientistas, reforçará o apelo por medidas
para limitar a 2 graus Celsius a elevação das temperaturas desde a época
pré-industrial, uma meta adotada pelos 195 países que negociam sob a
égide da ONU, mas que parece cada vez mais difícil de alcançar.
"O
IPCC é a pedra na qual se assentam as mudanças climáticas e toda a
política climática. Será o novo guia estratégico, como foi o quarto
relatório", publicado em 2007, avalia Tim Nuthall, da Fundação Europeia
para o Clima.
Em 2007, o IPCC gerou uma mobilização sem
precedentes em torno da questão climática, o que lhe rendeu a atribuição
do Prêmio Nobel da Paz, em conjunto com o ex-vice-presidente americano,
Al Gore, ele próprio um ativista ambiental mundialmente conhecido com o
filme "Uma Verdade Inconveniente" (2006).
A crise se agravou
No final de 2009, os líderes mais importantes do planeta, a começar pelo presidente americano, Barack Obama, se reuniram em Copenhague, na Dinamarca, para tentar costurar um acordo.
Mas
o fracasso daquela cúpula continua assombrando as negociações sobre as
mudanças climáticas, agora orientadas para a meta de fechar em 2015 um
novo acordo global durante uma conferência internacional que será
celebrada em Paris.
Na verdade, o IPCC não faz mais do que
sintetizar os conhecimentos científicos já publicados e se limitará a
confirmar a realidade das mudanças climáticas, como o aumento da
temperatura global, que já alcançou 0,8ºC desde o começo do século XX.
"Sempre
repetimos o mesmo... É a força da nossa comunidade, mas também a razão
pela qual se cansam de nós", ironiza o glaciologista Jean Jouzel, membro
do IPCC.
Em seu relatório, o IPCC apresenta quatro cenários
possíveis para o final do século XXI, mais ou menos "quentes" em função
da quantidade de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera.
Embora
não se pronuncie sobre a probabilidade de que estes cenários se
cumpram, só um deles permitiria alcançar a meta de limitar o aquecimento
a 2ºC. Os outros três não atingem este objetivo e o pior de todos
contempla um aquecimento entre 2,6°C e 4,8°C.
A "pausa" na
elevação das temperaturas observada há quinze anos, que poderia ser
explicada por uma captação de calor dos oceanos, não muda as projeções
de longo prazo, destacou recentemente o serviço britânico de
meteorologia.
Mais ainda porque os demais indicadores de
aquecimento não mudaram, como a elevação do nível do mar, o derretimento
das geleiras o Ártico ou a frequência das ondas de calor.
Desde
2007, "a crise se agravou", afirma Al Gore em entrevista ao jornal
francês Le Monde, porque "os eventos meteorológicos extremos vinculados à
crise do clima se tornaram muito maciços e frequentes para serem
ignorados".
A partir desta segunda-feira, o resumo desta primeira
parte do relatório será submetido à aprovação, linha por linha, dos
representantes dos 195 países do IPCC, que poderão modificar a forma do
informe, mas não suas conclusões.
As duas partes seguintes - sobre
o impacto das mudanças climáticas e a forma de mitigá-lo - serão
publicadas no começo de 2014, antes de uma síntese global prevista para
outubro de 2014.
Desta vez, o IPCC quer ser irrepreensível. Em
2007, houve alguns erros no relatório que os céticos do aquecimento
global aproveitaram para questionar a credibilidade do painel. Desde
então, o IPCC implantou mecanismos para que este "erro estúpido" não se
repita, afirma Jean Jouzel.
Do O Povo
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