Depois de adotar um tom bastante duro contra as ações de espionagem
norte-americana em seu discurso na abertura da 68º Assembleia-Geral das
Organizações das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff, em
sua viagem aos Estados Unidos nesta semana, pretende deixar claro para
os empresários e autoridades do país que não deixará que o caso
atrapalhe as parcerias comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
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Esse será o recado que a presidente deverá passar nas
demais reuniões das quais participará em solo americano. A agenda
inclui, por exemplo, encontro com empresários que participarão de um
seminário, promovido pelo banco Goldman Sachs e pelo Grupo Bandeirantes,
para discutir oportunidades de investimentos em infraestrutura no
Brasil, na quarta-feira.
De acordo com interlocutores da presidente, embora ela
entenda que o episódio da espionagem norte-americana teve fins
econômicos, Dilma, estrategicamente, optou por tratar os dois assuntos –
espionagem e comércio – de forma desvinculada.
A única consequência econômica do episódio, se depender
da presidente, deverá ser em relação ao acordo de cooperação na área da
defesa, que envolve a compra de 36 caças que o governo brasileiro
pretende fechar com o objetivo de reequipar as Forças Armadas.
Dilma entende que, para essa negociação, na qual a
norte-americana Boeing vinha aparecia entre as favoritas, vale muito
mais o critério da “confiança mútua” entre países, que as possíveis
vantagens técnicas do modelo norte-americano F-18 Super Hornet. Isso
porque a meta brasileira é conseguir um acordo que envolva transferência
de tecnologia e uma parceria em longo prazo.
Sinais
O sinal de que o governo brasileiro não está mais
disposto a fechar a parceria com os Estados Unidos já foi dado na nota
emitida por ocasião do cancelamento da visita de estado que Dilma faria
aos Estados Unidos no dia 23 de outubro.
Os dois governos emitiram simultaneamente notas sobre a
recusa do convite pela presidente. A nota da Casa Branca ressalta a
parceria nessa área. “O presidente Obama aguarda com esperança a
oportunidade de receber a presidente Rousseff em Washington, em data a
ser decidida por acordo. Outros importantes mecanismos de cooperação,
entre os quais diálogos presidenciais sobre cooperação política,
econômica, energética e de defesa, continuarão”, diz o texto.
Sem condições:
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Já a nota do Planalto não inclui a Defesa entre as
parcerias estratégicas para o Brasil com os Estados Unidos. “O governo
brasileiro tem presente a importância e a diversidade do relacionamento
bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua. Temos trabalhado
conjuntamente para promover o crescimento econômico e fomentar a geração
de emprego e renda. Nossas relações compreendem a cooperação em áreas
tão diversas como ciência e tecnologia, educação, energia, comércio e
finanças, envolvendo governos, empresas e cidadãos dos dois países”, diz
o texto.
Do IG
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