A falta de recursos e a indefinição do governo federal sobre o novo
caça brasileiro obrigaram a Aeronáutica a parar de operar e a
“canibalizar” (termo que os militares usam para a retirada de partes de
uma aeronave) seis dos 12 Mirage 2000-C que possui, os mais potentes e
velozes do Brasil, para manter em operação em 2013 a outra metade da
frota.
Os Mirage, comprados em uma estratégia “tampão” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva já usados da França, em 2005, serão aposentados oficialmente em 31 de dezembro, dois anos após o previsto, anunciou o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, em audiência no Senado nesta terça-feira (13).
Os aviões estão sucateados e sem armamento, pois os mísseis "já estão vencidos ou vencerão até o fim do ano", disse Saito.
Os Mirage, comprados em uma estratégia “tampão” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva já usados da França, em 2005, serão aposentados oficialmente em 31 de dezembro, dois anos após o previsto, anunciou o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, em audiência no Senado nesta terça-feira (13).
Os aviões estão sucateados e sem armamento, pois os mísseis "já estão vencidos ou vencerão até o fim do ano", disse Saito.
A decisão preliminar da FAB é de substituir provisoriamente os Mirage,
que ficam na base aérea de Anápolis (GO), por outras 6 unidades F-5, que
possuem velocidade e alcance inferior e menor potencial de reação em
caso de interceptação de invasores.
"Os Mirage foram comprados em 2005 para voar, cada aeronave, mil horas
de voo. Esta meta foi atingida em 2011 e fizemos um esforço muito grande
para mantê-los voando até 2013. É uma plataforma até que não temos mais
armas. Elas estão vencidas ou vão vencer agora no fim do ano", disse o
brigadeiro Saito no Senado.
"Não precisamos de um avião para fazer sobrevoo em desfile. Precisamos de avião para defesa", acrescentou o oficial. Foi um Mirage que, em um rasante, destruiu os vidros da fachada do Supremo Tribunal Federal (STF) em julho.
"Não precisamos de um avião para fazer sobrevoo em desfile. Precisamos de avião para defesa", acrescentou o oficial. Foi um Mirage que, em um rasante, destruiu os vidros da fachada do Supremo Tribunal Federal (STF) em julho.
Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que ao menos
quatro fatores que ficam prejudicados pela indefinição: 1) a proteção
dos recursos naturais, principalmente da Amazônia e do pré-sal; 2) a
busca por projeção internacional e por um assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU; 3) dissuasão de tentativas de invasão ao
território brasileiro e de contrabando e tráfico e armas com aeronaves; e
4) desprestígio internacional e fragilidade de defesa para a Copa do
Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, de 2016. (leia mais abaixo)
“Com o término de operações do Mirage, haverá uma redução na capacidade de proteção do país. O Mirage é bissônico (voa duas vezes a velocidade do som, que é de 1.200 km/h), enxerga e intercepta um alvo a uma distância muito maior que os F-5”, afirma o brigadeiro da reserva Teomar Quírico, que tem mais de 2 mil horas de voo e comandou esquadrões de caça da FAB.
A estratégia de deslocamento dos F-5, considerada como um novo “tapa buraco”, preocupa os pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea, que pilotam os Mirage em Anápolis e que são responsáveis por proteger o Planalto. Eles temem até o fechando da unidade, colocando em risco o espaço aéreo brasileiro - a FAB tem a missão de defender 22 milhões de km² – área superior à da América Latina.
“Com o término de operações do Mirage, haverá uma redução na capacidade de proteção do país. O Mirage é bissônico (voa duas vezes a velocidade do som, que é de 1.200 km/h), enxerga e intercepta um alvo a uma distância muito maior que os F-5”, afirma o brigadeiro da reserva Teomar Quírico, que tem mais de 2 mil horas de voo e comandou esquadrões de caça da FAB.
A estratégia de deslocamento dos F-5, considerada como um novo “tapa buraco”, preocupa os pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea, que pilotam os Mirage em Anápolis e que são responsáveis por proteger o Planalto. Eles temem até o fechando da unidade, colocando em risco o espaço aéreo brasileiro - a FAB tem a missão de defender 22 milhões de km² – área superior à da América Latina.
Oficiais afirmam ainda que os Mirage não poderão nem ser revendidos ou
aproveitados. “Devem virar peça de museu ou serem expostos em uma
praça”, brinca um piloto. Além disso, os próprios F-5 já passaram por um
processo de modernização e deverão começar a deixar de operar a partir
de 2017.
“Infelizmente, esta é mais decisão tampão e lenga lenga continua”, acrescenta o brigadeiro Quírico, que é instrutor de combate aéreo e participou da criação do primeiro projeto para substituir o caça brasileiro, em 1998, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso. “Estava tudo pronto para o FHC assinar o projeto FX em 2001, quando foi adiado, passado para o Lula, e a história se prolonga até hoje”, explica.
“Infelizmente, esta é mais decisão tampão e lenga lenga continua”, acrescenta o brigadeiro Quírico, que é instrutor de combate aéreo e participou da criação do primeiro projeto para substituir o caça brasileiro, em 1998, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso. “Estava tudo pronto para o FHC assinar o projeto FX em 2001, quando foi adiado, passado para o Lula, e a história se prolonga até hoje”, explica.
Projeto está em R$ 11,3 bilhões
Apesar do ministro da Defesa, Celso Amorim, ter dito em várias ocasiões que seria divulgado ainda em 2013 o substituto do Mirage no projeto FX-2, um corte de R$ 4 bilhões em investimentos na área, anunciado pelo governo em julho, deve adiar novamente uma definição.
O polêmico projeto para aquisição de um caça supersônico para defender as fronteiras está estimado em mais US$ 5 bilhões (R$ 11,3 bilhões) e teve como finalistas os modelos Rafale, da francesa Dessault, o F-18, da norte-americana Boeing, e o Gripen, da sueca Saab.
Em épocas diferentes, as três concorrentes foram as preferidas Especialistas acreditam até que, até o final de 2014, possa ser feito um novo projeto: “o F-X3 da Dilma”.
“O que nos preocupa não é só a falta de um novo modelo, pois no cenário externo, nossos vizinhos, como Colômbia, Chile e Venezuela, estão muito melhor equipados. Mas principalmente porque são 12 caças a medos. Nossa supremacia aérea, que impede que ninguém queira invadir o país, fica questionável”, afirma um oficial da FAB.
Os F-5 foram comprados pelo Brasil em sucessivos lotes desde 1974. 46 deles já passaram por um processo de modernização na Embraer desde 2000, ao custo de R$ 650 milhões. Contudo, casos dda queda canopy (peça que cobre a cabine) em pleno ar, após decolagens realizadas na base aérea de Canoas deixaram os pilotos preocupados e expuseram a fragilidade das infraestruturas do modelo. Oficiais ouvidos pelo G1 afirmaram, contudo, que se tratou de um caso pontual de erro na fixação, que já foi solucionado. Oficialmente, a FAB não se pronunciou.
Desde 2011, outros 11 F-5, comprados usados da Jordânia, passam por um processo de modernização, que os garantirá em funcionamento por mais 15 anos. Os modelos que serão levados para Anápolis serão retirados de Canoas (RS), Rio de Janeiro e Manaus (AM).
“Os caças Mirage, apesar de serem de alta tecnologia e terem sido usados nas guerras do Golfo e Afeganistão, já estão defasados e os modelos brasileiros são de projetos antigos. Isso demonstra a situação de obsolescência do Brasil em relação aos parceiros regionais, como a Venezuela, que comprou recentemente caças russos”, afirma Manuel Nabais da Furriela, mestre em direito internacional e coordenador do curso de relações internacionais das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Apesar do ministro da Defesa, Celso Amorim, ter dito em várias ocasiões que seria divulgado ainda em 2013 o substituto do Mirage no projeto FX-2, um corte de R$ 4 bilhões em investimentos na área, anunciado pelo governo em julho, deve adiar novamente uma definição.
O polêmico projeto para aquisição de um caça supersônico para defender as fronteiras está estimado em mais US$ 5 bilhões (R$ 11,3 bilhões) e teve como finalistas os modelos Rafale, da francesa Dessault, o F-18, da norte-americana Boeing, e o Gripen, da sueca Saab.
Em épocas diferentes, as três concorrentes foram as preferidas Especialistas acreditam até que, até o final de 2014, possa ser feito um novo projeto: “o F-X3 da Dilma”.
“O que nos preocupa não é só a falta de um novo modelo, pois no cenário externo, nossos vizinhos, como Colômbia, Chile e Venezuela, estão muito melhor equipados. Mas principalmente porque são 12 caças a medos. Nossa supremacia aérea, que impede que ninguém queira invadir o país, fica questionável”, afirma um oficial da FAB.
Os F-5 foram comprados pelo Brasil em sucessivos lotes desde 1974. 46 deles já passaram por um processo de modernização na Embraer desde 2000, ao custo de R$ 650 milhões. Contudo, casos dda queda canopy (peça que cobre a cabine) em pleno ar, após decolagens realizadas na base aérea de Canoas deixaram os pilotos preocupados e expuseram a fragilidade das infraestruturas do modelo. Oficiais ouvidos pelo G1 afirmaram, contudo, que se tratou de um caso pontual de erro na fixação, que já foi solucionado. Oficialmente, a FAB não se pronunciou.
Desde 2011, outros 11 F-5, comprados usados da Jordânia, passam por um processo de modernização, que os garantirá em funcionamento por mais 15 anos. Os modelos que serão levados para Anápolis serão retirados de Canoas (RS), Rio de Janeiro e Manaus (AM).
“Os caças Mirage, apesar de serem de alta tecnologia e terem sido usados nas guerras do Golfo e Afeganistão, já estão defasados e os modelos brasileiros são de projetos antigos. Isso demonstra a situação de obsolescência do Brasil em relação aos parceiros regionais, como a Venezuela, que comprou recentemente caças russos”, afirma Manuel Nabais da Furriela, mestre em direito internacional e coordenador do curso de relações internacionais das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Caças, pra que?
“A indefinição de um novo caça coloca o Brasil em desprestígio no cenário internacional. Ainda bem que não temos inimigos, somos uma potência ‘soft’. Mas o que preocupa é a possibilidade de, no futuro, outros países questionarem nossa soberania sobre o pré-sal ou a biodiversidade amazônica. Se não tivermos condições de proteger estes recursos, pode haver debate sobre o direito jurídico de exploração”, diz o professor Furriela.
“O Brasil não está preparado para se defender. Os F-5 não são operativos em termos de combate aéreo para fazer frente a países como Bolívia, Peru e Paraguai. Internacionalmente, estamos mostrando fracasso. Quem não tem capacidade de defender a si próprio não pode participar do Conselho de Segurança da ONU”, acredita diretor do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais, Marcelo Suano.
“A indefinição de um novo caça coloca o Brasil em desprestígio no cenário internacional. Ainda bem que não temos inimigos, somos uma potência ‘soft’. Mas o que preocupa é a possibilidade de, no futuro, outros países questionarem nossa soberania sobre o pré-sal ou a biodiversidade amazônica. Se não tivermos condições de proteger estes recursos, pode haver debate sobre o direito jurídico de exploração”, diz o professor Furriela.
“O Brasil não está preparado para se defender. Os F-5 não são operativos em termos de combate aéreo para fazer frente a países como Bolívia, Peru e Paraguai. Internacionalmente, estamos mostrando fracasso. Quem não tem capacidade de defender a si próprio não pode participar do Conselho de Segurança da ONU”, acredita diretor do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais, Marcelo Suano.
“A FAB faz interceptações diárias de socorro de aviões com suspeita de
pane e também de aviões que podem estar trazendo drogas e armas. Um caça
é o diferencial nestas situações”, afirma o brigadeiro Quírico.
Na década de 80, durante a Guerra das Malvinas e ainda no regime militar, aviões ingleses e cubanos foram interceptados por caças brasileiros e obrigados a pousar, por estarem circulando sobre os céus do país sem autorização.
Concorrentes mantêm esperança
Na década de 80, durante a Guerra das Malvinas e ainda no regime militar, aviões ingleses e cubanos foram interceptados por caças brasileiros e obrigados a pousar, por estarem circulando sobre os céus do país sem autorização.
Concorrentes mantêm esperança
As empresas concorrentes ainda acreditam, porém, em uma definição do FX-2. Havia especulações de que, durante a visita que fará aos EUA em outubro, a presidente Dilma anunciasse a Boeing como a vencedora. Donna Hrinak, presidente da companhia no Brasil negou. “Você já viu algum presidente fazer um anúncio importante para a defesa do seu próprio país no exterior? Não fomos informados de nada oficialmente. Mas temos certeza que a nossa proposta será a vencedora”, afirma ela.
Já a Saab acha que tem mais chances de levar a concorrência por oferecer o diferencial do Gripen ser produzido em parceria com técnicos brasileiros. “Propusemos o financiamento de 100% do valor do contrato. O primeiro pagamento do Brasil só seria 6 meses após a entrega do último avião. O F-18 tem que ser pago à vista”, afirma Bengt Janer, diretor da companhia sueca.
Em 2009, o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, em visita ao Brasil, disse que o modelo da Dassault seria adquirido após Lula demonstrar preferência pelo caça francês. Jean-Marc Merialdo, diretor do consórcio Rafale no Brasil, ainda aguarda a decisão. “Infelizmente para nossos concorrentes, o Rafale se mostrou um excelente caça múltiplo, de ataque e defesa e mudando de missão ainda durante o voo comprovando sua eficácia nos conflitos no Mali e na Líbia”, afirma ele.
Correndo por fora da licitação oficial, a Rússia ofereceu ao Ministério da Defesa 24 caças Su-35, com transferência de tecnologia. O governo brasileiro tem estreitado laços com o russo no setor: em fevereiro, foi assinado uma intenção de compra de uma bateria antiaérea de médio alcance, necessária para a Copa do Mundo. Já a FAB recebeu em maio o penúltimo lote de 12 helicópteros russos de ataque AH-2 Sabre, que serão usados para interceptação de aeronaves a baixa altura sobre a Amazônia.
Do G1
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