O jornalista do britânico The Guardian, Glenn Greenwald, afirmou que o Brasil
e a Argentina deveriam ter uma internet própria para evitar a
espionagem dos Estados Unidos. As declarações foram dadas em entrevista
publicada neste domingo (29) pelo jornal argentino Página 12.
"Há uma consciência real de que a Argentina e o Brasil estão
construindo uma internet própria, assim como a União Europeia, algo que
até agora só fez a China", afirmou Greenwald em entrevista concedida no
Brasil, onde mora há vários anos.
O jornalista americano divulgou no Guardian informações sobre a espionagem de Washington repassadas por Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA), atualmente refugiado na Rússia.
"Creio que a solução seria criar um lobby entre os países, que os
países se unam para ver como construir novas pontes para a internet que
não permitam que um país domine completamente as comunicações",
insistiu.
Para ele, o objetivo da Casa Branca é controlar a informação para aumentar seu poder no mundo.
Depois dos atentados das Torres Gêmeas em Nova York, os americanos
querem "utilizar o terrorismo mundial para que as pessoas tenham medo e
possam agir com as mãos livres", afirmou. "É uma boa desculpa para
torturar, sequestrar e prender", disse ainda.
WikiLeaks
Greenwald defendeu o vazamento de informação feito por Snowden e anteriormente pelo Bradley Manning (atual Chelsea Manning), recentemente condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks.
Greenwald defendeu o vazamento de informação feito por Snowden e anteriormente pelo Bradley Manning (atual Chelsea Manning), recentemente condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks.
Para o jornalista, Assange (refugiado desde junho de 2012 na embaixada
do Equador em Londres) "é um herói pelo trabalho que fez no WikiLeaks
porque foi ele que plantou a ideia de que, na era digital, era muito
difícil para os governos proteger seus segredos sem destruir outra
privacidade".
Visita de Estado cancelada
No começo de setembro, o Fantástico mostrou que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores eram alvo direto de espionagem da NSA, segundo documentos classificados como ultrassecretos pela agência (veja os documentos revelados). Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros.
No começo de setembro, o Fantástico mostrou que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores eram alvo direto de espionagem da NSA, segundo documentos classificados como ultrassecretos pela agência (veja os documentos revelados). Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros.
O Fantástico também mostrou que a Petrobras, quarta maior petroleira do mundo, também foi espionada.
Não há informações sobre a extensão da espionagem nem se a agência
americana conseguiu acessar o conteúdo guardado nos computadores da
empresa. Não há também informações a respeito sobre quais documentos a
NSA buscava.
Depois das revelações de espionagem no Brasil, a chefe de Estado
brasileira suspendeu a visita de Estado que faria a Washington em 23 de
outubro.
Além disso, Dilma pronunciou um discurso muito crítico
sobre o tema na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova
York na semana passada. Ela afirmou que as ações de espionagem dos
Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional e “afrontam” os
princípios que regem a relação entre os países
Em função da delicada situação, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se na sexta-feira com o secretário de Estado americano, John Kerry, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em um encontro solicitado pelos EUA para aplacar a grave crise desencadeada pelo escândalo de espionagem.
Depois do escândalo, os chanceleres e ministros da Defesa do Brasil e Argentina também se reuniram em Buenos Aires e concordaram em enfrentar de maneira conjunta a questão da espionagem na região.
Do G1
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