Ciência propõe o uso de Mecânica Quântica para realizar processamento
computacional, com aplicações em segurança, big data, inteligência
artifical e analytics.
Segundo o jornal Washington Post,
a Agência Nacional de Segurança americana (NSA) está gastando cerca de
US$ 80 milhões em pesquisas básicas sobre computação quântica (quantum computing) com a finalidade de construir um computador capaz de quebrar senhas e criptografia.
Mas o dinheiro de pesquisa da NSA poderá, em último caso, ajudar a
viabilizar comercialmente a tecnologia e, quem sabe, torná-la acessível
em ambiente de cloud computing.
A informação sobre a pesquisa foi publicada pelo jornal depois de ter
sido vazada por Edward Snowden. Embora possa criar outra situação
desconfortável no estilo Big Brother para a NSA, a questão mais
importante é se o governo americano, como um todo, está gastando o
suficiente para pesquisar sobre computação quântica.
Os Estados Unidos não estão sozinhos nessa área. O governo do Reino
Unido recentemente anunciou planos de investir US$ 444 milhões para
criar cinco centros de computação quântica. O Canada Institute for
Quantum Computing tem mais de dez anos de idade. China, Rússia e vários
países da Europa estão todos investindo em pesquisas quânticas.
"É a corrida acadêmica do momento", diz Earl Joseph, um analista da
IDC, que lembra que as agências de defesa tem financiado esforços em
torno da computação quântica por pelo menos uma década. "O objetivo é
financiar pesquisa básica e fazer novas descobertas que podem ser úteis
para a defesa e a segurança nacional", diz Joseph.
Christopher Willard, chefe de pesquisa do Intersect360 Research, vê
os investimentos da NSA como um reconhecimento parcial de que a Lei de
Moore está realmente no fim e que não mais está entregando melhorias
regulares no ciclo de vida dos processadores.
Se a capacidade de montar sistemas de alto desempenho com tecnologias
comerciais atuais está diminuindo,"o mercado deveria, então entrar numa
nova fase de experimentação e inovação em arquitetura de computadores",
diz Willard. A computação quântica seria apenas um exemplo dessa
mudança.
O que é computação quântica
Ainda considerada uma ciência experimental, a Computação Quântica
estuda o uso da Mecânica Quântica para realização de processamento
computacional. Um computador normal usa linguagem binária na qual os
bits são descritos como sendo 0 ou 1. Um computador quântico usa
partículas subatômicas (qubits) que podem representar os estados 0 ou 1 ou ambos os estados simultaneamente.
Isso quer dizer que, ao invés de fazer um cálculo depois do outro, o
processamento pode aumentar exponencialmente. Dois qubits podem manter
quatro estados distintos e 10 qubits podem manter 1.024 estados.
Há diferentes modelos para construir computadores quânticos, mas
ninguém ainda concordou com um método único. É preciso um bocado de
pesquisa para desenvolver um sistema que possa utilizar, por exemplo, o
algoritmo de Shor (nome vem do pesquisador do MIT Peter Shor) que
ajudaria a quebrar códigos de criptografia.
É difícil estimar quanto os Estados Unidos gastaram até agora com
pesquisas ligadas à tecnologia quântica porque o dinheiro para os
investimentos vem de múltiplas agências e sua origem é censurada. Mas em
maio de 2013, a Google, NASA e a associação Universities Space Research
Association começaram uma pesquisa colaborativa e estão usando computadores quânticos desenvolvidos pela D-Wave Systems, a única fabricante mundial de tais computadores até agora.
Nuvens quânticas
O tipo de sistema que a D-Wave desenvolveu tem larga aplicação em
problemas de big data e analytics e em áreas como aprendizado de
máquina, diz Vern Brownell, CEO da D-Wave. Por exemplo, a Google estaria
interessada em usar técnicas de inteligência artificial para
desenvolver algoritmos melhores para busca de imagem. Isso também pode
ser usado para modelagem de dados financeiros, pesquisa sobre câncer e
solução de problemas lógicos difíceis, diz ele.
Segundo Brownell, a computação quântica deveria funcionar, em última
instância, como um tipo de coprocessador e não como um substituto direto
dos sistemas clássicos de computação. Na nossa "visão de futuro", diz
Brownell, "haverá recursos de computação quântica disponíveis na nuvem".
Será um tipo de campo de provas, disponível para qualquer tipo de
desenvolvedor que queira resolver um problema particularmente difícil,
como por exemplo aprendizado de máquinas.
Joseph, da IDC, também vê operações de computação quântica
funcionando em conjunto com computadores convencionais - com potencial
para ser um recurso poderoso de cloud computing. A computação quântica
pode rapidamente prover espectros e probabilidades, mas para reduzir
esses dados a uma resposta final é preciso usar também um sistema
clássico de computação.
A computação quântica não é um substituto para computação de alta performance ou exascale,
apesar de sua velocidade potencial, diz Steve Conway, analista da IDC.
Ele acredita que o maior uso industrial da computação quântica será
melhorar a segurança dos computadores. "Você não vai ver no futuro um
computador quântico processando textos", diz Conway.
Do IDG Now
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