Os
documentos revelados pelo ex-técnico da Agência de Segurança
norte-americana (NSA), Edward Snowden, mostram que nem os jogadores de
Angry Birds estão livres de espionagem.
A
agência usa aplicações e jogos para recolher informações sobre os
utilizadores, sem o conhecimento das próprias fabricantes das apps ou
dos smartphones. Mas como? O especialista da empresa de segurança
Kaspersky Lab, Vicente Diaz, explica.
"A
última versão do Angry Birds pede permissão para localização, estado do
telefone e SMS, entre outras coisas – tudo isto aparentemente para fins
publicitários, visto que a aplicação mostra anúncios enquanto se joga.
Mas isto pode fornecer a terceiros mais informação do que você quer
partilhar, como onde está neste momento em particular. Além disso, todas
mensagens e colegas dentro do jogo podem ser uma fonte de informação
similar às redes sociais", explica Vicente Diaz.
"Não
é tão assustador quando se fala de uma aplicação, mas isto é apenas um
exemplo. Imagine todas as diferentes permissões que dá a todas as
aplicações no seu aparelho móvel, e quanto o telemóvel diz sobre si, a
sua localização, as pessoas com quem fala, e o que lhes diz. O que vemos
aqui é como funcionalidades aparentemente inocentes podem ser usadas
para um propósito muito diferente quando reunidas com um objetivo
diferente em mente."
O
especialista refere que não foi surpreendido pelas revelações dos
documentos entregues por Snowden, tendo em conta que a informação
contida nestas aplicações tem sido muito valiosa para anunciantes e
programadores, pelo que "deve ser valiosa também para as agências de
inteligência."
Quem joga Angry Birds e não quer os seus dados expostos, pode fazer alguma coisa? "Neste momento, não há detalhes técnicos disponíveis, mas pelo que sei, o Angry Birds não fornece nenhuma opção para que o utilizador deixe de enviar dados que a Rovio mais tarde monetiza, neste caso legitimamente através de anúncios." A Rovio é a empresa que produz o jogo e afirmou não ter qualquer conhecimento das operações da NSA.
"Assim, o utilizador
não tem forma de jogar Angry Birds sem que o programa envie estes dados,
a não ser que jogue quando está desligado da internet. No entanto, não
devemos culpar o Angry Birds por monitorizar os utilizadores, e deixar
de jogar não vai evitar que os utilizadores sejam monitorizados",
sublinha Vicente Diaz. "Não sabemos quanta informação e quantas
aplicações estão a ser monitorizadas por serviços de Inteligência, mas
provavelmente muitos deles, por isso o problema de monitorização é
maior."
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