O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck
Hagel, anunciou planos para reduzir o tamanho do exército do país a um
nível não visto desde antes da Segunda Guerra Mundial.
Ao delinear seu plano de orçamento, o chefe do
Pentágono propôs o corte do número de pessoal ativo do Exército de 520
mil para algo entre 440 mil e 450 mil.
Segundo o mesmo plano, serão removidos da frota do país as aeronaves
as que operam desde os tempos de Guerra Fria, o que inclui o avião
espião U-2 e o caça a jato A-10.
O professor da Universidade de Defesa Nacional,
em Washington DC, Boris Saavedra afirma que "as mudanças continuarão nos
próximos quatro ou cinco anos".
"A tendência geral é a de reduzir o tamanho do Exército, já que não há recursos para sustentar essas grandes estruturas."
O plano anunciado por Hagel, no entanto, exige a aprovação do Congresso.
'Desafio fiscal'
Os militares dos EUA estão sob pressão para reduzir seu tamanho depois de duas guerras caras no exterior.
"Este é um orçamento que reconhece a magnitude dos nossos desafios fiscais", disse Hagel.
Ele acrescentou: "Há decisões difíceis pela frente. Essa é a realidade que estamos vivendo."
Como os EUA se preparam para acabar com
operações de combate no Afeganistão no final deste ano, já era esperada a
redução do efetivo do Exército para 490 mil.
Hagel disse que o governo também recomendará o
fechamento de algumas bases militares em solo americano, em 2017, embora
essa proposta tenha sido rejeitada pelo Congresso nos últimos anos.
O chefe do Pentágono também revelou planos para
mudanças nos salários e benefícios, tais como cortar subsídios de
habitação, limitar aumentos salariais e aumentar o desconto do seguro de
saúde.
'Poder inteligente'
Para Saavedra, a proposta anunciada por Hagel, além de questões de
orçamento, responde a uma realidade que prevalece no cenário geopolítico
atual.
Após a Segunda Guerra Mundial, especificamente a
partir do Tratado de Yalta, em fevereiro de 1945, que marcou o início
da Guerra Fria, houve uma grande expansão das Forças Armadas dos EUA.
"Isto terminou em 1989, com a queda do Muro de Berlim e o subsequente
colapso da União Soviética."
"As capacidades militares já não são definidas
pelos tamanhos dos efetivos. Lutar contra as principais ameaças que
existem hoje a nível global - terrorismo, crime organizado, tráfico de
drogas e terrorismo cibernético - não requer a implantação de grandes
aparatos militares", diz Saavedra.
Para o professor, a doutrina militar que definiu
EUA até a primeira Guerra do Golfo, "na década de 1990 do século
passado" (implantação maciça de tropas, golpe direto ao inimigo etc.) já
não faz muito sentido.
Hoje , explica ele, a tendência na maioria dos
países é a migração para a democracia e o respeito aos direitos
fundamentais, de modo que a resolução de conflitos pode se dar por meio
do "poder inteligente": dissuasão e gestão diplomática, como ocorreu
recentemente com a tensão gerada entre os EUA e Síria quanto ao uso
aparente de armas químicas por parte do governo de Bashar Al Assad.
Guerras políticas
"As guerras são vencidas não militarmente, mas
politicamente e recentes guerras no Iraque e no Afeganistão são prova
disso ", diz Saavedra.
No entanto, a redução dos gastos militares pode
muito bem gerar distúrbios no Congresso, que se prepara para as eleições
legislativas em novembro.
A reação à proposta foi rápida. Alguns membros
republicanos do Congresso alertaram que os cortes poderiam afetar a
capacidade de ação militar do país.
"O mundo não está se tornando um lugar mais
seguro. Não é a hora de começar a reduzir as nossas Forças Armadas",
disse o deputado republicano Michael Turner à Bloomberg.
Da BBC
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