Quando Edward Snowden e seu grupo de apoio começaram a abrir o
bico sobre a espionagem internacional americana, muitos políticos
brasileiros incautos e despreparados em relação aos temas de segurança,
defesa e de inteligência, ficaram atordoados e perplexos com as práticas
de espionagem dos Estados Unidos no mundo. Na verdade a grande
contribuição do espião americano Snowden, além de mostrar o óbvio da
espionagem internacional, foi escancarar com os problemas que a área de
inteligência no Brasil sofre, seja pelas falhas na estrutura de
contra-espionagem, nos pífios e cortantes orçamentos na Guerra
Cibernética, como também o engavetamento geral da Política Nacional de
Inteligência (PNI).
Mas a preocupação dos nobres deputados e políticos, não estava na
simples razão da ingerência americana em território nacional, mas sim
que níveis de informações os americanos têm do Brasil, além da
inteligência óbvia sobre defesa, segurança, recursos minerais, recursos
energéticos, contratos comerciais, projetos estratégicos de
infra-estrutura, movimentações militares, espiões estrangeiros em
território brasileiro, acordos bilaterais, e tudo o que é óbvio para um
serviço de inteligência. Os mesmos estavam mais afoitos com o saber
americano sobre corrupção, movimentações políticas, planos de poder,
projetos de poder de partidos, entre outras coisas que atrapalham o
desenvolvimento de um projeto de país.
O Brasil deveria aprender com o caso Snowden sobre inteligência, e
não em transformar um espião traidor em herói (isso ele não é). O Brasil
deveria potencializar de uma vez por todas a sua PNI, considerando
inclusive o crescimento do narcotráfico, do crime organizado
internacional em território brasileiro, a violência gratuita, o
contrabando de armas, a segurança de fronteiras, e também o momento
irregular e tenebroso que nossos vizinhos sul americanos vivem.
O caso Snowden me remete a um outro caso, ainda mais grave, que para
piorar gera no governo, nos políticos, no Senado Federal e na Câmara dos
Deputados, um silêncio ensurdecedor. O caso Romeu Tuma Junior e sua
grande defesa em livro, “Assassinato de Reputações – um crime de
Estado”, publicado em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, e
lançado pela editora Topbooks.
O livro é uma grande bomba, que graças ao silêncio ensurdecedor de
Brasília, diariamente conquista as primeiras posições de vendagens.
Romeu Tuma Junior e Claudio Tognolli conseguiram de forma fantástica,
apresentar verdades que está calando muita gente.
E o mais interessante, a grande experiência de Romeu Tuma Junior é
apresentada no livro com diversas dicas e apoio para o desenvolvimento
de uma atividade de inteligência séria para o Estado e para a defesa da
Nação, mas isso, muitas pessoas querem distância. Por quê será?
No decorrer das 557 páginas, Romeu Tuma Junior, traz casos
emblemáticos como do Barba, o informante de Romeu Tuma no DOPS, como
também o mistério da morte de Celso Daniel, que para muitos ainda é um
“defunto” que falará. Mas além das denúncias em forma de defesa, pois a
própria reputação de Romeu Tuma Junior foi assassinada, a obra traz
situações da segurança e inteligência internacional e demonstram como o
Brasil ainda é relapso sobre o tema. Quando analisamos com cuidado isso
tudo, percebemos o porquê somos tão vulneráveis, e confirmam o quanto a
violência cresce de forma exponencial no Brasil.
Tanto pela experiência, como também pelos depoimentos de Romeu Tuma
Junior, o mesmo deve ser ouvido pelas instâncias superiores de Brasília,
pois sua contribuição, além de corrigir desvios do passado, ajudariam
em um novo posicionamento nas áreas de inteligência e segurança pública,
inclusive na visão de unificação das forças de segurança, além das
Forças Armadas.
Na época do caso Snowden, os deputados brasileiros queriam chamar o
mesmo para depor, ou irem até a Rússia (um pulo ali) para entrevistá-lo,
e outras cositas mas. Mas perceberam que não ia dar em nada, e que a
lógica da espionagem internacional é assim mesmo. O problema é o que nós
brasileiros não fazemos. Mas engraçado, o mesmo esforço para Snowden
não é feito no caso Tuma Junior. “Mas aí Fábio, o problema não é que não fazemos, é o que fizemos”!!!
Inteligência e silêncio combinam. Mas dá forma que estamos indo, na
verdade o silêncio acoberta a falta de inteligência, em todos os
sentidos.
Para complementar o processo de inteligência, o governo e o Exército
Brasileiro estão criando a Escola de Defesa Cibernética. Uma excelente
iniciativa, mas que gera uma dúvida, seus cursos serão à distância. Na
boa, um prato cheio para a espionagem internacional. E é óbvio, antes
que Snowden fale, os Estados Unidos espionarão sim!
Esperamos ansiosos o próximo livro de Romeu Tuma Junior e Claudio
Tognolli, e recomendo ainda, que a obra daria um excelente filme. Pois
tem tudo para ser um sucesso de bilheteria, tem espionagem, políticos
malucos, assassinatos, terror, palhaços, sexo, andorinhas e até um
personagem louco por seu projeto de poder.
Da Exame Por Fábio Pereira Ribeiro
0 Comentários