No auge do escândalo provocado pelas revelações do analista
informático Edward Snowden, a Agência de Segurança Nacional abriu esta
semana as portas a uma nova liderança. Sai o general Keith Alexander, o
homem que mais tempo esteve à frente da maior agência de espionagem do
mundo, e entra o vice-almirante Michael S. Rogers, que defende o reforço
do exército de especialistas norte-americanos em ciberguerra defensiva e
ofensiva.
Em termos formais, a nomeação
de Michael S. Rogers para o cargo de director da Agência de Segurança
Nacional (NSA, na sigla original) é tudo menos uma surpresa.
O
actual director – o general Keith Alexander – já batera todos os
recordes na liderança da NSA (foi nomeado há quase nove anos e já tinha
anunciado que iria sair em Março deste ano);
a propensão para a rotatividade no topo da agência apontava para a
nomeação de um oficial da Marinha, depois dos generais Michael Hayden
(Força Aérea) e Keith Alexander (Exército); e Michael S. Rogers era
visto como um autêntico "currículo em pessoa", um mestre em criptologia
com quase 30 anos de experiência em espionagem.
Mas a sua nomeação
envia também um sinal claro ao mundo, no auge do escândalo das
revelações do analista informático Edward Snowden – aos 53 anos de
idade, Rogers é o responsável pela unidade de ciberataques da Marinha,
defende que o mundo digital deve ser entendido como mais um campo de
batalha – equivalente ao ar, ao mar e à terra –, e quer reforçar o mais
possível o braço armado dos EUA na ciberguerra.
É uma visão
partilhada pelo general Keith Alexander e, por isso, não são esperadas
mudanças nesta área de acção, concentrada no Ciber Comando dos EUA, cuja
liderança é atribuída, por inerência, ao director da NSA.
Não são
conhecidas declarações públicas do futuro director da mais poderosa
agência de serviços secretos do mundo sobre os programas de espionagem
em larga escala revelados por Edward Snowden,
que são geridos pela NSA e não passam pelo Ciber Comando dos EUA. Como a
nomeação para a direcção da agência não está sujeita a confirmação pelo
Senado, os legisladores só terão oportunidade de conhecer a posição de
Michael S. Rogers sobre a recolha de informação em larga escala das
comunicações de milhões de cidadãos em todo o mundo quando o responsável
for ouvido na Comissão de Serviços Armados, no âmbito da sua nomeação
para a liderança do Ciber Comando dos EUA, que terá de ser confirmada
pelo Senado.
Para além de ter decidido continuar a concentrar a
chefia da NSA e do Ciber Comando dos EUA numa só pessoa, o Presidente
norte-americano, Barack Obama, rejeitou também uma proposta no sentido
de pôr à frente da agência um civil, feita por um painel de peritos
nomeado para sugerir alterações aos programas de vigilância. Tal como
está definido na lei, o número dois da NSA continua a ser um civil,
neste caso Richard Ledgett, o homem responsável pela investigação sobre a
fuga de informação protagonizada por Edward Snowden e que chegou a
admitir a ideia de o analista informático ser amnistiado,
numa entrevista ao programa 60 Minutes, em Dezembro – uma proposta
imediatamente rejeitada pelo Departamento de Estado e criticada pelo
ainda director da NSA, Keith Alexander.
Do Publico
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