A Rússia
testou um novo míssil de médio alcance disparado por terra ignorando um
acordo de controle de armas intercontinentais, afirmam os Estados
Unidos. A informação é da edição desta quinta-feira do New York Times
(NYT). Segundo o jornal, Washington informou neste mês aos seus aliados
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que a Rússia vem
realizando testes desta arma desde 2008.
Em 1987, Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, respectivamente o
presidente dos EUA e o chefe máximo da então União Soviética (URSS),
assinaram um tratado que previa o banimento de testes de mísseis de
médio alcance (até 5.400 quilômetros). Mesmo com o fim da URSS, em 1991,
o acordo foi mantido por Rússia e EUA. "Os Estados Unidos nunca
hesitaram em questionar o cumprimento do tratado com a Rússia, e essa
questão não é uma exceção", disse Jen Psaki, porta-voz do Departamento
de Estado, conforme relatado pelo NYT. "Há um processo de revisão em
curso, e nós não gostaríamos de especular o resultado", completou a
porta-voz.
O jornal também citou outras autoridades americanas não identificadas
afirmando que, sem dúvida alguma, os testes violam o tratado. Membros
do Congresso familiarizados com o assunto informaram o NYT que os testes
já vêm acontecendo há mais de um ano e pressionam a Casa Branca por uma
postura mais firme com Moscou.
A disputa pública sobre os testes pode tornar-se mais um empecilho para a relação já conturbada entre Washington e Moscou. Nos últimos meses, a relação foi desgastada por diferenças sobre como acabar com o conflito na Síria, o asilo temporário concedido a Edward Snowden pela Rússia, ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), e, mais recentemente, a turbulência na Ucrânia.
A disputa pública sobre os testes pode tornar-se mais um empecilho para a relação já conturbada entre Washington e Moscou. Nos últimos meses, a relação foi desgastada por diferenças sobre como acabar com o conflito na Síria, o asilo temporário concedido a Edward Snowden pela Rússia, ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), e, mais recentemente, a turbulência na Ucrânia.
De Veja
Os EUA informaram seus aliados da Otan que a Rússia realizou testes
com um novo míssil de cruzeiro terra-terra, reforçando as preocupações
de que Moscou possa ter desrespeitado um importante tratado sobre
controle de armamentos.
Segundo as autoridades americanas, a Rússia começou a realizar esses
testes em 2008. Os exercícios estão proibidos pelo tratado que baniu os
mísseis de médio alcance, assinado em 1987, pelo presidente Ronald
Reagan e o então líder soviético Michail Gorbachev. O Tratado de Forças
Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) sempre foi
visto como um dos acordos básicos que levaram ao fim da Guerra Fria.
Desde maio, Rose Gottemoeller, principal encarregada do controle de
armamentos do Departamento de Estado, tem repetidamente abordado a
questão com autoridades russas, que respondem que investigaram o assunto
e encerraram o caso. Mas funcionários do governo Barack Obama ainda não
estão dispostos a declarar oficialmente que os testes são uma violação
do tratado de 1987.
Com a promessa do presidente de cortes maiores no arsenal nuclear, o
Departamento de Estado tenta resolver a situação, preservando o tratado e
mantendo a porta aberta para futuros acordos sobre armas. "Os EUA
jamais hesitam em expressar suas preocupações com relação ao cumprimento
do tratado junto à Rússia e este caso não é exceção", afirmou Jen
Psaki, porta-voz do Departamento. "Mas há um processo de revisão em
curso e não queremos especular ou prejulgar o resultado".
Para outros funcionários, que se expressaram anonimamente, não há
dúvida de que o teste com o míssil é contra o tratado e o governo já
demonstrou muita paciência com os russos. Alguns membros do Congresso
ouvidos sigilosamente há mais de um ano vêm pressionando a Casa Branca
por uma resposta mais dura.
Uma disputa pública envolvendo os testes pode se tornar um novo e
importante elemento de atrito para a já difícil relação entre EUA e
Rússia. Nos últimos meses, essa relação foi abalada por divergências
como o fim do conflito na Síria; o asilo temporário de Moscou a Edward
Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) e, mais
recentemente, os tumultos na Ucrânia.
O tratado que proíbe testes, produção e posse de mísseis de médio
alcance sempre foi considerado um importante passo para coibir a corrida
armamentista americana e russa. Mas depois de o presidente Vladimir
Putin chegar ao poder e o Exército russo começar a reavaliar sua
estratégia, o Kremlin mudou de opinião quanto ao tratado. Durante o
governo do presidente George W. Bush o ministro russo da Defesa, Sergei
Ivanov, propôs que as duas partes abandonassem o tratado. Embora a
Guerra Fria tivesse acabado, disse ele, a Rússia ainda sofria ameaças de
nações da sua periferia.
Desde que Obama assumiu o governo, os russos insistem que desejam
manter o acordo. Mas na visão de analistas americanos, a Rússia também
está determinada a aumentar suas capacidades nucleares para compensar
sua fragilidade no campo das armas convencionais.
Em 17 de janeiro Rose Gottemoeller discutiu a questão do teste numa
reunião a portas fechadas da Comissão de Não Proliferação, Desarmamento e
Controle de Armas da Otan, em Bruxelas. O governo Obama, disse ela, não
abandonou a via diplomática. Mas estabelecer o que os russos estão
fazendo não é fácil. A complexa estrutura de requisitos de verificação
criada no tratado sobre mísseis de médio alcance não está mais em vigor,
uma vez que todos os mísseis abrangido pelo acordo já teriam sido
destruídos em maio de 1991. /NYT
Do Estadão
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