
Quanto aos satélites, boa parte do custo vai em pesquisar e produzir
equipamentos que durem vários anos no espaço. Se for por alguns dias
qualquer placa-mãe de celular Android vagaba resolve. Em termos de
processamento bruto, se você estiver lendo isto em um Lumia 930 tem em
suas mãos mais processamento do que o Hubble. Se for um Lumia 1020, a
câmera é melhor também (ok nem tanto).
Idealmente teríamos satélites mais baratos com uma vida útil menor,
lançados a baixo custo, mas o preço dos lançamentos é impeditivo. Mesmo o
Pegasus, da Orbital ATK ainda é muito caro, a mais de US$ 10 milhões por lançamento. Mesmo assim estão no caminho certo.
Vencer as camadas mais baixas da atmosfera é o grande problema para
os foguetes, a maior parte do combustível é gasta nisso. Resistência do
ar é uma biatch, como se diz. O Pegasus foge disso sendo
lançado de um avião, a 40 mil pés, onde a atmosfera é bem mais
rarefeita. Com isso um foguete de 23 toneladas consegue colocar em
órbita um satélite de 443 kg. O foguete Longa Marcha 1, chinês, com
capacidade semelhante pesa 83 toneladas.
Eis que entra a DARPA, a agência de pesquisas avançadas do Pentágono.
Eles estão de olho em uma tecnologia bem mais interessante.
Em vez de um caro Pegasus e um Lockheed TriStar dedicado, usariam
caças, um foguete bem menor e reduziriam o custo a US$ 1 milhão por
lançamento. Parece muito, mas o Phoenix, míssil de longo alcance usado
somente pelos F14 custava US$ 500 mil a unidade, e isso nos Anos 70/80.
O sistema projetado pela DARPA entrou na Fase 2, com a Boeing como
principal desenvolvedora. Planejam lançar em 2016 os primeiros
satélites, com massa na faixa dos 45 kg. Parece pouco, né? A Sandy
inteira tem 40 kg. Isso em termos de capacidade de processamento (do satélite, não da Sandy) é imenso, e pode ser usado para finalidades especializadas. Um satélite só para monitorar celulares, outro com uma pucta câmera infravermelha para detectar lançamentos, outro com um radar de microondas para monitorar nuvens, e por aí vai.
Veja o vídeo conceitual:

Mais ainda, barateando e multiplicando satélites acaba-se com a
possibilidade de guerra espacial, com armas anti-satélites derrubando os
pássaros inimigos.
Essa abordagem aliás seria excelente para o Brasil. Avibrás, Mectron e
outras empresas possuem know-how na produção de mísseis, sabemos fazer
satélites pequenos. Um mini-programa espacial nesses moldes estaria
dentro da nossa capacidade tecnológica e financeira.
Pena que o deputado Fábio Garcia já deixou claro que ciência e tecnologia não servem pra nada, então deixe os gringos com essas besteiras, não vão chegar a lugar algum com isso, no máximo na Lua.
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