Depois de um ano de polêmica, a França cancelou definitivamente a venda para a Rússia de dois enormes navios de guerra do tipo Mistral – decisão motivada pelas sanções impostas pela Europa em função da invasão da Crimeia. A França precisa agora encontrar compradores para estes dois elefantes brancos novinhos em folha e que estão prontos para operar. O Brasil está sendo apontado entre os possíveis interessados.
Não há informações oficiais, mas tanto a Agência de notícias AFP
quanto o jornal Aujourd’Hui en France mencionam o Brasil, ao lado de Cingapura, Índia, Arábia Saudita, Egito e Canadá, (este último poderia ser o candidato mais adequado ja que as embarcações foram projetas para aguas frias), como os países que já teriam emitido
sinais a Paris de que estariam interessados nas duas embarcações.
Batizadas de Sevastopol e Vladivostok, em homenagem ao antigo comprador,
elas seguem ancoradas no porto de Saint-Nazaire, no noroeste da França,
onde geraram milhares de empregos em sua construção ao longo dos
últimos quatro anos.
“Muitos países demonstraram interesse nos barcos”, disse o ministro
francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, à rádio RTL. Ele também se
defendeu das críticas da oposição ao governo François Hollande, que
consideram um erro abandonar o negócio com os russos. “Não teremos
nenhuma dificuldade em encontrar novos compradores”, disse Le Drian.
A lista de países interessados, que inclui o Brasil, por enquanto não
passa de especulação, segundo o ministro. “O futuro comprador é quem
vai divulgar o seu interesse assim que as negociações começarem para
valer. Ainda é muito cedo para comentar”, disse Le Drian.
Polêmica interna
O prejuízo com o cancelamento da venda
dos dois navios à Rússia é estimado pelo jornal Le Figaro em € 1 bilhão
para os cofres públicos franceses. Por isso, a decisão foi muito
criticada pela oposição ao governo, que vê um problema não apenas
financeiro. Eles alegam que os contratos foram assinados pelo
ex-presidente Nicolas Sarkozy muito antes da crise entre Russia a
Ucrânia e, portanto, não deveriam ser afetados pelas sanções e pela
indisposição política da França com Vladimir Putin.
o lado do governo, pesou o simbolismo. Entregar os dois navios de
guerra aos russos apenas um ano depois de considerar ilegais os ataques à
Ucrânia seria uma incoerência que pesaria sobre os franceses diante de seus pares europeus. Apesar do prejuízo econômico, a política falou mais alto.
O Mistral é um colosso de 5.200 metros quadrados, com capacidade
para 450 homens, 16 helicópteros e 60 blindados, ainda dotado de um
hospital – uma sofisticação bélica tão grande que fica difícil acreditar
que o Brasil pudesse estar realmente interessado, especialmente em um
momento de retração econômica como o que o país atravessa.
0 Comentários