A Liga Árabe pediu hoje (18) a criação urgente de uma estratégia
árabe para ajudar militarmente o governo da Líbia na luta contra o
Estado Islâmico (EI), mas sem anunciar o início de bombardeios aéreos. A
organização pan-árabe, com sede no Cairo, publicou este apelo ao final
de uma reunião extraordinária para debater um pedido do governo líbio
reconhecido pela comunidade internacional "de adoção de medidas para
combater o avanço do EI" na Líbia.
Este governo pediu também aos
"países árabes irmãos" para "lançarem bombardeios aéreos seletivos
contra posições do EI em Syrte [na Líbia]", por ser "incapaz de lutar
contra o grupo devido ao embargo de armas imposto ao exército" pela ONU
desde 2011.
"A segurança nacional líbia é a segurança nacional
árabe. A Líbia está sofrendo, sacrificando-se e esperando ajuda dos
países árabes", declarou o chefe da diplomacia líbia, Mohammed al-Dairy,
no início da reunião no Cairo.
"A Liga Árabe afirma que dada a
dificuldade da situação há necessidade urgente de criar rapidamente uma
estratégia árabe que inclua uma assistência militar à Líbia", indicou a
organização em comunicado.
O Egito e os Emirados Árabes Unidos
realizaram nos dois últimos anos um número limitado de bombardeios
aéreos na Líbia contra posições do EI e outras milícias islamitas. Na
terça-feira (11) passada, foram registrados violentos combates em Syrte,
quando os residentes pegaram nas armas para tentar expulsar o EI da
localidade. Syrte fica a 450 quilômetros a leste de Tripoli e foi
controlada pelo grupo sunita em junho.
Crise na Líbia
A
Líbia é cenário de uma guerra civil desde que, em outubro de 2011, a
Organização do Tratado do Atlântico Norte apoiou com bombardeios aéreos
dos rebeldes e contribuiu para derrubar o regime de Muammar Kadhafi.
Atualmente,
existem dois governos na Líbia, um rebelde fixado em Tripoli e outro
reconhecimento internacionalmente com sede em Tobruk, que lutam pelo
controle político e dos recursos naturais, especialmente do petróleo.
O
Egito trava uma batalha diplomática em duas frentes, junto da
Organização das Nações Unidas (ONU) em defesa de uma intervenção militar
internacional na Líbia, e na Liga Árabe pela formação, anunciada em
março, de uma força árabe para combater os grupos jihadistas na região e
na Líbia.
Os chefes dos Estados-Maiores dos países da Liga Árabe
realizaram, até ao momento, duas reuniões sobre este tema. Uma terceira
deverá acontecer no dia 27 deste mês, no Cairo.
O
secretário-geral da Liga Árabe condenou o "bombardeio indiscriminado"
realizado pelo exército sírio no domingo (16) contra a localidade de
Duma, perto de Damasco, que causou centenas de mortos. De acordo com um
comunicado, Nabil al Arabi pediu "o fim imediato" dos bombardeios contra
os civis na Síria e considerou que o país vive "a maior crise
humanitária do mundo".
O diplomata árabe expressou o seu apoio
aos esforços do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de
Mistura, para encontrar uma solução política para a crise.
O
Ministério das Relações Exteriores egípcio também manifestou "a grande
preocupação do Cairo pelo aumento das operações militares na Síria nos
últimos dias" e lamentou a existência de vítimas civis do conflito.
Na
segunda-feira, Staffan de Mistura condenou o bombardeamento do exército
sírio em Duma, declarando "ser inaceitável, em qualquer circunstância,
que um governo ataque mercados cheios de gente e mate quase uma centena
dos seus próprios cidadãos". O regime de Damasco acusou hoje o enviado
de ONU de "falta de imparcialidade no exercício das suas funções".
Pelo
menos 96 pessoas morreram e 240 ficaram feridas, de acordo com
ativistas sírios, no bombardeio pelo exército de um mercado em Duma.
O
alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos elevou para 111 o
número de mortos em Duma e sublinhou que os ataques premeditados contra
civis e o uso indiscriminado de armas em áreas densamente povoadas são
crimes de guerra.
Do EBC
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