A aviação de ataque do Afeganistão começa a usar os A-29 Super
Tucano, da Embraer, provavelmente na próxima semana - cerca de um mês
antes do previsto, nas missões de destruição de posições dos extremistas
do Taleban e da Al-Qaeda abrigados sob a cadeia de montanhas que ocupa a
maior parte do país.
Os primeiros quatro A-29 chegaram à capital,
Cabul, no dia 15 de janeiro. Foram recebidos pelo ministro da Defesa,
Mohamed Masoon, e incorporados à Força Aérea afegã, planejada para ter
150 aeronaves, que está sendo formada com recursos americanos.
A
presença dos Super Tucano na guerra de 13 anos, que estaria agregando ao
conflito os radicais do Estado Islâmico, é o resultado de uma complexa
manobra diplomática. O governo dos EUA comprou o lote de 20 unidades -
da Embraer Defesa e Segurança e de sua parceira local, a Sierra Nevada
-, há três anos. O Pentágono é o contratante e está pagando US$ 428
milhões pelo pacote que abrange peças de reposição, treinamento técnico e
componentes.
Até novembro, a aviação afegã terá mais um
esquadrão, somando oito Super Tucanos. No primeiro semestre de 2017,
outros quatro vão entrar em ação. A frota será completada ao longo de
2018. O plano não termina aí. O Pentágono quer negociar uma segunda
encomenda de 20 a 30 aviões, elevando o compromisso ao patamar de US$
850 milhões - a preço de hoje e sem alterações na configuração.
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Os aviões entregues em janeiro vão à luta com
avançados sistemas de armas da classe JDAMS, para cumprir missões de
bombardeio de precisão, segundo o coronel Mike Lawhorn, porta voz do
programa Apoio Decisivo, de cooperação entre a Organização do Tratado do
Atlântico Norte e o Afeganistão.
Cada kit conta com um
dispositivo de direção laser e mais os sensores para lançamento das
novas SDB (Small Diameter Bombs), bombas inteligentes, guiadas, mais
leves sem perda do poder de destruição, com alcance na faixa de 50 km e
sobretudo com maior precisão em relação ao alvo definido.
O
contrato comercial segue as regras da política industrial de Defesa dos
EUA e prevê a associação do grupo brasileiro com uma empresa americana.
Fixa também que a produção final das aeronaves deve ser feita em
território americano.
Para atender a essa exigência, a Embraer
mantém uma fábrica em Jacksonville, a maior cidade da Flórida, com 800
mil habitantes. Um pequeno time de brasileiros trabalha no local. A
capacidade e o número total de funcionários são informações mantidas sob
sigilo de segurança.
A estrutura básica das aeronaves, como
fuselagem e asas, é feita no Brasil, nas linhas da Embraer Defesa em
Botucatu e Gavião Peixoto - a cadeia de fornecedores do programa envolve
135 companhias nacionais.
As grandes partes são enviadas para a
Flórida, onde é executada a integração final. Concluído o processo, cada
um dos A-29 é testado e depois transferido à Sierra Nevada, responsável
pela entrega à Força Aérea dos EUA. Os turboélices são admitidos no
centro da USAF em Moody, no estado da Geórgia.
"A entrega dos
primeiros quatro A-29 demonstra a nossa capacidade de cumprir os termos
do contrato", destaca Jackson Schneider, presidente da Embraer Defesa.
Para o executivo, "temos o melhor produto do mercado para apoio tático
leve, condição demonstrada pelo fato de ter sido selecionado por 13
países clientes".
Guerreiros
Os primeiros oito pilotos
afegãos qualificados em Moody levaram os turboélice para Cabul voando em
dupla com alguns dos instrutores americanos do 81º Esquadrão de Caça e
vão entrar em combate nos próximos dias, de acordo com o ministro da
Defesa, Mohamed Masoom. Até 2018, ao menos 30 aviadores e 150 mecânicos
terão passado pelos cursos nos EUA. O ministro declarou que a primeira
turma será envolvida nos próximos dias em ações de ataque nas províncias
de Nangarhar, no leste, e Helmand, no sul.
É uma tarefa
complicada. Os rebeldes constroem refúgios subterrâneos sob grossas
camadas de rocha de até 10 metros nas encostas das montanhas escarpadas e
com picos muito altos, na cota de 5 mil metros. O acesso é difícil. A
tarefa dos Super Tucanos será a lançar as cargas explosivas nos pontos
de acesso a essas cavernas blindadas, quase sempre localizadas em
terreno acidentado.
Na opinião de um ex-líder de grupo aéreo da
aviação da Colômbia, - força que emprega largamente o A-29 em ações
semelhantes sobre a guerrilha das Farc - "a aeronave aumenta a
eficiência das bombas inteligentes, reduzindo o índice de erro ao
patamar de poucos metros".
Do Paraná Online com informações do jornal O Estado de S.
Paulo.
1 Comentários
"...O contrato comercial segue as regras da política industrial de Defesa dos EUA e prevê a associação do grupo brasileiro com uma empresa americana. Fixa também que a produção final das aeronaves deve ser feita em território americano.Para atender a essa exigência, a Embraer mantém uma fábrica em Jacksonville, a maior cidade da Flórida, com 800 mil habitantes. Um pequeno time de brasileiros trabalha no local. A capacidade e o número total de funcionários são informações mantidas sob sigilo de segurança..."...
Nos tratam como províncias sob seu domínio político... Lamentável... !