Poderia ser uma brincadeira, mas não é. Algumas semanas atrás, o
PSTU publicou um artigo na página do partido fazendo uma análise sobre o
filme "Capitão América: Guerra Civil". E tanto não é brincadeira que os
diretores do filme leram o texto e têm até opinião sobre ele.
A
análise do PSTU sobre os conflitos do novo longa do Capitão América,
que estreia no próximo dia 28, é "bastante precisa", disseram em
entrevista ao UOL Joe e Anthony Russo, que também estão
acompanhando a crise política do Brasil e usaram muito do que viram
sobre o país pela CNN como inspiração para a história que coloca o
personagem título e o Homem de Ferro em conflito.
O autor do texto publicado pelo PSTU, Fred Bruno, diz que Capitão
América e Homem de Ferro representam, sob prismas diferentes, "saídas
burguesas" [para os problemas mundiais] e que "a coisa coerente a se
dizer ante essa polarização é que ela não nos representa, e que as
empresas de Tony Stark deveriam ser estatizadas sob o controle de seus
trabalhadores e que o Capitão deveria ser preso pelas centenas de mortes
causadas pelas ocupações norte-americanas que ele apoiou e participou,
direta ou indiretamente. Fora todos eles".
"Amamos a ideia de que este tipo de filme funcionem como parábolas para
a nossa existência", diz Anthony Russo. "Sabemos que há muita ansiedade
pela situação atual do mundo, seja em termos de política, violência ou
guerra, e sempre queremos canalizar esse tipo de debate para a história.
E embora nosso mundo seja totalmente ficcional, estes temas são os
temas que estamos debatendo no filme", completa o codiretor, que esteve
no Brasil em dezembro passado e pode ter uma ideia do que se passa no
país atualmente.
E enquanto muita gente por aqui não levou a
sério o artigo do PSTU, Joe Russo, o outro diretor acredita que ele está
alinhando com a discussão que o filme levanta. "O espírito por trás do
artigo é muito preciso, é bom ressaltar, e está totalmente alinhado com a
discussão que o filme traz: Quanto poder é poder demais? Quais as
responsabilidades que os poderosos têm? Quem deveria controlar o poder?
Certamente questiona as controvérsias que têm permeado o debate
eleitoral deste ano aqui neste país [EUA], que têm revelado pessoas
violentas em ambos os lados, com pontos de vista extremos. Então, o
filme reflete nossas ansiedades e fizemos questão de politizar o filme
de forma a torná-lo mais atrativo ao público."
Anthony continua: "Eu acho que eles [o PSTU] descreveram o conflito dos
personagens muito bem. Se fôssemos descrever com nossas palavras qual é o
conflito central do filme seria: Os Vingadores e o Homem de Ferro têm o
direito de ter tamanho poder sem se sujeitar a um governo e ao povo que
o elege? E a questão feita ao Capitão América no filme é: As pessoas
têm a liberdade individual para fazer o que querem sem que o governo
interfira? Este é o conflito trágico deste filme."
Questionados sobre qual lado da batalha cada um escolheria, os irmãos
Russo disseram que não podem escolher um lado porque obviamente seu
trabalho desde o começo não era esse. "Nosso trabalho é fazer com que
ambos os lados sejam ouvidos e que ambos os argumentos sejam
considerado."
Sobre como a crise política brasileira os inspirou
para o filme, os Russo dizem que "têm acompanhado o conflito desde que
começaram as filmagens".
"Ele [Anthony] foi ao Brasil e temos
mantido muitas anotações nos sets de filmagem, porque o que está
acontecendo lá é muito semelhante com o que está acontecendo aqui [em
termos de política]. Lemos muita notícia. Vemos vídeos da CNN e do
Huffington Post sobre o assunto. É interessante porque mostra que o
mundo está se radicalizando dos dois lados."
Do UOL
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