Sob pressão desde que assumiu o governo, o
presidente Michel Temer usou a "tática do orçamento" para manter uma
relação tranquila com os militares. Ao contrário do que fez Dilma
Rousseff (PT), que cortou gastos na área, Temer aumentou os
investimentos militares em 36%, se comparado ao ano anterior.
Se em 2015 foi prevista pelo Ministério da
Fazenda a liberação de R$ 6,73 bilhões para o setor, no fim de 2016 este
valor já chegava a R$ 9,15 bilhões, um total de R$ 1,85 bilhão a mais
do que estava previsto no Orçamento.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, para este ano, o cifra é
ainda maior: R$ 9,7 bilhões, embora o ministro da Defesa, Raul Jungmann,
afirme que o número deverá sofrer algum corte. "O contingenciamento
poderá ocorrer, está sendo discutido", diz.
Cabe a ele comandar a pasta com o segundo maior investimento por
parte do governo, à frente até mesmo da Educação, que recebeu apenas R$
5,7 bilhões em 2016.
O cenário fez muita gente lembrar das últimas manifestações Brasil
afora, em que alguns grupos foram vistos pedindo a volta da ditadura
militar. No entanto, o governo faz questão de rechaçar qualquer tipo de
ação nesse sentido.
Para onde segue este dinheiro? Cada Força tem suas prioridades. A
Marinha investe no programa de submarinos convencionais e nuclear, a
Aeronáutica foca nos caças suecos Gripen e na fabricação do cargueiro e
avião-tanque KC-390, da Embraer, enquanto o Exército investe no programa
de proteção de fronteiras e na troca da sua frota de blindados pelo
modelo Guarani.
Apesar do aumento nos investimentos, Raul Jungmann defende que os
valores destinados à Defesa estão muito abaixo do aconselhável e do
necessário. "Houve uma recomposição, na qual trabalhamos, mas ainda
falta muito para voltarmos ao pico do começo da década de 2010", afirmou
o ministro.
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