Diversos países da América do Sul estão avaliando a possibilidade de
comprar caças, veículos de desminagem e helicópteros multipropósito
russos.
A informação foi divulgada pelo vice-presidente executivo da
Rosoboronexport (estatal russa responsável pelas vendas de equipamento
militar ao exterior), Serguêi Ladiguin, que comanda a delegação da
corporação na feira de defesa e segurança LAAD-2017, no Brasil.
“Argentina,
Colômbia, Peru, Venezuela e Uruguai estão entre os países que avaliam a
compra de aviões de combate russos”, disse o vice-presidente da
Rosoboronexport. “Em grande medida, o interesse aumentou após a operação
da força aérea russa na Síria.”
Ainda segundo Ladiguin, a
indústria russa de helicópteros também vem se desenvolvendo de forma
intensa. Entre os modelos novos da empresa, o empresário destaca os
Mi-38, os Ansat e os Mi-171A2. “Solicitações de encomenda do helicóptero
Ansat foram recentemente recebidas do Chile e do Paraguai”,
acrescentou.
A LAAD, exposição militar mais importante da
América Latina, foi aberta na terça-feira (4) no Rio de Janeiro e será
encerrada nesta sexta.
Perspectivas de cooperação
Entre
2005 e 2010, a cooperação técnico-militar entre a Rússia e a América
Latina ganhou fôlego após décadas de congelamento. A conjuntura
econômica internacional, a necessidade crescente na modernização e na
renovação da tecnologia militar e os novos desafiam à segurança, como a
luta contra o narcotráfico, estimularam esse movimento.
Durante
essa época, a Venezuela, por exemplo, adquiriu caças Su-30MK2 e
helicópteros militares Mi-35, e o Peru (segundo cliente mais importante
para a Rússia no setor militar) comprou 30 helicópteros multipropósito
Mi-17 e vários modelos de combate Mi-35.
Atualmente, o Brasil
também utiliza os helicópteros russos – entre eles, o Mi-35, usado para
vigiar as zonas fronteiriças e detectar aviões de narcotraficantes, e
helicópteros civis Mi-171A e Ka-32A11BC, que realizam trabalhos para a
Petrobras.
Mi-35M é peça fundamental do patrulhamento de fronteiras brasileiras (Foto: Joao Paulo Moralez/Russian Helicopters)
No entanto, desde 2013, o volume de exportações de equipamento russo à
região estão em declínio. Um dos motivos, segundo especialistas, seria a
mudança de governo em vários países locais, que hoje priorizam os
contatos com parceiros dos EUA e da UE.
“Atualmente, a grande
maioria dos governos na região são de centro-direita e, historicamente,
tendem a colaborar mais com os Estados Unidos e países da Europa. É
claro que também vão desenvolver suas relações nesse sentido”, explicou à
Gazeta Russa o especialista militar independente Iúri Grómov.
“Mas
há outro fator que prejudica a Rússia: novos governos geralmente
anunciam a intenção de realizar uma investigação sobre o fornecimento de
armas russas que ocorreu durante o governo anterior. Isso acontece, por
exemplo, no Peru”, acrescentou.
Outro fator que retarda a
entrega de armas russas para a América Latina é a tendência de
desenvolver a indústria militar local. Em geral, quando um país fecha um
contrato para a compra de armas, também estabelece como condição o
recebimento da tecnologia.
Essa situação explica, em partes, o motivo pelo qual a entrega de sistema de defesa aérea Pantsir-S1 para o Brasil não vingou.
“No
entanto, se a Rússia for capaz de encontrar um equilíbrio de interesses
e desempenhar o papel de doador de tecnologia exclusiva para a América
Latina, isso vai fortalecer suas posições na região”, sugere o
especialista do Centro de Estudos da Sociedade em crise, Aleksêi
Krivopálov.
De satélites a submarinos
Durante
o evento no Rio de Janeiro, a Rosoboronexport está apresentando 180
armas e equipamento militar, incluindo os aviões de treinamento Yak-130,
os caças Su-35 e os helicópteros de ataque Mi-28HE e Ka-52, entre
outros.
Além disso, nos salões da Roscosmos (agência espacial
russa), da NPO TI e da RSC Enérguia, são exibidos os últimos avanços em
satélites, foguetes e estações espaciais.
Submarino da classe Amur-1650 é um dos destaques russos em feira no Brasil (Foto: CKB Rubin)
Já a empresa United
Shipbuilding Corporation (USC, na sigla em inglês), a principal empresa
nacional de construção navios e submarinos de guerra, está apresentando
no Rio de Janeiro as maquetes do submarino da classe Amur 1650, dotado
de um sistema de propulsão independente do ar, e do submarino
diesel-elétrico Amur-950, da Rubin.
Paralelamente, a United Aircraft Corporation (UAC, na sigla em inglês),
exibe sete modelos de aeronaves, entre eles o caça MiG-29.
Da Gazeta Russa
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