O avião
bimotor interceptado pela Força Aérea Brasileira (FAB) no domingo (25)
com 500 quilos de cocaína decolou da fazenda Itamarati Norte, localizada
no município de Campo Novo de Parecis (MT), informou, por meio de nota,
o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. A propriedade rural é
arrendada pela empresa Amaggi, de propriedade da família do ministro da
Agricultura, Blairo Maggi.
Ao G1, a assessoria do titular da Agricultura afirmou que a pasta está elaborando uma nota para esclarecer o assunto.
Em nota, a empresa Amaggi disse que "não tem qualquer ligação" com a
aeronave interceptada pela FAB e "não emitiu autorização para
pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas pistas" (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).
Na página do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), o avião bimotor matrícula PT-IIJ, interceptado
pelo FAB, está registrado em nome de Jeison Moreira Souza.
A aeronave, de acordo com a FAB, decolou da fazenda Itamarati Norte com
destino a Santo Antonio Leverger, também no Mato Grosso.
No comunicado, a Força Aérea relatou que, às 13h17 deste domingo, o
piloto de defesa aérea do A-29 Super Tucano identificou a aeronave
suspeita e, seguindo o protocolo de policiamento aéreo, fez perguntas,
por meio do radio, ao piloto do avião bimotor.
Na sequência, disse a FAB, o militar determinou que o piloto do bimotor
mudasse de rota e pousasse no aeródromo de Aragarças, em Goiás.
Inicialmente, diz trecho da nota, o piloto da aeronave demonstrou que
iria cumprir a ordem do militar, porém, na hora de pousar ele arremeteu e
não respondeu mais às advertência da defesa aérea.
Seguindo o protocolo, o piloto da FAB deu um tiro de aviso que,
conforme a Aeronáutica, é uma medida de persuasão para forçar o piloto
da aeronave "considerada hostil" a cumprir as determinações da defesa
aérea.
A Força Aérea disse no comunicado que, mesmo com o tiro de aviso, o
avião interceptado não voltou a responder aos contatos do militar e
pousou na zona rural do município de Jussara, no interior de Goiás.
Um helicóptero da Polícia Militar goiana foi acionado para fazer buscas
no local do pouso. De acordo com a FAB, o bimotor será removido para o
quartel da PM em Jussara. Já a droga apreendida, ressaltou a
Aeronáutica, será encaminhada para a superintendência da Polícia
Federal, em Goiânia.
Segundo o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, a ação que
interceptou o avião faz parte da Operação Ostium, que tem o objetivo de
coibir ilícitos transfronteiriços. Além da FAB, atuam nesta operação a
Polícia Federal e órgãos de segurança pública.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Amaggi:
Nota à Imprensa | Operação “Ostium”
Cuiabá, 26 de junho de 2017
A
respeito das informações divulgadas pela Força Aérea Brasileira (FAB)
no último domingo (25) dando conta da interceptação de uma aeronave
carregada de entorpecentes que teria decolado de uma pista localizada na
fazenda Itamarati, arrendada pela AMAGGI, a companhia vem a público
informar que:
a)
Tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e aguarda o desenrolar
das investigações sobre a propriedade da aeronave e as circunstâncias
exatas em que ela - conforme afirma a FAB - teria pousado na Fazenda
Itamarati e decolado a partir de uma de suas pistas;
b)
A empresa não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e
não emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de
suas pistas;
c)
Localizada em Campo Novo do Parecis, a parte arrendada pela AMAGGI na
Fazenda Itamarati conta com 11 pistas autorizadas para pouso eventual
(apropriadas para a operação de aviões agrícolas, o que não demanda
vigilância permanente) localizadas em pontos esparsos de 54,3 mil
hectares de extensão;
d)
A região de Campo Novo do Parecis tem sido vulnerável à ação de grupos
do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a
fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia;
e)
Tal vulnerabilidade acomete também as fazendas localizadas na região.
Em abril deste ano a AMAGGI chegou a prestar apoio a uma operação da
Polícia Federal (PF), quando a mesma foi informada de que uma aeronave
clandestina pousaria com cerca de 400 kg de entorpecentes (conforme
noticiado à época) em uma das pistas auxiliares da fazenda. Na ocasião, a
PF realizou ação de interceptação com total apoio da AMAGGI, a qual
resultou bem-sucedida.
A AMAGGI se coloca à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível às investigações do caso.
DO G1
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