O governo chinês instalou mísseis em três ilhas do Mar do Sul da China, que o país disputa com Vietnã e Filipinas, de acordo com o canal de televisão americano CNBC, citando fontes dos serviços de Inteligência dos Estados Unidos. A emissora informou na quarta-feira que as Forças Armadas chinesas teriam instalado armamento de defesa antinavio e terra-ar no último mês.
Se a informação for confirmada, poderia provocar novas tensões entre os países da região. Existe uma disputa sobre quem são os “donos” dessa região de 3,5 milhões de quilômetros quadrados de mar (quase três vezes a área do estado do Amazonas), por onde passam anualmente US$ 5 trilhões do comércio internacional e um terço do tráfego marítimo global. Trata-se da principal rota entre os oceanos Pacífico e Índico, e, portanto, evidente foco de tensão entre os interessados. A China reclama boa parte do território, que também tem demandas de Brunei, Vietnã, Filipinas, Malásia e Taiwan.
Pequim apoia suas pretensões de soberania ampliando e reforçando as pequenas ilhas e recifes que controla. O governo chinês determina a construção nestes locais de instalações como pistas de pouso, para permitir a aterrissagem de aviões militares.
CASA BRANCA: "TERÁ CONSEQUÊNCIAS"
A Marinha americana envia regularmente navios à região, a título de "liberdade de navegação". Washington não se posiciona oficialmente, mas considera que Pequim "militariza" o Mar do Sul da China. Perguntada sobre a instalação dos mísseis, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que haverá consequências, sem citar quais seriam elas:

— Estamos muito cientes da militarização chinesa no Mar do Sul da China. Levantamos preocupações diretamente com os chineses sobre isto e haverá consequências de curto prazo e longo prazo.
Os mísseis chineses teriam sido instalados nos recifes de Yongshu (Fiery Cross), Zhubi (Subi) e Meiji (Mischief), segundo a CNBC. Todos ficam no arquipélago Spratleys, localizado a leste do Vietnã, a oeste das Filipinas e muito ao sul da China continental.


A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, questionada nesta quinta-feira, não confirmou nem negou a notícia:

— As construções pacíficas da China no arquipélago Spratleys, inclusive a mobilização necessária de instalações de defesa do território nacional, têm por objetivo proteger a soberania e a segurança da China. Os que não têm a intenção de violar (esta soberania) não têm razão para ficar inquietos — afirmou Hua Chunying.
A presença de mísseis "não seria em absoluto uma surpresa e seria inclusive muito normal", afirmou Song Zhongping, especialista militar chinês.
Em 2016 uma corte arbitral da Convenção sobre o Direito do Mar invalidou as reivindicações de Pequim no caso da disputa com as Filipinas. A corte julgou que Pequim não tinha direitos históricos no Mar do Sul da China. A China, no entanto, não aceitou a decisão.