O avião que trouxe ao Brasil o secretário americano da Defesa, James Mattis, é grande, parrudo e transporta muitos segredos. É o Vigilante Noturno, ou E-4B, um Boeing 747-200, convertido para abrigar, em qualquer tempo, o Centro Nacional de Comando Aerotransportado - uma espécie de sala de guerra, móvel e aérea. 
De dentro dele, com seus principais consultores e muitos técnicos, Mattis pode acionar a gigantesca máquina de combate dos EUA; incluídos no pacote os 450 mísseis nucleares intercontinentais Minuteman, instalados em silos subterrâneos, e todos os do tipo Trident, embarcados em submarinos atômicos. Tudo isso no caso, por exemplo, de um ataque que atinja e impeça a atuação do presidente e do vice. 
 O grande jato de 70 metros de comprimento já teve outros nomes não oficiais, como Avião do Pesadelo e, depois, Limite Final. Para os controladores de voo, ele se identifica como Edge11. Embora haja configurações que permitam embarcar acima de 110 passageiros, a tripulação fixa não passa de 48 aviadores e técnicos. 
O Vigilante pode ser reabastecido no ar. Durante um teste, o E-4B permaneceu 35 horas em voo contínuo, a altitudes de até 14 mil metros. Em operação regular, o alcance da aeronave de 360 toneladas é de 11 mil quilômetros. Em zonas de risco, é escoltado por caças supersônicos F-15 Eagle, acionados a partir de unidades em terra, ou F-18 Hornet, saídos de porta-aviões. O jato não tem armas. A defesa é feita por meio de sistemas eletrônicos de despistamento de mísseis eventualmente lançados contra a aeronave. 
 Em Brasília, o E-4B ficou estacionado na Ala 1, a instalação militar do Aeroporto Juscelino Kubitschek, acompanhado de ao menos um imenso cargueiro C-17 Globemaster, que transporta o veículo blindado usado pelo secretário nos deslocamentos em terra, outros carros e, às vezes, também um helicóptero médio Black Hawk, mais suprimentos e equipamentos especiais. 
Acompanhamento
Há quatro jatos E-4B em operação a partir de um esquadrão especializado da base de Offutt, em Nebraska. Um deles viaja sempre acompanhando o presidente dos EUA em visita a áreas de tensão. 
 Nesses destinos, é mantido em um terminal alternativo ao do imponente e menos agressivo Air Force One, o Boeing 747 usado pela comitiva da Casa Branca, ligado a geradores e com todos os recursos eletrônicos funcionando. De acordo com um ex-engenheiro da Força Aérea americana, o grande jato é "fundamentalmente um posto de comunicações com capacidade para atingir qualquer pessoa ou instituição em qualquer lugar do mundo". É um equipamento caro. Cada um dos quatro aviões teve um custo inicial de US$ 250 milhões em valores de 1998. Em 2005, a Boeing recebeu um contrato de US$ 2 bilhões para desenvolver um amplo programa de cinco anos para modernização da frota.