A Boeing e a Embraer negociam a instalação de uma linha de montagem do novo cargueiro militar KC-390 nos Estados Unidos, no que seria uma segunda linha, além daquela já existente em Gavião Peixoto (SP), de acordo com reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira, sem citar fontes.

O projeto faz parte do acordo em que a Boeing pretende adquirir o controle da unidade de aviação comercial da Embraer, afirma a reportagem, lembrando que o a área de produção de aviões militares não será vendida, mas que as duas companhias pretendem, adicionalmente, criar uma joint venture na área de Defesa para instalação da fábrica do cargueiro nos EUA. De acordo com o jornal, a Embraer não quis se manifestar sobre o assunto.


A BOEING e a EMBRAER negociam a instalação de uma linha de montagem do novo cargueiro militar KC-390 nos Estados Unidos. Seria uma segunda linha, adicional àquela já existente em Gavião Peixoto, no interior paulista.

O projeto faz parte do acordo em que a fabricante americana de aviões pretende adquirir o controle da unidade de aviação comercial da EMBRAER. A área de produção de aviões militares não será vendida, mas as duas empresas pretendem, adicionalmente, criar uma joint venture na área de Defesa para instalação da fábrica do cargueiro nos EUA.

O KC-390 “made in USA” seria apenas montado naquele país, a partir das mesmas peças que hoje integram o projeto do cargueiro produzido no Brasil. Com essa americanização do produto, abrem-se dois novos mercados para o produto da EMBRAER:

1) o próprio mercado americano, que inclui a força aérea e também outras instâncias como a guarda nacional, e,

2) nações aliadas dos EUA dentro do programa “Foreign Military Sales” (FMS), que conta com a estrutura diplomática e de financiamento do país para comercialização de produtos americanos.
Alguns exemplos de países contemplados pelo FMS são Coreia do Sul, Japão, Israel, Austrália e muitos outros.

O KC-390, ainda em fase de testes e certificação, é um cargueiro para apoio logístico em missões militares, a ser usado para transporte de cargas, abastecimento, remoção de feridos etc.

Relatório recente do Bank of America, assinado por Ronald Epstein, um dos mais respeitados analistas do setor aéreo, trazia a informação sobre o plano de levar o KC aos EUA. A EMBRAER não quis comentar. Mas o Valor apurou que, em conversas com analistas de ações fora do Brasil, os executivos da Embraer têm falado genericamente sobre essa negociação em curso.

O local da fábrica não está definido, assim como o percentual acionário de cada empresa. O que se sabe é que a Embraer será controladora dessa joint venture, com algo em torno de 51% do capital, e poderá consolidar os resultados em seu balanço.

As peças do KC-390 são fabricadas nas unidades da EMBRAER de Botucatu e Gavião Peixoto, onde fica também a linha de montagem. De acordo com um especialista no assunto, uma vez que o negócio saia do papel, é provável que o primeiro cargueiro deixe a fábrica americana depois de três anos, aproximadamente.

A primeira entrega de um KC-390, para a Força Aérea Brasileira, estava prevista para este ano, mas foi adiada para 2019. Em maio, durante testes em terra, a aeronave saiu da pista e foi danificada.

Outro aspecto da transação é que a joint venture de Defesa irá usufruir dos benefícios do poder de compra de peças e com ponentes da BOEING, o que deve baratear os custos de fabricação do KC-390.

Existem hoje cerca de 3,7 mil cargueiros em operação no mundo, com idade média de 35 anos. Isso gera um potencial de mercado de 2 mil cargueiros nos próximos 20 anos. Domina esse mercado hoje o C-130 Hercules, fabricado pela Lockheed. Trata-se de um modelo antigo que passa por uma atualização e o produto da Embraer pretende disputar esse mercado.

O Super Tucano, avião de ataque leve da Embraer, já é fabricado em Jacksonville, na Flórida, justamente para que possa ser comprado pelo governo americano. A sede americana também está na Flórida, em Fort Laudardale.

Do Valor - Por Vanessa Adachi