Um navio de guerra chinês forçou um contratorpedeiro americano a mudar sua rota no Mar do Sul da China. O incidente teria sido causado por uma aproximação brusca e indevida do destróier chinês, afirmou a Marinha dos EUA à BBC. A belonave chinesa chegou muito perto da americana, de maneira "perigosa e nada profissional", disse o comandante Nat Christensen.

O contratorpedeiro USS Decatur passava pelos recifes conhecidos como Gaven e Johnson, no mar em questão, próximos às disputadas ilhas Spratly, reivindicadas pela China, quando o destróier chinês Luang "chegou a apenas 41 metros da proa", contou Christensen. 


Os Estados Unidos frequentemente provocam as Forças Armadas chinesas insistindo em navegar livremente pela região, que Pequim considera parte do seu mar territorial. O contratorpedeiro Decatur havia ultrapassado, nos recifes, a distância limite de 12 milhas náuticas reconhecida pela lei internacional para que um país reivindique águas como suas. Mas os navios americanos cruzam tal limite para deixar claro que não reconhecem a reivindicação da China.

Disputa na região

Dois grupos de ilhas praticamente inabitadas no Mar do Sul da China, as Paracel e as Spratly, são alvo de intensa disputa entre China, Taiwan, Vietnã, Filipinas e Malásia. Os chineses afirmam que seus direitos à região datam de séculos, e em 1947 publicaram um mapa detalhando suas reivindicações. A área, além de ser uma rota de navegação, é abundante em pescado e teria altas reservas de petróleo e gás. 

Recentemente, a China atingiu a paridade militar com as forças dos EUA no Pacífico. Agora o país pode desafiar a supremacia americana nos lugares com que mais se importa: as águas no entorno de Taiwan e no Mar do Sul da China. Isso significa que uma área cada vez maior do Oceano Pacífico — onde os Estados Unidos vêm operando sem rivais desde as batalhas navais da Segunda Guerra Mundial — voltou a ser território fortemente disputado, com navios de guerra e aviões militares chineses frequentemente encontrando os equivalentes americanos e de seus aliados. 

 "A China agora é capaz de controlar o Mar do Sul da China em todos os cenários, exceto se houver uma guerra com os EUA", afirmou o almirante Philip S. Davidson, comandante do Comando Indo-Pacífico da Marinha americana, num texto enviado ao Senado este ano.

Nesta terça-feira, Pequim adiou conversações sobre defesa com os EUA a pedido de Washington, em meio a tensões comerciais entre os dois países, além de questões envolvendo Taiwan e o próprio Mar do Sul da China. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, disse num comunicado que "os Estados Unidos recentemente expressaram o desejo de adiar o diálogo", acrescentando que os dois lados continuariam a "manter a comunicação", sem dar mais detalhes. 

Do O Globo