Sobre a fusão MiG Avia / Sukhoi
Fonte: Quintus por Clavis Prophetarum
Se na década de 60-70, os caças soviéticos mais comuns eram os MiG - tanto que a dada altura “MiG” no cinema se tornou sinónimo de “caça soviético” - a verdade é que a partir da década de 80, a “Mig Avia“, herdeira do antigo bureu de desenho Mikoyan & Gurevich entrou em dificuldades financeiras. Os descendentes do fabuloso Sukhoi SU-27 são ainda hoje dos melhores aviões do mundo mas os dois melhores aviões MiG de sempre, o MiG-29 Fulcrum e o MiG-31 Foxhound estão hoje claramente ultrapassados pelo que melhor a Sukhoi tem fabricados nos últimos anos.
A sobrevivência da MiG esteve até em causa na década de noventa, sendo salva in extremis pelas realização de atualizações em aparelhos da força aérea russa e búlgara. Hoje, a MiG não partilha com a Sukhoi do seu estrondoso sucesso exportador e a sua capacidade para sobreviver está novamente posta em causa… Recentemente, a MiG perdeu o concurso para um novo treinador avançado para a força aérea russa, vendo o seu MiG-AT ser batido pelo Yak-130. As recentes vendas de MiG-29 para o Sudão e de 28 MiG-29SMT pela força aérea russa de foram assim verdadeiros balões de oxigénio para uma fábrica que luta pela sobrevivência e podem explicar a imoralidade da venda (o Sudão é um país governado por islâmicos radicais que massacram no Darfur o seu próprio povo).
Perante esta situação e uma crescente dívida que já é superior a 1,6 biliões de dólares, temos agora sinais de que o governo russo poderá estar a cozinhar uma fusão entre a Sukhoi e a MiG. Pelo menos é o que indica a nomeação de Mikhail Pogosyan como presidente da MiG e diretor geral da Sukhoi… simultâneamente.
Aquilo que mais erodiu o prestígio da MiG foi a péssima qualidade dos seus serviços de pós-venda. Os indianos em particular sofreram especialmente com problemas de peças e com a baixa qualidade das peças de reposição da MiG e isso explica em parte a elevada taxa de avarias e de aviões perdidos na força aérea indiana. Isso mesmo foi reconhecido implicitamente por Pogosyan ao identificar a área de “pós-venda” como o principal foco da sua atenção na MiG durante os próximos. No entretanto, é praticamente certo que o novo consórcio aeronáutico vai proceder a despedimentos massiços, já que há certamente muitas redundâncias entre a MiG e a Sukhoi… Nada bom para um país como a Rússia que está a sentir muito severamente os efeitos da crise financeira mundial e onde a queda dos preços do petróleo teve já um efeito estrondoso nas receitas do Estado (e logo, nas encomendas de aviões de combate que este poderá fazer nos próximos anos).
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