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Visita de Hillary Clinton a Cabo Verde é um reconhecimento da democracia e segurança

“Quem quer de facto defender as suas fronteiras longe de casa tem interesse em Cabo Verde".

Da Redação, com agência Inofrpress - Via Africa 21

O analista político e escritor cabo-verdiano, António Ludgero Correia, considera que a visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton a Cabo Verde, é um reconhecimento por parte dos Estados Unidos de que há democracia no arquipélago, mas também, segurança do Aeroporto Internacional do Sal.

Lugdero Correia, que falava em entrevista à Inforpress, está contudo convicto de que essa decisão não contempla a vertente boa governação do país, “porque se assim fosse Hillary Clinton não passaria ainda por Angola”, sublinha.

De acordo com esse analista, a política externa dos Estados Unidos não é feita ao acaso e essa digressão à África significa uma importância capital e, para Cabo Verde, poderá traduzir-se no novo prolongamento do projecto AGOA, que apontou de resto, como sendo um dos assuntos a figurar na agenda da secretária de Estado por ocasião da sua visita ao arquipélago.

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“Cabo Verde não beneficiou muito da AGOA, porque de facto a promoção das exportações não foi bem cuidada a nível interno. Não basta que os EUA nos abram as portas para as nossas exportações, temos que ser capazes de produzir com qualidade e a preços concorrenciais para entrar no mercado dos EUA”, refere.

Ludgero Correia enaltece, entretanto, a importância do projecto AGOA e considera que seria mais importante ainda para Cabo Verde se esta visita trouxer o “know-how”.

“Mas, para isso Cabo Verde teria de fazer o “trabalho de casa” aproveitando o factor adesão à Organização Mundial do Comércio que representa uma ajuda fundamental”, adverte.

Segundo Correia, ajustava ainda à agenda de Hillary Clinton em Cabo Verde, mais duas questões: NATO, e um novo pacote Millennium Challenge Account, porquanto, o ainda em exercício já está a esgotar, razão por que, segundo disse, acredita que se possa começar a lançar algumas pedras para um próximo pacote, o MCA III.

“De facto se houvesse uma transferência de tecnologias de Norte a Sul para que a nossa exportação pudesse ser de qualidade, se houvesse uma abertura para a nossa colaboração com a NATO sem que trouxesse “dores de cabeça”, e se houvesse a possibilidade de começar a traçar as linhas para um próximo pacote do MCA seria fantástico”, enfatizou.

Entretanto, Ludgero Correia apontou ainda as condições geoestratégicas de Cabo Verde como sendo fundamentais para os interesses e a política externa dos Estados Unidos, designadamente na hipotética utilização do arquipélago como uma “zona tampão” da NATO, onde Cabo Verde seria uma espécie de uma porta-aviões estacionado no Atlântico, que serve de fronteira entre a América e o Sul da África e o outro lado do mundo.

“Quem quer de facto defender as suas fronteiras longe de casa tem interesse em Cabo Verde e a operação da NATO em S. Vicente, mostrou um pouco quais são os “apetites” da NATO e leia-se também dos Estados Unidos”, reforça.

Conforme Correia, Cabo Verde tem muita coisa a dar, se servir de facto de ponto de reabastecimento ou, se se quiser ainda, como um ponto de defesa avançado na África do Sul.

No meio deste cenário, Ludgero Correia alerta no entanto que o governo de Cabo Verde precisa ter muito cuidado com o que pedir em troca e até que nível abranger, na medida em que, “esses interesses quebram a neutralidade que se espera de Cabo Verde num eventual conflito planetário”, disse.

A partir do momento em que Cabo Verde por exemplo entrar para NATO, não poderá ficar alheio a alguns conflitos que possam acontecer. Ao mesmo tempo, sendo membro do grupo dos países não alinhados, se entrar na NATO ou se ceder o espaço para a base da NATO, Cabo Verde deixará de ser neutral e isso é uma contrapartida muito grande, pelo que deve calcular muito bem esse risco”, adverte.