Piloto de caça alemão salvou tripulação americana
Charles “Charlie” Brown, de 21 anos, era um piloto de Boeing B-17 do 379º Grupo de Bombardeio em Kimbolton, Inglaterra. Seu B-17 era chamado “Ye Olde Pub” e estava em terrível estado, após ser atingido diversas vezes por flak e caças durante uma missão de bombardeio de uma fábrica em Bremen, na Alemanha, em 20 de dezembro de 1943. A bússola estava quebrada e eles estavam voando para dentro do território alemão ao invés de voltar para Kimbolton. Sete dos seus tripulantes estavam feridos e ele próprio sangrava, com um estilhaço fincado no ombro.
Após voar a baixa altitude sobre um aeródromo inimigo, Charlie Brown disse que seu coração gelou. Um piloto chamado Franz Stigler tinha sido ordenado a decolar e derrubar o B-17. Quando aproximou-se do quadrimotor, o alemão não pôde acreditar em seus olhos. Nas suas palavras, ele “nunca tinha visto uma aeronave em estado tão ruim”. Da cauda e da sessão traseira pouco restava, e o artilheiro de cauda estava ferido. O artilheiro de dorso tinha seus restos espalhados pela fuselagem. O nariz estava esmagado, e havia furos por toda parte.
Apesar de ter munição, Franz voou para o lado do B-17 e olhou para Charlie Brown, o piloto. Brown estava aterrorizado e lutando para controlar seu danificado e ensangüentado avião.
Brown disse que notou o caça de Stigler voando ao seu lado: pareceu incrível que aquele B-17 tão danificado permanecesse no ar. Mas permaneceu, e Brown esperou que assim ficasse até atingir as costas da Inglaterra a 400 quilômetros dali.
Ainda parcialmente inconsciente, o Tenente Brown começou uma lenta subida com somente um motor funcionando a pleno. Com três tripulantes seriamente feridos a bordo, ele rejeitou a alternativa do salto ou pouso forçado. A sua alternativa era a frágil chance de atingir a Inglaterra. Enquanto guiava o agonizante bombardeiro de volta para casa, Brown olhou para a janela direita e viu o Me 109 voando junto à sua asa.
Ciente de que os americanos não tinham idéia de onde estavam indo, Franz balançou as asas para Charlie, indicando que virasse 180 graus. Franz escoltou e guiou o bombardeiro ferido até sobre o Mar do Norte na direção da Inglaterra. Então ele saudou Charlie Brown e fez a volta, de volta ao continente.
Quando Franz pousou, ele disse ao seu comandante que tinha derrubado o avião sobre o mar, e nunca disse a verdade a ninguém. Charlie Brown e seus colegas disseram toda a verdade no relatório, mas receberam ordens de não comentar o incidente com ninguém.
Mais de 40 anos depois, Charlie Brown queria encontrar o piloto da Luftwaffe que tinha salvado sua tripulação. Franz nunca falou sobre o incidente, nem mesmo em reuniões no pós-guerra.
Eles se encontraram numa reunião do 379º Grupo nos EUA em 1989, junto com outros cinco tripulantes do B-17 – tudo porque Franz não disparou suas armas naquele dia.
Após a guerra, Brown permaneceu na Força Aérea, servindo em diversos postos até aposentar-se em 1972 como Tenente-Coronel e mudar-se para Miami como gerente de uma empresa de pesquisa de combustíveis. Mas o episódio do alemão que recusou-se a atacar um adversário ferido o perseguia. Ele estava determinado a encontrar o piloto inimigo que tinha poupado sua tripulação.
Ele escreveu numerosas cartas para fontes militares alemãs, com pouco sucesso. Finalmente, uma nota num jornal de ex-pilotos da Luftwaffe exibiu uma resposta de Franz Stigler, um ás de 28 vitórias aéreas. Ele, descobriu-se, foi o anjo misericordioso nos céus da Alemanha naquele fatídico dia antes do natal de 1943.
Levou 46 anos, mas em 1989 Brown encontrou o misterioso homem do Me 109. Questionando cuidadosamente Stigler sobre detalhes, não restou dúvida sobre sua identidade.
Stigler, após a guerra, emigrara para o Canadá e vivia perto de Vancouver, na Columbia Britânica. Após uma troca de cartas, Brown voou para lá para uma reunião. “Quase quebrou minhas costelas, ele me deu um grande abraço de urso”, disse Brown. Os dois homens se visitaram com freqüência desde aquele dia, e apareceram juntos em eventos militares nos EUA e Canadá. No Air Force Ball de Miami em 1995, os dois receberam honrarias.
Na primeira carta para Brown, Stigler escreveu: “Após todos esses anos, imagino o que aconteceu com o B-17, ele sobreviveu?”
Sobreviveu, por pouco. Mas porque o alemão não destruiu sua presa, virtualmente indefesa?
“Não tive coração para aniquilar aqueles bravos homens”, disse Stigler. “Voei ao lado deles por um longo tempo. Eles tentavam desesperadamente voltar para casa, e eu ia permitir que o fizessem. Eu não podia ter atirado neles. Seria a mesma coisa que atirar num homem num pára-quedas”.
Franz Stigler faleceu no dia 22 de março de 2008, aos 92 anos de idade.
Fonte: Pat Dollard, 28 de maio de 2008.
Após voar a baixa altitude sobre um aeródromo inimigo, Charlie Brown disse que seu coração gelou. Um piloto chamado Franz Stigler tinha sido ordenado a decolar e derrubar o B-17. Quando aproximou-se do quadrimotor, o alemão não pôde acreditar em seus olhos. Nas suas palavras, ele “nunca tinha visto uma aeronave em estado tão ruim”. Da cauda e da sessão traseira pouco restava, e o artilheiro de cauda estava ferido. O artilheiro de dorso tinha seus restos espalhados pela fuselagem. O nariz estava esmagado, e havia furos por toda parte.
Apesar de ter munição, Franz voou para o lado do B-17 e olhou para Charlie Brown, o piloto. Brown estava aterrorizado e lutando para controlar seu danificado e ensangüentado avião.
Brown disse que notou o caça de Stigler voando ao seu lado: pareceu incrível que aquele B-17 tão danificado permanecesse no ar. Mas permaneceu, e Brown esperou que assim ficasse até atingir as costas da Inglaterra a 400 quilômetros dali.
Ainda parcialmente inconsciente, o Tenente Brown começou uma lenta subida com somente um motor funcionando a pleno. Com três tripulantes seriamente feridos a bordo, ele rejeitou a alternativa do salto ou pouso forçado. A sua alternativa era a frágil chance de atingir a Inglaterra. Enquanto guiava o agonizante bombardeiro de volta para casa, Brown olhou para a janela direita e viu o Me 109 voando junto à sua asa.
Ciente de que os americanos não tinham idéia de onde estavam indo, Franz balançou as asas para Charlie, indicando que virasse 180 graus. Franz escoltou e guiou o bombardeiro ferido até sobre o Mar do Norte na direção da Inglaterra. Então ele saudou Charlie Brown e fez a volta, de volta ao continente.
A tripulação do "Ye Olde Pub." Kneeling L-R: Charlie Brown, Spencer Luke, Al Sadok, and Robert Andrews. Standing L-R: "Frenchy" Coulombe, Alex Yelesanko, Richard Pechout, Lloyd Jennings, Hugh Eckenrode, and Sam Blackford.
Quando Franz pousou, ele disse ao seu comandante que tinha derrubado o avião sobre o mar, e nunca disse a verdade a ninguém. Charlie Brown e seus colegas disseram toda a verdade no relatório, mas receberam ordens de não comentar o incidente com ninguém.
Mais de 40 anos depois, Charlie Brown queria encontrar o piloto da Luftwaffe que tinha salvado sua tripulação. Franz nunca falou sobre o incidente, nem mesmo em reuniões no pós-guerra.
Eles se encontraram numa reunião do 379º Grupo nos EUA em 1989, junto com outros cinco tripulantes do B-17 – tudo porque Franz não disparou suas armas naquele dia.
Após a guerra, Brown permaneceu na Força Aérea, servindo em diversos postos até aposentar-se em 1972 como Tenente-Coronel e mudar-se para Miami como gerente de uma empresa de pesquisa de combustíveis. Mas o episódio do alemão que recusou-se a atacar um adversário ferido o perseguia. Ele estava determinado a encontrar o piloto inimigo que tinha poupado sua tripulação.
Ele escreveu numerosas cartas para fontes militares alemãs, com pouco sucesso. Finalmente, uma nota num jornal de ex-pilotos da Luftwaffe exibiu uma resposta de Franz Stigler, um ás de 28 vitórias aéreas. Ele, descobriu-se, foi o anjo misericordioso nos céus da Alemanha naquele fatídico dia antes do natal de 1943.
Levou 46 anos, mas em 1989 Brown encontrou o misterioso homem do Me 109. Questionando cuidadosamente Stigler sobre detalhes, não restou dúvida sobre sua identidade.
Stigler, após a guerra, emigrara para o Canadá e vivia perto de Vancouver, na Columbia Britânica. Após uma troca de cartas, Brown voou para lá para uma reunião. “Quase quebrou minhas costelas, ele me deu um grande abraço de urso”, disse Brown. Os dois homens se visitaram com freqüência desde aquele dia, e apareceram juntos em eventos militares nos EUA e Canadá. No Air Force Ball de Miami em 1995, os dois receberam honrarias.
Na primeira carta para Brown, Stigler escreveu: “Após todos esses anos, imagino o que aconteceu com o B-17, ele sobreviveu?”
Sobreviveu, por pouco. Mas porque o alemão não destruiu sua presa, virtualmente indefesa?
“Não tive coração para aniquilar aqueles bravos homens”, disse Stigler. “Voei ao lado deles por um longo tempo. Eles tentavam desesperadamente voltar para casa, e eu ia permitir que o fizessem. Eu não podia ter atirado neles. Seria a mesma coisa que atirar num homem num pára-quedas”.
Franz Stigler faleceu no dia 22 de março de 2008, aos 92 anos de idade.
Fonte: Pat Dollard, 28 de maio de 2008.
Franz Stigler, Sir Ernie Boyette e Charles Brown, com um quadro do B-17 "Ye Olde Pub".
Fonte: Sala de Guerra
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