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Sarkozy reata com Obama velha aliança França-EUA

Os presidentes Barack Obama e Nicolas Sarkozy encontraram-se ontem em Washington para discutir temas tão complexos como Afeganistão ou economia internacional. No entanto, a cimeira era ainda mais ambiciosa, pois ambos os líderes querem reparar a relação entre os dois países. A França é o mais antigo aliado dos Estados Unidos, mas nos últimos anos o vínculo sofreu tensões fortíssimas. Agora, as relações são "sólidas".

EUA e França têm posições comuns na maioria dos temas: mais sanções para o Irão, por exemplo, ou o recomeço do processo de paz no Médio Oriente. O problema está nas divergências.

Esperava-se uma dificuldade na questão do reforço do contingente francês no Afeganistão. Os jornais de Paris especulavam ontem que Obama deveria pedir mais soldados franceses no terreno, além do actual contingente de 3750, sobretudo instrutores militares. O pedido era potencialmente embaraçoso para Sarkozy, pois as baixas estão a aumentar e a opinião pública é hostil ao envolvimento. No entanto, ao início da ronda de discussões da tarde (à hora de fecho desta edição), os americanos anunciaram que não haveria pedido de tropas suplementares.

Anteontem, em Nova Iorque, Sarkozy sublinhou outra das questões difíceis. Numa conferência na Universidade de Columbia, o presidente francês defendeu uma nova ordem monetária internacional e contestou a supremacia do dólar, ao afirmar que esta "não é a única moeda do mundo". A defesa de mais regulação dos mercados, que surge frequentemente nos discursos do presidente francês sobre a crise mundial, é difícil de aceitar na América.

Os europeus querem uma aliança transatlântica onde a componente europeia seja mais forte do que na actualidade. Obama parece sensível à ideia, mas a sua relação com a Europa não é aquela que os europeus pretendem. Segundo o EU Observer, Washington defende que as cimeiras UE-EUA se realizem apenas quando houver assunto e não em cada ano. Obama tem realizado videoconferências regulares com os líderes francês, britânico e alemão, sobretudo sobre a recuperação "ainda frágil" da economia.

Outro tema embaraçoso é a acusação de proteccionismo no concurso para novos aviões de reabastecimento em voo da força aérea americana. A grande encomenda de 179 aviões-tanques custa 35 mil milhões de euros e o fabricante europeu EADS saiu da competição após a força aérea americana ter alterado as regras, favorecendo a Boeing. Esta foi a mais recente polémica de um concurso atribulado que já dura quase há dez anos. A empresa europeia poderá regressar ao concurso se houver garantias de equidade.

A melhoria da relação franco-americana tem sido uma das bandeiras de Nicolas Sarkozy, após a guerra fria que separou os dois anteriores presidentes, Jacques Chirac e George W. Bush. Obama é popular em França e as relações pessoais contam. Mas em Junho, na anterior visita do presidente americano à Europa, houve um estranho erro: Obama recusou um convite para jantar com Sarkozy no Eliseu.

Para emendar a mão, Sarkozy e a esposa, Carla Bruni, foram convidados para um jantar com os Obama na parte residencial da Casa Branca. Trata-se de uma honra inédita. As filhas do presidente Obama receberam presentes especiais: banda desenhada de Astérix (desconhecida na América). Bruni é outra figura central desta diplomacia de amizades. O casal Sarkozy tem aparecido em público na América com grande eficácia mediática, a desmentir os rumores crescentes de problemas no seu casamento.

Fonte: Diario de Noticias Portugal