Os rebeldes líbios tentam desesperadamente resistir ao avanço das tropas leais ao ditador Muammar Kadafi entre as cidades de Brega e Ajdabiya.

Nos últimos quatro dias, os milicianos perderam mais dos 110 quilômetros que se estendem entre Brega e a região petrolífera de Ras Lanuf para as forças leais a Kadafi.

As informações sobre os combates são confusas e imprecisas, devido, principalmente, à ausência de jornalistas no local, depois que fugiram dos bombardeios impostos pelo regime.

Segundo o porta-voz rebelde Mustafa Geriani, a oposição ainda controla Brega e a cidade se tornou alvo de bombardeios há vários dias.

Já a emissora "Al Jazeera" assegurou que as forças de Kadafi bombardeiam a região de Al Aguila, o que aponta para a existência de uma resistência rebelde na cidade situada a 30 quilômetros ao oeste de Brega.

Além disso, a emissora catariana informou de chegadas pontuais das tropas de Kadafi no litoral de Brega.

No entanto, a televisão oficial líbia afirma que as tropas ligadas ao governo tomaram o controle destas duas regiões.

O avanço das forças do regime líbio provocou o temor em alguns habitantes da cidade de Ajdabiya e muitos começaram a deixar a região.

"Várias famílias abandonaram a cidade, mas a maioria ainda permanece ali", disse à Agência Efe um membro da comissão de imprensa dos rebeldes, Bara al-Khatib, quem ressaltou que as medidas defensivas e de segurança foram reforçadas.

O temor de represálias por parte das forças de Kadafi se une ao medo a um cerco na cidade de Benghazi, capital provisória dos rebeldes, e à possibilidade de as tropas do ditador líbio alcançarem Tobruk e, a partir disso, controlarem a fronteira com o Egito.

O assassinato no sábado do cinegrafista da "Al Jazeera" Ali Al Jaber em uma emboscada obrigou as centenas de correspondentes internacionais presentes na área sob controle rebelde a partir para Tobruk.



Os revolucionários asseguram que tentam impedir o avanço das forças leais a Kadafi, que desde domingo passado impõem sua superioridade bélica sobre os rebeldes.

Geriani justificou à imprensa o rápido progresso no terreno das forças de Kadafi pela superioridade em armamentos e pelos bombardeios aéreos e marítimos.

"Não estamos falando de uma guerra clássica, é uma guerra no deserto e é lógico que há avanços e retrocessos", assegurou.

Neste domingo, o assédio das forças ligadas a Kadafi à cidade de Misrata, uma área dominada pelos rebeldes no oeste do país, não cessou.

Além disso, um morador da região, a 200 quilômetros ao leste de Trípoli, disse à Efe que desde sábado foram registrados enfrentamentos entre os próprios militares de uma unidade na qual houve tentativas de deserção.

A fonte revelou que dois civis morreram entre sábado e este domingo e que a população da cidade nunca se tinha visto atingida por um conflito armado desse tipo.

Fonte: Folha de São Paulo