O Super Tucano, avião de ataque leve e apoio próximo à tropa terrestre, da Embraer, está bem próximo de levar o contrato da Força Aérea americana, a USAF, para o fornecimento inicial de 15 a 20 aeronaves. A encomenda vale cerca de US$ 250 milhões. O benefício maior, entretanto, é a certificação dos Estados Unidos para um produto brasileiro de considerável valor agregado e de emprego militar.

O mercado internacional para essa classe de equipamento é avaliado em US$ 3,5 bilhões, envolvendo 300 aeronaves a serem adquiridas até 2020.
A posição da Embraer Defesa e Segurança (ODS) na disputa pelo programa Light Attack Air Suport, LAS, melhorou muito com a exclusão do outro único finalista, o AT-6 da Hawker Beechcraft, afastado da competição na semana passada. A empresa, de Wichita, no Estado do Kansas, reagiu à decisão com perplexidade.

Em nota oficial, disse que recebeu a informação por carta, "embora tenha trabalhado dois anos com a USAF (no programa)". No mesmo comunicado, a Hawker - Beechcraft se diz "preocupada e confusa" com o fato da correspondência da USAF "não oferecer qualquer justificativa para a resolução". A Embraer Defesa não comentou o episódio.

Problemas

O fabricante americano acumula dificuldades. Exigência do LAS, o avião apresentado não pode estar em fase de desenvolvimento. Na nota, a Hawker destaca que fez investimentos da ordem de US$ 100 milhões "preparando o atendimento aos requisitos da Força". A aplicação caracteriza aplicação no projeto de engenharia do AT-6. O avião nunca entrou em combate e só recentemente pode realizar os testes iniciais com bombas inteligentes, guiadas a laser, no Arizona, de 28 de setembro e 5 de outubro.

A companhia divulgou que está pedindo explicações à USAF e que vencer a escolha permitiria gerar 1.400 empregos em 20 Estados.
Já o Super Tucano está em produção desde 1999, ano do primeiro voo, e em operação a contar de 2004 – sete nações adotaram o turboélice. Os pedidos em carteira somam 180 unidades. As entregas batem em 152 aviões.

Em outubro o modelo foi certificado pela FAA, a agência americana que regula o setor aeronáutico nos EUA. O Emb-314 foi provado em ação. Acumula 18 mil horas de combate sem perdas. A Embraer tem, a seu favor, outro fator estratégico: mantém uma parceria com a corporação Sierra Nevada para fabricar o Super Tucano em Jacksonville, na Flórida, em complexo industrial próprio, gerando empregos locais. A decisão do Departamento de Defesa, o Pentágono, deve sair no começo de 2012.

O interesse da aviação americana é por um avião capaz de oferecer apoio à tropa em terra. Os caças pesados são caros. O gasto com a operação, alto. A hora de voo do supersônico F-16E não sai por menos de US$ 6,5 mil, contra apenas US$ 500 do Super Tucano. Mais que isso, leva carga eletrônica embarcada equivalente e cumpre a missão de contrainsurgência, ataque leve, interceptação de alvos de baixo desempenho e a instrução avançada, com reduzido custo de operação e alto rendimento.

O batismo de fogo foi em 18 de janeiro de 2007. Dois esquadrões da Força Aérea da Colômbia despejaram 4,5 toneladas de explosivos sobre as instalações de um comando das Forças Armadas Revolucionárias, as Farc.

Em março de 2008, um número não revelado de aviões bombardeou um acampamento das Farc localizado pela inteligência colombiana em território do vizinho Equador. O alvo foi iluminado por dois times de operações especiais, em terra. Foram usadas bombas inteligentes do tipo Paveway, fornecidas por Israel.

No começo do mês, oito Super Tucanos participaram da Operação Odisseia, que lançou um novo tipo de bomba de precisão na base do comandante da guerrilha, Afonso Cano.

Fonte: Estadão