O Irã avaliou positivamente neste sábado a liberação de 13 marinheiros iranianos, em mãos de supostos piratas da Somália há várias semanas, por parte de um navio da marinha de guerra americana na sexta-feira.

Contudo, a agência de notícias Fars, ligada aos Guardas da Revolução, manifestou suas dúvidas quanto à libertação, caracterizou-a como "filme de Hollywood" e acusou Washington de tentar "justificar a presença de porta-aviões americanos nas águas do Golfo".

"Consideramos a ação das forças americanas que salvaram a vida de marinheiros iranianos, como um gesto humanitário positivo e felicitamos essa iniciativa", disse o porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, ao canal de televisão Al Alam.

"Achamos que todas as nações deveriam ter a mesma atitude", acrescentou.

Até este momento, a imprensa iraniana não tinha se manifestado sobre o caso, anunciado pelo Pentágono na sexta-feira, que na ocasião também informou sobre a captura de 15 presumidos piratas.

Os militares americanos disseram que a operação foi realizada na quinta-feira pelo "USS Kid", um dos navios de guerra que escoltam o porta-aviões "USS John C. Stennis", logo depois de receber um pedido de ajuda.

"O (barco iraniano) 'Al Molai' estava em poder dos piratas há 40 ou 45 dias. (Sua tripulação) foi feita refém e nós acreditamos que foram obrigados pelos piratas a participarem das operações de pirataria", disse Josh Schminky, agente do Serviço de Investigação Criminal da Marinha (CIS) citado em um comunicado da Vª frota.

O capitão do navio John Kirby, porta-voz do Pentágono, informou que a tripulação iraniana pôde retornar para sua rota graças ao combustível e as provisões dadas pelos militares americanos.

Para a agência Fars, esta libertação parece "um filme de Hollywood (...) e mostra que os americanos querem utilizá-la como propaganda."

"Esta ação, que parece ter sido 'organizada com antecipação', está rodeada por suspeitas", acrescentou a agência.

A tensão entre Teerã e Washington é cada vez mais tensa depois da ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz, passagem estratégica para o tráfego marítimo de petróleo, devido às novas sanções americanas contra seu polêmico programa nuclear.

Na terça-feira, o general Ataolá Salehi, chefe do exército iraniano, alertou contra a presença da marinha americana no Golfo, referindo-se ao "USS John C. Stennis".

Apesar das ameaças, os Estados Unidos prometeram manter seus navios de guerra no Golfo, considerando que as advertências do Irã colocam em evidência sua "fragilidade" e provam a eficácia das sanções.

Fonte: AFP