A Polícia Federal do Brasil deteve no final da manhã deste domingo (30)
um dos maiores pesquisadores mundiais de meteoritos, o Dr. Klaus Keil,
que vinha para uma série de palestras e eventos científicos no país. Aos
80 anos, o cientista da Universidade do Havaí e que pertenceu aos
quadros da NASA, desceu no aeroporto de Guarulhos (SP), de um voo da
American Airlines, de onde tomaria uma conexão para o Rio de Janeiro,
quando foi detido.
A princípio, a delegacia da polícia federal no aeroporto informou ao cientista que o motivo da detenção era a falta o pagamento de uma taxa quando esteve no Brasil, em 2013, a convite do Museu Nacional, quando também efetuou uma série de palestras e encontros sobre o assunto.
Agora, por questões burocráticas, a PF apreendeu o passaporte do
pesquisador estrangeiro e o deteve na área internacional do aeroporto,
onde foi colocado no hotel interno sem acesso aos seus colegas
brasileiros.
Keil se encontra desde as 11 horas da manhã de domingo retido na ala
internacional do aeroporto. Ele seria remetido novamente aos EUA às
20h30, num voo de retorno ao Havaí. Diversos cientistas se mobilizaram
para evitar a deportação, inclusive para entender o ocorrido e
conseguiram adiar a decisão da PF.
Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, Klein explicou
que foii convidado para ministrar 14 palestras em nove cidades
diferentes. “Sou voluntário, não recebo nada por isso. Sei da
importância de compartilhar informação e, principalmente, gostaria de
ajudar os estudantes brasileiros. Eu amo o Brasil. Meu objetivo era
justamente contribuir para o desenvolvimento da astronomia daqui”, disse
o cientista. Ele contou que foi bem tratado pelo agente da da PF que
foi “solícito” e “educado”.
O pesquisador e especialista em meteoritos, André Moutinho, foi até o
Aeroporto Internacional de Guarulhos prestar socorro ao cientista
alemão, naturalizado norte-americano. “O problema foi que ele tem visto
de trabalho e precisava ter feito um procedimento na delegacia no
desembarque. Ninguém sabia disto, uma coisa simples e que poderia ser
resolvida facilmente”, comentou.
Meteoritical Society Endowment Fund financiou a vinda do pesquisador
para o Brasil para haverá um circuito de palestras, inclusive para a
abertura do Encontro de Meteoritos e Vulcões do Museu Nacional (RJ), no
próximo dia 03, e para palestras em Porto Alegre, Salvador, Inpe de São
José dos Campos, e para o Encontro de Astronomia da FAB no começo de
outubro.
“Foi uma experiência terrível tanto para ele quanto para nós, se
trata de uma autoridade mundial, uma pessoa que tem publicações sobre os
meteoritos brasileiros e ama o país. Foi uma situação é altamente
constrangedora”, disse a professora e pesquisadora do Museu Nacional,
Maria Elizabeth Zucolotto, e que mobilizou seus pares para auxiliarem o
norte americano.
O gabinete do Ministério da Justiça acionou a chefia do departamento
de estrangeiros para que resolvesse a questão. Foram contatados a
embaixada e o consulado dos EUA. De posse da matéria da Gazeta do Povo, os cientistas passaram a pressionar os órgãos competentes para uma solução.
Registro do visto
Em contato com o Aeroporto de Guarulhos, eles foram informados que
tudo ocorreu por Klaus Keil não ter registrado o visto em 2013. A
empresa American Airlines foi acionada para contatar o Ministério das
Relações Exteriores do Brasil e resolver o problema. Mas preferiu não
solicitar o desembarque condicional, segundo informações da delegacia da
PF.
A operadora do voo informou à PF que não se envolveria no caso.
Segundo as autoridades brasileiras a companhia poderia corrigir a
questão ainda a bordo. Por causa da idade avançada e para que o
cientista não ficasse no ‘conector’ da companhia, ele pode escolher em
ficar na sala Vip ou no FastSleep - hotel de trânsito -do aeroporto.
Depois de tomarem conhecimento da repercussão do caso, as delegacias
da Polícia Federal de Brasília e de São Paulo passaram a atuar em
conjunto para resolvê-lo. A pesquisadora Maria Elizabeth Zucolotto,
recebeu no começo da noite uma mensagem do cientista estrangeiro
informando que passaria a noite no aeroporto e apenas nesta semana terá
uma definição se ficará ou não no Brasil para sua jornada científica.
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