A Venezuela pode sofrer sanções internacionais e perder apoio dos vizinhos latinos caso fique comprovado o elo do presidente Hugo Chávez com a guerrilha colombiana. No entanto, não há perigo iminente de uma guerra na região.
A opinião é do cientista político e professor da FGV (SP) e da PUC-SP Luiz Fernando Abrúcio. Em entrevista ao G1, por telefone, ele disse que ainda não é possível incriminar nenhum país, já que o laudo da Interpol (organização policial internacional), divulgado nesta quinta-feira (15), apenas comprovou que os computadores não haviam sido alterados.
Alguns jornais divulgaram, no entanto, trechos de arquivos que mostravam a relação dos presidentes venezuelano e equatoriano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
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Segundo Abrúcio, o episódio, se confirmado, servirá para os EUA culparem o governo Chávez e continuarem as ações para enfraquecer e desmoralizar o presidente venezuelano.
O especialista explicou ao G1 o papel de cada país no conflito: para ele, a Colômbia tem um problema de soberania, pois parte de seu território é controlado por um grupo guerrilheiro. “O governo e, segundo pesquisas recentes a própria população do país, tem interesse em recuperar esse pedaço da nação controlado pela guerrilha.”
Os Estados Unidos têm uma política voltada para a América Latina centrada essencialmente nas drogas, na imigração e no terrorismo. Diante disso, o governo colombiano é parceiro dos norte-americanos no combate ao narcotráfico. Outro interesse, mas indireto, dos EUA na região seria a desmoralização do presidente Hugo Chávez. O embate entre os dois governos, segundo Abrúcio, se dá principalmente pela questão do petróleo, já que os norte-americanos dependem do produto venezuelano e precisam, para isso, de um oferta segura nos próximos anos.
Já o Equador ainda é visto como a grande vítima de todo processo, já que teve o território invadido pela Colômbia durante a incursão de março deste ano, quando os computadores foram encontrados no acampamento guerrilheiro. “O que está se tentando fazer é mostrar que o Equador favorece a ação das Farc em seu território. Mas é uma situação mais difícil de definir”, afirmou Abrúcio.
Entenda o conflito diplomático ocorrido na América Latina
A Venezuela está sendo acusada, pela Colômbia, de ligação direta com a guerrilha. “Se isso for comprovado, acho que a situação ficará muito complicada do ponto de vista do direito internacional. A Venezuela será um governo que financia um movimento que está atacando a soberania de um país vizinho, e isso é indesculpável”, explicou o Abrúcio. Segundo ele, poderia existir a possibilidade de sanções contra o país, “apesar de ser muito cedo afirmar isso”.
Logo após divulgar o relatório, a Interpol afirmou que apenas confirmou a integridade dos arquivos, não o conteúdo deles. Para o professor Abrúcio, a investigação deve ser feita de maneira cautelosa e séria, pois só desta maneira poderá ser comprovada alguma denúncia com a gravidade feita pelos governos colombiano e norte-americano. “Os dados têm que se tornarem públicos. Caso contrário, a situação beneficiará o governo de Chávez, que se colocará como vítima de uma chantagem.”
Outra visão para o conflito diplomático é apresentada pelo especialista em América Latina e professor de economia da Universidade Federal de Santa Catarina Nildo Ouriques. Ele acredita que essa informação - da ligação dos governos venezuelano e equatoriano com as Farc - não tem credibilidade, pois a Interpol é controlada pelos EUA.
“A divulgação do relatório não foi uma surpresa. Surpresa foi o fato de os computadores terem sobrevivido a um bombardeio que dizimou tudo e ficarem intactos, com os arquivos perfeitos, para a investigação.”
Segundo Ouriques, o episódio fará os países atinos questionarem a credibilidade da Interpol, que trabalha para os Estados Unidos. Ele disse que o objetivo maior norte-americano é impedir um acordo de paz na Colômbia, e por isso não há o reconhecendo das Farc como força legítima beligerante. “Caso houvesse paz na Colômbia, os EUA perderiam o grande aliado na região, pois Uribe está muito ligado com todo o narcotráfico.”
De acordo com o especialista Fernando Abrúcio, o Brasil deve esperar para que exista uma confirmação das hipóteses para depois agir. “Acredito que se ficar mesmo comprovado o envolvimento venezuelano com as Farc o Brasil deve condenar a ação.”
Nesta sexta-feira (16), o principal assessor internacional da presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia, disse que a Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que será realizada na próxima semana em Brasília, pode ser uma oportunidade de aproximação entre Colômbia, Equador e Venezuela
Presidente do Equador diz que renuncia se tiver relação com Farc
Declaração vem no mesmo dia em que Caracas reclama de incursão militar colombiana.
Enviada especial da BBC Brasil a Lima - O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado que renunciará à Presidência do seu país se for comprovado que seu governo mantêm relações com as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC).
A crise na região andina, que envolve os governos da Colômbia, Equador e Venezuela, recobrou forças nesta quinta-feira quando a Interpol emitiu um informe certificando que a polícia colombiana não teria alterado os documentos que, de acordo com o governo da Colômbia, vinculam Correa e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, à guerrilha.
"Se eu tenho a menor relação com as Farc como candidato ou como presidente, coloco à disposição do povo equatoriano e de toda América Latina meu cargo como presidente", afirmou Correa em seu programa semanal de rádio, transmitido a partir de Lima, onde ele participou da 5ª Cúpula da América Latina, Caribe e União Européia.
A crise diplomática teve início no dia 1º de março, quando o Exército colombianorealizou uma incursão militar no Equador para eliminar um acampamento da guerrilha. Na operação, foi morto o que era considerado como o "chanceler" das Farc, Raúl Reyes. Desde então, o governo do Equador rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.
"Não estamos falando de dois compadres que brigaram, estamos falando do primeiro bombardeio na história da América Latina com bombas inteligentes a um país irmão. Pela primeira vez na América Latina, um conflito se exporta aos demais países", disse Correa pouco depois, desta vez em entrevista coletiva.
"Aqui, houve um agressor e um agredido, e em vez de pedir perdão, continuou uma campanha midiática irresponsável que nos vinculou às Farc", acrescentou.
Correa disse que não dá importância às conclusões da Interpol.
O governo de Álvaro Uribe diz que nos documentos há registros de que as Farc teriam financiado parte da campanha eleitoral presidencial de 2006. Correa nega. "Jamais foi recebida contribuição ilegal", argumentou.
De acordo com Correa, Álvaro Uribe estaria utilizando os documentos encontrados no computador das Farc para desviar o foco de atenção sobre seu governo, que tem sido relacionado a grupos paramilitares.
Nova incursão militar
Neste fim de semana, a situação se complicou na fronteira entre Colômbia e Venezuela. De acordo com o governo venezuelano, neste sábado, cerca de 60 militares colombianos foram interceptados no estado de Apure e teriam sido "obrigados" a sair.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela qualificou a incursão como um "ato de provocação". Em uma nota oficial divulgada neste sábado, a chancelaria "exige que o governo colombiano vele pelo fim imediato destas violações do direito internacional, da soberania e da integridade territorial da Venezuela", diz o comunicado.
Álvaro Uribe afirmou neste sábado que "pedirá desculpas" se for comprovado por seu governo o ingresso dos efetivos militares colombianos no país vizinho.
"Vamos pedir ao ministério de Defesa e aos altos comandos militares que olhem cuidadosamente", afirmou Uribe durante entrevista coletiva no Palácio de governo, em Bogotá.
Na quinta-feira, Chávez anunciou que as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia entraram em "profunda revisão", no mesmo dia em que foi anunciado o relatório da Interpol. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
DEFESA@NET 16 Maio 2008 | Exclusivo DEFESA@NET |
AS FARC DESNUDADAS GenBda R/1 Alvaro de Souza Pinheiro Forças de Operações Especiais colombianas capturaram valiosas fontes de informações por ocasião da incursão em território equatoriano que, em 1º de março do corrente ano, resultou na eliminação de uma das mais significativas lideranças das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). À medida que o tempo passa, as autoridades de segurança colombianas tornam públicas algumas dessas informações, possibilitando a elaboração de análises conclusivas, tanto sobre o planejamento e a execução daquela complexa operação especial, “Operación Fénix”, quanto sobre vários aspectos extremamente controvertidos da atuação das FARC no contexto da atual geopolítica latino-americana. Na madrugada de sábado, 1º de março do corrente ano, uma Força Tarefa Combinada de Operações Especiais da Colômbia executou uma incursão extremamente audaciosa e muito bem sucedida sobre um acampamento localizado na região Norte do Equador, próximo à fronteira com a Colômbia. A “Operação Fênix”, como foi identificada, resultou na eliminação de Luis Edgar Devia Silva, mais conhecido pelo seu codinome, “Raúl Reyes”, que, até então, era considerado como o segundo homem na mais alta hierarquia das FARC. “Operação Fênix” Declarações de autoridades de segurança a órgãos de comunicação social colombianos e da mídia internacional enfatizam que a operação especial de incursão em território equatoriano se constituiu no clímax de uma operação de inteligência humana de longa duração, coordenada pela Direción de Inteligência de la Policia Nacional (DIPOL), cujos agentes, operando em conjunto com militares especializados, encontravam-se infiltrados no interior do território equatoriano, desde há um ano, quando obtiveram o dado de que Raúl Reyes estava visitando com freqüência um acampamento situado em região próxima à fronteira Norte do Equador com a Colômbia. Órgãos de comunicação social especializados, como é o caso do JANE’S TERRORISM & SECURITY MONITOR (em sua edição de abril de 2008) divulgaram, dentre outras informações, que a ação direta colombiana foi planejada com uma efetiva participação de agentes da inteligência israelense, dentre os quais, pelo menos 4 deles permaneceram na Colômbia por mais de um ano. Um Golpe Profundo A eliminação de Raúl Reyes foi universalmente considerada como um golpe profundo nas FARC. Ele pertencia ao chamado “Secretariado de los Siete Miembros”, constituinte do grupo de mais alto nível no sistema de comando e controle da organização. Identificado pelas autoridades colombianas como segundo em comando de Pedro Antonio Marin, codinome “Manuel Marulanda”, também conhecido pela alcunha de “Tiro Fijo”, comandante e fundador das FARC, Reyes era, juntamente com Guillermo Saenz Vargas , codinome “Alfonso Cano” e com Jorge Briceño Suárez, codinome “Mono Jojoy”, um dos três mais poderosos dirigentes das FARC, abaixo de Marulanda. Raúl Reyes, com 59 anos de idade e aparentando muito boa saúde, era considerado o mais provável sucessor do atual comandante. Reyes destacava-se, na atualidade, pelo trabalho que desenvolvia como chefe de relações internacionais e comunicações, desenvolvendo, com desenvoltura, um trabalho de intensivos contatos com governos estrangeiros, partidos políticos estrangeiros simpatizantes e organizações estrangeiras do crime organizado. Tornou-se famoso como o grande responsável pelo aborto das negociações de paz 1999-2002. Caracterizava-se por possuir um trânsito fácil em todos os escalões das FARC, enquanto os comandantes militares das diversas frentes de combate revolucionárias, em função da pressão exercida pelas ações ofensivas colombianas, mantinham-se cada vez mais isolados entre si. Sua morte se caracterizou como o mais significativo golpe psicológico sofrido pelas FARC, por ter ele sido o único membro do mais alto comando da organização a ser eliminado pelas forças de segurança, desde a sua fundação nos anos 1960. Essa baixa foi ainda mais sentida pelo fato de apenas alguns dias após, um outro membro do “Secretariado de los Siete Miembros” ter sido assassinado. A 6 de março, um guerrilheiro identificado como Pedro Pablo Montoya, apresentou-se a soldados do Exército Colombiano conduzindo a mão decepada de Manuel Jesús Muñoz, codinome “Ivan Rios”, bem como, seus documentos de identificação e memory sticks. Montoya, que era chefe da segurança de Rios, declarou que o fuzilou e a sua amante, três dias antes, enquanto dormiam, na tentativa de obter a gratificação prometida pela captura ou eliminação dos membros do Secretariado. O Ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, referiu-se ao assassinato de Rios por um desertor das FARC como uma demonstração inequívoca de que a organização está vivenciando graves conflitos internos. José Obdulio Gaviria, um alto assessor do Presidente Alvaro Uribe, enfatizou em meados de março deste ano que, na atualidade, as FARC estão reduzidas a 4 esparsos grupos armados. Esta declaração é, indiscutivelmente, exagerada. Porém, a muito bem sucedida operação especial de eliminação de Reyes e o assassinato de Rios por um desertor são consideradas evidências claras e significativas de que as FARC perderam a iniciativa e foram colocadas numa situação defensiva extremamente adversa. As Revelações Digitalizadas Assessorada por agentes do FBI norte-americano e da INTERPOL, a DIPOL colombiana está engajada na recuperação e no exame dos dados contidos tanto no laptop quanto nos hard drives. O Ministério da Defesa da Colômbia acredita que a tarefa de análise de todos os arquivos, que são da ordem de alguns milhares, demandará semanas de trabalho para sua conclusão. Mas, algumas informações já foram produzidas e divulgadas ao público por diferentes órgãos de comunicação social, com destaque para o jornal diário “El Tiempo”, de Bogotá. E demonstram inequivocamente que o sistema de comando e controle das FARC passa por momentos de grande pressão. Um e-mail enviado por Raúl Reyes, em 13 de julho de 2007, ao encarregado de sua segurança, Angel Gabriel Losada, codinome “Edgar Tovar”, comandante da Frente 48 das FARC, registra que Alfonso Cano, um dos membros do Secretariado, encontrava-se incomunicável. Cano, uma figura política chave da organização viu-se, nos últimos meses, fortemente perseguido pelas forças de segurança, as quais estiveram muito próximas de capturá-lo na Província de Tolima. Outra comunicação revela que em 4 de agosto de 2007, um comandante das FARC, que se identifica como “Daniel” envia mensagem a Milton Toncel, codinome “Joaquin Gómez”, militante que veio a substituir Raúl Reyes, após a sua morte, alertando sobre os riscos conseqüentes das operações altamente descentralizadas e simultaneamente desencadeadas, em diferentes áreas, por unidades leves, dotadas de grande mobilidade tática, oportunamente apoiadas por aeronaves de asa fixa e móvel, tanto do Exército quanto da FAC. Conexões com Chávez e Correa De todas as informações até agora tornadas públicas, as mais impactantes são aquelas que abordam as atuais relações das FARC com governos estrangeiros simpatizantes, principalmente com os da Venezuela e do Equador. Mensagens eletrônicas trocadas ao final de 2007 e ao início de 2008 indicam que o Governo de Chávez estava trabalhando no sentido de incrementar a legitimidade política das FARC, além do oferecimento de significativo suporte financeiro. A Ponta do Iceberg Sem dúvida alguma, é possível que muitas das informações obtidas com base nos files do laptop de Raúl Reyes estejam sendo politicamente exploradas e que sua veracidade possa ser questionável, em função da divulgação de desinformação intencional. Entretanto, não resta a menor dúvida de que os colombianos estão de posse de um acervo extremamente valioso de dados que estão lhes proporcionando uma inteligência crucial no desencadeamento de futuras operações contra as FARC, tanto no nível estratégico quanto nos níveis operacional e tático. Operações essas que já estão sendo executadas, embora seus resultados sejam ainda mantidos em sigilo. |
O 12/5 Comentários sobre os Ataques do PCC - Defesa@Net
http://www.defesanet.com.br/dn/08JUN06.htm
O COMBATE AO TERRORISMO - O Antiterrorismo e o Contraterrorismo - 22 março 2004 - Gen BdaR/1 Alvaro Pinheiro - Analista Militar especialista em Guerra irregular
http://www.defesanet.com.br/noticia/terrorismo.htm
NARCOTERRORISMO - O Flagelo do Século XXI © - Gen Bda R/1 Alvaro de Souza Pinheiro - Analista Militar especialista em Guerra irregular http://www.defesanet.com.br/terror/narcoterrorismo.htm
United Nations Office on Drugs and Crime Launches Andean Coca Surveys for Bolivia, Colombia and Peru - Junho 2005
http://www.defesanet.com.br/intel/undoc_andean_coca.htm
Aumenta 3% cultivo de coca en región andina, señala UNODC - Junio 2005
http://www.defesanet.com.br/intel/undoc_andean_coca_esp.htm
Video Reportagem sobre o Projeto Nuclear da Venezuela:
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