Galvani vai explorar mina de Itataia

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Exploração em Itataia: projeto esperado há 30 anos deve aguardar um ano e meio para começar (Foto: Manoel Lima)


A Galvani, segundo a INB, apresentou a melhor proposta e irá arcar sozinha com investimento de US$ 377 milhões

Supreendendo analistas de mercado e representantes do governo, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) anunciou ontem, em sua sede no Rio de Janeiro, a empresa que atuará como parceira na exploração da reserva de Santa Quitéria (mina de Itataia). A Galvani, segundo o presidente da INB, Alfredo Tranjan Filho, apresentou a melhor proposta e irá arcar sozinha com os US$ 377 milhões a serem utilizados na construção das usinas no local.

O anúncio marca a concretização de um projeto que dura mais de 30 anos. O Diário do Nordeste divulgou com exclusividade o início deste processo com a procura da INB por parceiro privado para a exploração, em 28 de julho de 2007.

´Depois de oito meses de discussões, chegamos à conclusão de que, entre as três empresas que apresentaram proposta, a Galvani é a que atendia melhor aos anseios da INB, é quem dá o melhor retorno econômico´, afirmou Tranjan, após a reunião do Conselho de Administração, que corroborou com a decisão já tomada — como informado com exclusividade pelo Diário do Nordeste — pela diretoria executiva da empresa.

´Sob o ponto de vista técnico, ela atende a todos os requisitos que a gente entende serem importantes e que nos traz o menor nível de risco´, acrescenta o executivo. A Galvani concorreu com a Vale — a qual o mercado esperava que saísse vencedora — e com a Bunge Fertilizantes.

A partir de agora, as duas empresas já começam a trabalhar juntas. O próximo passo é o fechamento do contrato de consórcio, cuja elaboração está em discussão entre as partes. ´Queremos resolver essa questão o quanto antes´, garante.

É a primeira vez que uma empresa privada entra no negócio de exploração de urânio no Brasil, cuja atividade é de exclusividade da INB (ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia). À Galvani caberá o trabalho de dissociar o fosfato do urânio na reserva, ficando com a comercialização do primeiro e repassando o segundo à INB. Entretanto, os investimentos para a construção das usinas tanto de fosfato, quanto de urânio na localidade ficará a cargo da Galvani. Para construir três ou quatro unidades (quantidade ainda a ser definida na elaboração do contrato) para o fosfato serão consumidos US$ 342 milhões e outros US$ 35 milhões para a unidade de beneficiamento do urânio.

A produção na reserva de Santa Quitéria será feita em duas etapas, com uma capacidade bem superior à esperada. Na primeira, serão exploradas 180 mil toneladas de fosfato. A previsão é de que, em 2014, ela esteja operando, mas há a possibilidade de, um ano antes, produzir em quantidades incipientes, mais em caráter de teste. Já em 2015, inicia-se a fase concreta, com a exploração de 240 mil toneladas/ano de fosfato, o que representa cerca de 1600 toneladas/ano de urânio. A Galvani deverá utilizar o mineral para produzir fertilizantes, até para atender à demanda nacional pelo produto. Hoje, são produzidos apenas 400 toneladas de urânio, que são retirados da reserva de Caetité, na Bahia. Essa produção é levada às usinas Angra 1 e 2.

A INB também está investindo na duplicação desta usina, fazendo com que, em 2015, conte-se com uma reserva de 2300 toneladas anuais, para suprir as oito novas usinas nucleares que deverão ser instaladas no País até 2030.

O urânio de Itataia deverá ser levado, inicialmente, à Angra 3. O excedente, por motivos estratégicos, não deve ser exportados.

FIQUE POR DENTRO
Como atua a Galvani S/A

Galvani é um grupo familiar brasileiro que entrou no mercado na década de 1930, iniciando nos segmentos de bebidas e transportes, no interior de São Paulo. Especializou-se no transporte e no manuseio de fertilizantes, implantando, em 1978, o entreposto de Paulínia (SP), que possui desvio ferroviário e armazéns para granéis sólidos. Lá, iniciou um dos maiores complexos industriais de produção de fertilizantes do Brasil, envolvendo a fabricação de ácido sulfúrico, superfosfato, granulação, mistura e ensaque de fertilizantes. Hoje, a Galvani é o único grupo de capital nacional que atua em toda a cadeia da produção de fertilizantes fosfatados. Atua na mineração, indústria, comércio e serviços, operando ainda na Bahia, onde administra duas unidades de mineração e um complexo industrial; em Minas Gerais, com uma unidade de mineração e em Mato Grosso, com uma unidade industrial.

SÉRGIO DE SOUSA
Repórter