História do Holocausto
Sob a doutrina racista do III Reich, cerca de 7,5 milhões de pessoas perderam a dignidade e a vida em campos de concentração, especialmente preparados para matar em escala industrial. Para os nazistas, aqueles que não possuíam sangue ariano não deveriam ser tratados como seres humanos. A política anti-semita do nazismo visou especialmente os judeus, mas não poupou também ciganos, negros, homossexuais, comunistas e doentes mentais. Estima-se que entre 5,1 e 6 milhões de judeus tenham sido mortos durante a Segunda Guerra, o que representava na época cerca de 60% da população judaica na Europa. Foram assassinados ainda entre 220 mil e 500 mil ciganos. O Tribunal de Nuremberg estimou em aproximadamente 275 mil alemães considerados doentes incuráveis que foram executados, mas há estudos que indicam um número menor, cerca de 170 mil. Não há dados confiáveis a respeito do número de homossexuais, negros e comunistas mortos pelo regime nazista. A perseguição do III Reich começou logo após a ascensão de Hitler ao poder, no dia 30 de janeiro de 1933. Ele extinguiu partidos políticos, instalou o monopartidarismo e passou a agir duramente contra os opositores do regime, que eram levados a campos de concentração -- em março de 1933 já havia 25 mil presos no campo de Dachau, no sul da Alemanha. Livros de autores judeus e comunistas -- entre ele Freud, Marx e Einstein -- foram queimados em praça pública. A intelectualidade, acuada, só assistia -- o Führer tinha o hábito de reprimir violentamente qualquer manifestação de protesto. Os condenados sofriam torturas, eram obrigados a fazer trabalhos forçados ou acabavam morrendo por fome ou doença. Eram também considerados inimigos do III Reich os comunistas -- embora Hitler tenha se associado à União Soviética para garantir a invasão da Polônia --, pacifistas e testemunhas de Jeová. Um após Hitler ter assumido o poder foram baixadas leis anti-judaicas iniciando o boicote econômico. Após a expulsão dos judeus poloneses da Alemanha, um jovem repatriado, Herschel Grynspan, assassinou em Paris o secretário da embaixada alemã, Ernst von Rath. Isso detonou entre os dias 9 e 11 de novembro de 1938 uma série de perseguições que ficaram conhecidas como a Noite dos Cristais. Centenas de sinagogas foram incendiadas, 20 mil judeus foram levados a campos de concentração e 91 foram mortos, segundo informações de fontes alemãs. Cerca de 7 mil lojas foram destruídas e os judeus ainda foram condenados a pagar uma multa de indenização de 1,5 bilhão de marcos.
Fileiras de corpos enchem o campo de concentração de Nordhausende, Alemanha, 4 de Dezembro de 1945
O que foi o Holocausto?
By Museu Judaico Via Site Refletir.com
Em 1933, Adolf Hitler subiu ao poder na Alemanha e estabeleceu um regime racista sob o enganoso título de Nacional-Socialista, ou do alemão NSDAP - Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Esse regime foi baseado na doutrina racial de acordo com a qual os alemães arianos pertencem à “raça Mestre” - Raça Pura, enquanto os judeus eram conhecidos como "Untermenschen", subumanos, que não faziam parte da raça humana.
Em 1939, o exército alemão invadiu a Polônia e deu início ao que se tornaria a Segunda Guerra Mundial. Uma série de vitórias fáceis no começo da guerra deu a Hitler a oportunidade em implementar suas idéias. Ele começou a aniquilação do povo judeu, especialmente em solo polonês, onde vivia o maior contingente de judeus da Europa. Documentos descobertos depois da guerra mostram que sua intenção era exterminar todo judeu no mundo. Para realizar seu plano, suas forças primeiramente concentraram os judeus em guetos; estabeleceram campos de concentração e de trabalho, em muitos casos simplesmente campos de extermínio, e transportaram os judeus para esses campos. Os que não eram aptos para o trabalho eram logo exterminados. A maioria dos outros morreram de inanição ou em virtude de doenças. Na frente oriental, à medida que ocupavam cidades e aldeias, os judeus iam sendo mortos por pelotões de fuzilamento ou por gás, em caminhões fechados.
Durante os seis anos de guerra, foram assassinados pelos nazistas aproximadamente seis milhões de judeus – incluindo 1,5 milhão que eram crianças – representando um terço do povo judeu naquela época. Esta decisão de aniquilar os judeus, já prevista desde 1924 no livro "Mein Kampf", de Adolf Hitler, foi uma operação feita com fria eficiência, um genocídio cuidadosamente planejado e executado. Foi única na história em escala, gerenciamento e implementação, e por essa razão recebeu um nome próprio – o Holocausto.
Menos de cinqüenta anos depois, grupos racistas de neonazistas e grupos anti-semitas tentam negar que o Holocausto tivesse alguma vez existido, ou afirmam que a escala foi muito menor. Existem algumas causas para esse chamado "revisionismo", especialmente políticas e anti-semitas. Alguns desejam limpar o nazismo de sua injúria maior; outros acreditam que o Estado de Israel foi estabelecido para compensar os judeus pelo Holocausto, e ao negar o Holocausto estão procurando destituir Israel de seu direito de existir. Este é o motivo pelo qual os que negam o Holocausto têm muito mais suporte nos países árabes.
Mas o Holocausto existiu, como atestam os testemunhos documentais e pessoais, e o povo judeu decidiu impedir que seja esquecido, para que, com sua lembrança, fique assegurado que o mundo não permitirá jamais que torne a acontecer com os judeus ou com qualquer outro povo ou grupo na Terra.
A negativa da existência do Holocausto é uma abominação e uma ameaça potencial para o mundo inteiro.
Perspectiva geral
Um aspecto do Holocausto restrito a Alemanha que o distingue de outros assassínios colectivos foi a metodologia aplicada a grupos diferenciados. Foram feitas listas detalhadas de vítimas presentes e potenciais, encontrando-se, assim, registros meticulosos dos assassínios.
Quando os prisioneiros entravam nos campos de concentração ou de extermínio, tinham de entregar toda a propriedade pessoal aos Nazis - que era catalogada detalhadamente e etiquetada, sendo emitidos recibos. Adicionalmente ao longo do Holocausto, foram feitos esforços consideráveis para encontrar meios cada vez mais eficientes de matar mais pessoas. Por exemplo, ao trocarem o envenenamento por monóxido de carbono, usado nos campos de extermínio de Belzec, Sobibór, e Treblinka para o uso de Zyklon-B em Majdanek e Auschwitz-Birkenau, na chamada Aktion Reinhard.
Ao contrário de outros genocídios que ocorreram numa área ou país específicos, o Holocausto foi levado a cabo metodicamente em virtualmente cada centímetro do território ocupado pelos nazistas, tendo os judeus e outras vítimas sido perseguidos e assassinados num espaço em que hoje existem 35 nações europeias e sido enviados para campos de concentração em algumas nações e campos de extermínio noutras nações.
Além das matanças maciças, os nazistas levaram a cabo experiências médicas em prisioneiros, incluindo crianças. O Dr. Josef Mengele, um nazi dos mais amplamente conhecidos, era chamado de Anjo da Morte pelos prisioneiros de Auschwitz pelos seus experimentos cruéis e bizarros.
Os acontecimentos nas áreas controladas pelos alemães só se tornaram conhecidos em toda a sua extensão depois do fim da Guerra. No entanto, numerosos rumores, relatos e testemunhos de fugitivos e outros, ainda durante a guerra, deram alguma indicação de que os judeus estavam a ser mortos em grande número. Houve protestos, como em 29 de Outubro de 1942Reino Unido, que induziram figuras políticas e da Igreja a fazerem declarações públicas manifestando o horror sentido pela perseguição de judeus na Alemanha. no
Prestando atendimento médico aos prisioneiros encontrados no campo de concentração de Wobbelin, Alemanha, 5 de Abril de 1945.
Campos de concentração e de extermínio
Campos de concentração para judeus e outros indesejados também existiram na própria Alemanha e, apesar de os campos de concentração alemães não terem sido desenhados para o extermínio sistemático — os campos para esse fim situavam-se todos no Leste europeu, a maioria na Polónia —, muitos prisioneiros morreram por causa das más condições ou por execução.
Alguns campos, tais como o de Auschwitz-Birkenau, combinavam trabalho escravo com o extermínio sistemático.
À chegada a estes campos, os prisioneiros eram divididos em dois grupos: aqueles que eram demasiado fracos para trabalhar eram imediatamente assassinados em câmaras de gás (que por vezes eram disfarçadas de chuveiros) e seus corpos eram queimados, enquanto que os outros eram primeiro usados como escravos em fábricas e empresas industriais localizadas nas proximidades do campo.
Os alemães também organizavam grupos de trabalho auto-sustentável entre os prisioneiros para trabalhar na reciclagem dos cadáveres e na colheita de certos elementos. Para alguns historiadores, os dentes de ouro eram extraídos dos cadáveres e cabelos de mulher (raspado das cabeças das vítimas) antes de entrarem nas câmaras incineradoras. Acreditam eles que esses produtos eram reciclados da seguinte forma: o ouro, fundido e usado na confecção de jóias; os cabelos, tecidos em tapetes e meias; a gordura, reprocessada para combustível.
Cinco campos — Belzec, Chelmno, Maly Trostenets, Sobibor, e Treblinka II — foram usados exclusivamente para o extermínio.
Nestes campos, apenas um pequeno número de prisioneiros foi mantido vivo para assegurar a tarefa de desfazer-se dos cadáveres de pessoas assassinadas nas câmaras de gás.
O transporte era frequentemente realizado em condições horríficas, usando vagões ferroviários de carga, abarrotados e sem quaisquer condições sanitárias. A organização logística envolvida no transporte ferroviário de milhões de pessoas com registros cuidadosamente catalogados e arquivados foi uma tarefa de um considerável grupo de pessoas pertencentes ao Partido Nazista.
Judeus
Em 1 de Abril de 1933, os nazis, recém-eleitos, organizaram, sob a direcção de Julius Streicher, um dia de boicote a todas as lojas e negócios pertencentes a judeus na Alemanha.
Esta política ajudou a criar um ambiente de repetidos actos anti-semitas que iriam culminar no Holocausto. As últimas empresas pertencentes a judeus foram fechadas a 6 de Julho de 1939.
Em muitas cidades da Europa, os judeus tinham vivido concentrados em zonas determinadas. Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, os nazis formalizaram as fronteiras dessas áreas e restringiram os movimentos criando novos guetos, aos quais os judeus ficavam confinados.
Os guetos eram, com efeito, prisões nas quais muitos judeus morreram de fome e de doenças; outros foram executados pelos nazis e seus colaboradores. Campos de concentração para judeus existiram na própria Alemanha. Durante a invasão da União Soviética, mais de três mil unidades especiais de morte (Einsatzgruppen) seguiram a Wehrmacht e conduziram matanças maciças de oficiais comunistas e de população judaica que vivia no território soviético. Comunidades inteiras foram dizimadas, sendo rodeadas, roubadas de suas possessões e roupa, e alvejadas de morte nas bermas de valas comuns.
Em Dezembro de 1941, Hitler tinha finalmente decidido exterminar os judeus da Europa. Em Janeiro de 1942, durante a Conferência de Wannsee, vários líderes Nazis discutiram os detalhes da Solução final da questão judaica (Endlösung der Judenfrage).
O Dr. Josef Buhler pressionou Reinhard Heydrich a dar início à Solução Final no Governo Geral. Eles começaram a deportar sistematicamente populações de judeus desde os guetos e de todos os territórios ocupados para os sete campos designados como Vernichtungslager, ou campo de extermínio: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Maly Trostenets, Sobibor e Treblinka II.
Eslavos
Os polacos foram um dos primeiros alvos do extermínio de Hitler, como ficou sublinhado no seu discurso sobre a quota arménia, que fez a comandantes da Wehrmacht antes da invasão da Polónia em 1939.
A elite intelectual e socialmente proeminente ou pessoas poderosas foram os primeiros alvos, apesar de também ter havido assassínios em massa e instâncias de genocídio (donde se destaca Ustaše, na Croácia).
Durante a Operação Barbarossa, a invasão alemã da União Soviética, centenas de milhares (senão mesmo milhões) de prisioneiros de guerra pertencentes ao exército russo foram arbitrariamente executados nos campos pelos exércitos invasores alemães (em particular pelas famosas Waffen SS), ou foram enviados para campos de extermínio simplesmente porque eram de extração eslava. Milhares de vilas de lavradores russos foram aniquiladas pelas tropas alemãs mais ou menos pela mesma razão.
No entanto, sabe-se que inúmeros ucranianos combateram tenazmente a favor dos nazis quando da invasão à URSS, considerando o duro martírio por eles sofrido, viam os nazistas como libertadores.
Ciganos
Antropólogos alemães foram forçados a enfrentar o facto de os ciganos serem descendentes dos invasores arianos, que regressaram à Europa. Ironicamente, isto torna-os não menos arianos que os próprios alemães, pelo menos na prática, senão em teoria. Este dilema foi solucionado pelo professor Hans Gunther, um conhecido cientista racial, que escreveu:
- «Os ciganos retiveram na verdade alguns elementos da sua origem nórdica, mas eles descendem das classes mais baixas da população dessa região. No decurso da sua migração, eles absorveram o sangue dos povos circundantes, tornando-se assim uma mistura racial oriental, asiática-ocidental com uma adição de ascendência indiana, centro-asiática e europeia.»
Como resultado, apesar de medidas discriminatórias, alguns grupos de ciganos de etnia Roma, incluindo as tribos alemãs dos Sinti e Lalleri, foram dispensados da deportação e morte. Os ciganos restantes sofreram muito como os judeus (em alguns momentos foram ainda mais degradados). No Leste europeu, os ciganos foram deportados para os guetos judeus, abatidos pela SS Einsatzgruppen nas suas vilas, e deportados e gaseados em Auschwitz e Treblinka.
Homossexuais
Homossexuais foram um outro grupo alvo durante o tempo do Holocausto. No entanto, o partido nazi não fez qualquer tentativa sistemática de exterminar todos os homossexuais; de acordo com a lei nazi, ser homossexual em si não era uma razão de prisão. Alguns membros proeminentes da liderança do partido Nazi eram conhecidos (segundo outros líderes nazis) por serem homossexuais, o que pode explicar o facto de a liderança ter mostrado sinais contraditórios sobre a forma de lidar com o tema. Alguns líderes queriam claramente o extermínio dos homossexuais; outros queriam que os deixassem em paz, enquanto que outros queriam a aplicação de leis que proibissem actos homossexuais, mas de resto permitindo aos homossexuais viver tal como os outros cidadãos.
Estimativas quanto ao número de pessoas mortas pela razão específica de serem homossexuais variam muito. A maioria das estimativas situa-se por volta dos dez mil.
Números mais elevados incluem também aqueles que eram judeus e homossexuais, ou mesmo judeus, homossexuais e comunistas. Para além disso, registros sobre as razões específicas para o internamento são inexistentes em muitas áreas.
Os Homossexuais constituíam um dos grupos perseguidos pelo regime nazi. Antes do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade liberal, com bares e cabarets frequentados pela comunidade homossexual. Magnus Hirschfeld tinha começado aí, um movimento pelos direitos dos homossexuais durante o virar do século. Contudo, estes movimentos foram duramente reprimidos pelo Partido Nazi.
A ideologia nazi sustentava que a homossexualidade era incompatível com o Nacional Socialismo, já que não permitia a reprodução, necessária para perpeturar a raça superior. Da mesma forma, a masturbação era considerada perniciosa pelo Reich.
Ernst Röhm, líder das SA, a primeira milícia do Partido Nazi, um dos homens de confiança de Hitler que o ajudou a ascender ao poder, era homossexual e foi assassinado em 1934. O mesmo se passava com outros líderes, como Edmund Heines.
Hitler protegeu, inicialmente, Röhm de outros elementos do Partido Nazi que consideravam a sua homossexualidade como uma violação grave da política fortemente homofóbica do partido. Hitler, mais tarde, ao considerar que este podia ser, de facto, uma ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na chamada Noite das facas longas. Durante o holocausto, a perseguição continuou, tendo muitos sido enviados para campos de concentração. As estimativas sobre o número de homossexuais mortos nos campos varia muito, de 5.000 a 15.000, consoante os autores.
O sofrimento dos homossexuais não terminou depois do fim da guerra, uma vez que as leis anti-homossexuais dos Nazis não foram suprimidas, tal como aconteceu com as leis anti-semíticas, por exemplo. Alguns homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados pelo Governo Militar Aliado do pós-guerra na Alemanha. Outros, ao regressar a casa e aos seus países de origem tiveram que manter o silêncio sobre o seu sofrimento, por medo de discriminação, pois as chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por cair na Europa Ocidental nos anos 1960s e 1970s.
As estimativas variam fortemente quanto ao número de homens gay que morreram nos campos de concentração durante o Holocausto, situando-se entre os 5.000 e os 15.000. Os números mais elevados incluem gays que eram Judeus e / ou comunistas. Os registos referentes às razões do internamento em muitos casos não existem, tornando difícil estimar com precisão quantos homens gay pereceram nos campos da morte. Ver triângulo rosa.
Os homens gay sofreram tratamentos invulgarmente cruéis nos campos de concentração. Para além de serem agredidos pelos guardas alemães, eram perseguidos muitas vezes também pelos outros prisioneiros. Sob a política Arbeit macht frei ("Libertação pelo Trabalho") nos campos de trabalhos forçados, recebiam regularmente os trabalhos mais pesados ou perigosos. Os soldados das SS utilizaram muitas vezes o triângulo rosa, que os homens gay eram obrigados a usar, como alvo para prática de tiro.
Este tratamento cruel pode ser atribuído tanto às opiniões dos guardas das SS como às atitudes homofóbicas generalizadas na sociedade alemã da época. A marginalização dos gay na Alemanha reflectia-se nos campos de concentração. Muitos foram espancados até à morte por outros prisoneiros. Outros morreram às mãos de médicos Nazis em experiências "científicas" destinadas a localizar o "gene gay" de forma a encontrar "curas" para as futuras crianças arianas que fossem gay.
Pierre Seel, um sobrevivente francês gay do Holocausto, teve a coragem de contar as suas experiências sob controlo Nazi. Quando estes subiram ao poder e ocuparam a sua cidade natal, Mulhouse, na Alsácia-Lorena, o seu nome constava de uma lista de gays e ele foi mandado apresentar na esquadra da polícia. Obedeceu para proteger a sua família de possíveis retaliações. Ao chegar à esquadra ele, e outros homens gay, foram espancados. A alguns, que tentaram resistir, foram-lhe arrancadas as unhas. Outros foram violados com réguas de madeira partidas e ficaram com os intestinos perfurados, causando graves hemorragiasa. Depois de ser preso foi enviado para o campo de concentração de Schirmeck, onde foi forçado a assistir, conjuntamente com os outros prisioneiros em formatura, à execução do seu jovem namorado de dezoito anos de Mulhouse. Steel conta que os guardas o despiram completamente, enfiaram-lhe um balde de metal na cabeça e atiçaram os seus cães pastores alemães que o morderam até à morte.
Estes tratamentos cruéis explicam a alta taxa de mortalidade dos homens gay nos campos de concentração quando comparada com a de outros "grupos anti-sociais". Um estudo de Ruediger Lautmann concluiu que 60% dos homens gay internados em campos de concentração não sobreviveram, comparado com 41% dos prisioneiros políticos e 35% dos Testemunhas de Jeová. O estudo refere também que as taxas de sobrevivência de homens gay foram ligeiramente para os que eram originários das classes média ou alta ou para os que eram bissexuais casados e com filhos.
Testemunhas de Jeová
Em 1933, mesmo ano em que Adolf Hitler foi nomeado novo chanceler da Alemanha , Hitler com sua ideologia nazista lançou uma campanha para aniquilar as Testemunhas de Jeová. No ano de 1935 elas estavam proscritas em toda nação ariana.
Quando Hitler assumiu o poder teria dito em um de seus discursos:
Depois disto, o estado nazista desencadeou uma das mais bárbaras perseguições contra cristãos já registrada na história. Milhares de Testemunhas de Jeová na Alemanha, Áustria, Polônia, Tchecoslováquia, Países Baixos e França, dentre outros, foram lançados em campos de concentração.
As Testemunhas de Jeová foram perseguidas na Alemanha nos anos de 1933 a 1945. naquele tempo eram conhecidas como Bibelforscher (Fervorosos Estudantes da Bíblia), isto se devia ao fato de que as Testemunhas de Jeová não faziam alianças com o partido Nazista, recusando servir as forcas armadas,e por isso eram detidas, em campos de concentrações, ou de outra forma aprisionadas durante o Holocausto.
Ao contrário dos Judeus, homossexuais e ciganos, que eram perseguidos por razoes raciais, politicas e sociais, as Testemunhas de Jeová foram perseguidas unicamente por por suas ideologias religiosas. O governo Nazista deu as testemunhas de Jeová, a única opção de renunciar a sua fé, submetendo-se à autoridade do estado, e as forças armadas alemãs. Somente então estariam livres para deixar a prisão ou os campos.
Aproximadamente 12.000 testemunhas de Jeová foram enviadas aos campos de concentração onde foram forçadas a usar o triângulo roxo que os identificava especificamente como testemunhas de Jeová. Aproximadamente 2.500 de seus membros que estavam encarcerados perderam suas vidas sob o regime nazista.[3] Todos perderam seu emprego, muitos foram enviados as prisões regularmente. Pouquíssimos assinaram a declaração nazista.
Doentes mentais e deficientes
A 18 de Agosto de 1941, Adolf Hitler ordenou o fim da eutanásia sistemática dos doentes mentais e deficientes, devido a protestos na Alemanha.
Extensão do Holocausto
O número exacto de pessoas mortas pelo regime nazi continua a ser objecto de pesquisa.
Documentos liberados recentemente do segredo no Reino Unido e na União Soviética indicam que o total pode ser algo superior ao que se acreditava. No entanto, as seguintes estimativas são consideradas muito fiáveis.
- 6.0 – 7.0 milhões de polacos
- dos quais 3.0 – 3.5 milhões de polacos judeus
- 5.6 – 6.1 milhões de judeus
- dos quais 3.0 – 3.5 milhões de judeus polacos
- 3.5 – 6 milhões de outros civis eslavos
- 2.5 – 4 milhões de prisioneiros de guerra (POW) soviéticos
- 1 – 1.5 milhões de dissidentes políticos
- 200 000 – 800 000 roma e sinti
- 200 000 – 300 000 deficientes
- 10 000 – 25 000 homossexuais
- 2 500 – 5 000 Testemunhas de Jeová[1]
Existe alguma polêmica em relação a estes números, principalmente entre grupos anti-semitas, mas não só. A obra de Norman Filkenstein, A Indústria do Holocausto defende que este número de mortes em campos de concentração (notadamente na Alemanha) e de extermínio (na Polônia) tem servido para obtenção de vantagens econômicas e também políticas.
Os triângulos
Face a enorme migração somada às grandes distancias que separavam os campos de concentração das indústrias bélicas alemãs, para efeito de identificação fora dos campos em vez de números , os administradores tiveram que elaborar uma solução geométrica de identificação que podia ser visualizada rapidamente. Os prisioneiros foram requeridos a usar triângulos coloridos nas suas vestes, cujas cores respondiam por seus endereços em campos que geralmente atendiam a sua nacionalidade e preferência política etc. , essa solução, tinha por objetivo facilitar as equipes de transportes (por caminhão) identifica-los mais rapidamente no retorno diário evidentemente após cumprirem suas missões dos centros industriais aos campos.
Apesar das cores variarem de campo para campo, as cores mais comuns eram:
- ▼ Amarelo
- judeus -- dois triângulos sobrepostos, para formar a Estrela de Davi, com a palavra "Jude" (judeu) inscrita; mischlings i.e., aqueles que eram considerados apenas parcialmente judeus, muitas vezes usavam apenas um triângulo amarelo.
- ▼ Vermelho
- dissidentes políticos, incluindo comunistas, sociais-democratas, liberais, anarquistas e maçons[1].
- ▼ Verde
- criminoso comum. Criminosos de ascendência ariana recebiam frequentemente privilégios especiais nos campos e poder sobre outros prisioneiros.
- ▼ Púrpura (roxo)
- basicamente aplicava-se a todos os objectores de consciência por motivos religiosos, por exemplo, as Testemunhas de Jeová, que negavam-se a participar dos empenhos militares da Alemanha nazista e a renegar sua fé assinando um termo declarando isto.
- ▼ Azul
- imigrantes. Foram usados, por exemplo, pelos prisioneiros Espanhóis que se exilaram em França a seguir à derrota na revolução Espanhola, e que mais tarde foram deportados para a Alemanha considerados como apátridas.
- ▼ Castanho
- ciganos roma e sinti.
- ▼ Negro
- lésbicas e mulheres "anti-sociais". (alcoólatras, grevistas, feministas, deficientes e mesmo anarquistas). Os Arianos casados com Judeus recebiam um triângulo negro sobre um amarelo.
- ▼ Rosa
- homossexuais.
Além do código das cores , alguns subgrupos tinham o complemento de uma letra localizada no centro do triângulo, para especificar prefixo do país de origem do prisioneiro, por exemplo:
- B para belgas.
- F para franceses.
- I para italianos.
- P para polacos.
- S para espanhois.
- T para tchecos.
- U para húngaros.
Funcionalismo versus Intencionalismo
Um tema frequente nos estudos contemporâneos sobre o Holocausto é a questão de funcionalismo versus intencionalismo. Os intencionalistas acham que o Holocausto foi planeado por Hitler desde o início. Funcionalistas defendem que o Holocausto foi iniciado em 1942 como resultado do falhanço da política nazi de deportação e das iminentes perdas militares na Rússia. Eles dizem que as fantasias de exterminação delineadas por Hitler em Mein Kampf e outra literatura nazi eram mera propaganda e não constituíam planos concretos (curiosamente esta foi também a estratégia da argumentação da defesa dos nazis perante os julgamentos de Nuremberga).
Outra controvérsia relacionada, foi iniciada recentemente pelo historiador Daniel Goldhagen, que argumenta que os alemães em geral sabiam e participaram com convicção no Holocausto, que teria a sua origem num anti-semitismo alemão profundamente enraizado. Goldhagen vê na Igreja cristã uma origem desse anti-semitismo. No seu livro A Igreja Católica e o Holocausto – uma análise sobre culpa e expiação, Goldhagen reflecte sobre passagens do Novo TestamentoMunique em 2003, Goldhagen colocou a seguinte questão: se em vez de frases como pelos seus pecados os judeus têm de ser punidos, ou os judeus desagradam a Deus e são inimigos de todos os homens Paulo de Tarso tivesse escrito no Novo Testamento semelhantes frases sobre outro grupo qualquer, os negros por exemplo, será que não se poderia dizer que o Novo Testamento é racista ? claramente anti-semitas. Numa conferência que fez em
Outros afirmam que sendo o anti-semitismo inegável na Alemanha, o extermínio foi desconhecido a muitos e teve de ser posto em prática pelo aparelho ditatorial nazi.
Goldhagen explora também o facto de milhões de alemães terem participado nas atrocidades da Guerra, afirmando depois da guerra, se acusados (o que raramente aconteceu), que eles tinham de seguir ordens para evitar represálias.
No entanto, houve alguns casos de alemães que recusaram participar nas matanças maciças e outros crimes e que não foram punidos em forma nenhuma pelos nazis. Alemães casados com judeus que optaram por se manter com o seu companheiro permaneceram não-castigados e suas esposas judias sobreviveram.
Revisionistas e negadores
Algumas pessoas que duvidam do Holocausto são classificadas como Revisionistas do Holocausto. Esses pesquisadores afirmam que muito menos de seis milhões de judeus tiveram seus últimos dias nos campos de concentração e que as mortes não foram o resultado da política deliberada dos alemães. Já outros grupos, denominados pelos judeus de Negadores de holocausto alegam que o Holocausto definitivamente nunca existiu. Ambas as teses são normalmente acompanhadas de números que entram em choque com os números amplamente aceitos.
É comum que as duas idéias sejam associadas imediatamente ao racismo, ao nazismo e ao neo-nazismo. Muitos que acreditam na versão histórica afirmam categoricamente que o revisionismo é uma forma de anti-semitismo e equivalente a negação do Holocausto.
Muitos revisionistas afirmam não serem anti-semitas, e que querem meramente contar a história como deve ser. Estas pessoas dizem que estão contentes por menos pessoas terem sido mortas do que previamente julgado e que desejam que outras pessoas interpretem os dados revisionistas como boas notícias. Porém, muitas vezes é possível identificar a divulgação de informações anti-semitas nos mesmos meios ou pelas mesmas pessoas que divulgam essas idéias.
Ambas as teorias possuem poucos defensores e são evitadas pelos historiadores dessa área porque o simples fato de não se acreditar na história do Holocausto judeu constitui crime grave em alguns países, sujeitando-se o pesquisador as penas previstas na legislação de seus países. Portanto, em alguns países, como a França, Alemanha, Áustria, Suíça e Israel, o revisionismo é crime. Em outros, como Canadá, Austrália e Brasil são passíveis de outras sanções.
Nesse último, o Brasil, o revisionismo é associado ao anti-semitismo e este foi considerado uma forma de racismo, crime hediondo, que segundo o parecer jurídico do Supremo Tribunal Federal[2] sujeita o infrator à pena máxima.
Ramificações políticas
O Holocausto teve várias ramificações políticas e sociais que se estendem até ao presente. A necessidade de encontrar um território para muitos refugiados judeus levou a uma grande imigração para o Mandato Britânico da Palestina, que na sua maior parte se tornou naquilo que é hoje o moderno Estado de Israel. Esta imigração teve um efeito directo nos Árabes da região, algo que é discutido nos artigos sobre o Conflito Israel-Árabe, o Conflito Israel-Palestiniano e nos outros artigos ligados a estes.
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