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Jean Charles de Menezes

Jean Charles de Menezes (Gonzaga, 7 de janeiro de 1978Londres, 22 de julho de 2005) foi um imigrante brasileiro confundido com um homem-bomba e morto no metrô de Londresbritânica, SO19. com oito tiros à queima-roupa, por forças da unidade armada da Scotland Yard

cresceu numa área rural do Brasil. Depois da descoberta de um talento precoce para a Eletrônica, ele deixou a fazenda, aos catorze anos, para morar com seu tio em São Paulo e prosseguir seus estudos. Aos 19 anos recebeu um diploma técnico da Escola Estadual São Sebastião. Entrou no Reino Unido, em 2002, com um visto estudantil, e com apenas quatro meses na Inglaterra já tinha um bom domínio do inglês e trabalhava para mandar dinheiro para a família.

Jean vivia há três anos no sul da capital inglesa e, segundo as autoridades, foi confundido com um terrorista árabe que teria participado dos atentados da véspera, contra ônibus e estações do metrô de Londres. O erro foi admitido pela Scotland Yard, que informou que o brasileiro não tinha nenhuma relação com qualquer grupo terrorista. Segundo ela, o acidente ocorreu porque o brasileiro se recusou a obedecer às ordens de parar, dadas pelas autoridades.

No entanto, as investigações da Comissão Independente de Investigação de Queixas da Polícia (CIIQ, em inglês) revelaram que Ian Blair, chefe da Scotland Yard, tentou impedir que a morte de Jean Charles fosse investigada.[1]

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O jornal britânico The Observer, em sua edição do Domingo, 21 de agosto de 2005, revelou que os três agentes que vigiavam Jean Charles não estavam armados nem uniformizados e não consideravam o brasileiro uma ameaça ou suspeito de portar armas ou bombas e só tinham a intenção de detê-lo. [2] No entanto, estes homens tinham ordens de ceder o controle da operação a grupos especiais das forças armadas (SAS[3]), caso estes interviessem. Os militares julgaram Jean uma grave ameaça e seguiram seu modus-operandi - atirar para matar.

O primo de Menezes, Alex Pereira, que morava com ele, afirmou que Menezes foi baleado por trás.

Segundo a Agência Brasil, o Ministério das Relações Exteriores publicou nota oficial na qual afirmou que o governo brasileiro ficou "chocado e perplexo" ao tomar conhecimento da morte do brasileiro, "aparentemente vítima de lamentável erro".

Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que "o Brasil sempre condenou todas as formas de terrorismo e mostrou-se disposto a contribuir para a erradicação desse flagelo dentro das normas internacionais", e que aguarda explicações das autoridades britânicas sobre as circunstâncias da morte de Jean Charles.

Em 16 de novembro, o jornal Daily Telegraph publicou uma reportagem acusando a polícia britânica de utilizar munição de ponta oca, conhecida como dundum, para matar Jean Charles. O armamento foi proibido pela Convenção da Haia de 1899, por motivos humanitários (o projétil se estilhaça dentro do corpo do indivíduo atingido, provocando dores lancinantes, o que normalmente não acontece com uma bala comum).

No dia anterior à execução, quatro atentados a bomba foram realizados em três lugares no metrô e num ônibus em Londres. Nem todos os perpetradores morreram no local, o que levou a polícia a fazer uma investigação em larga escala com o objetivo de caçar os fugitivos. Um indício material, encontrado em mochilas que não explodiram dos terroristas, levou os investigadores a um bloco de apartamentos de três andares em Scotia Road, Tulse Hill. Por volta das dez da manhã, agentes que observavam o local viram Jean sair do prédio de apartamentos onde morava com dois primos. Os agentes deveriam estar vigiando três homens de aparência somali ou etíope.

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Jean, que trabalhava como eletricista, acabara de receber uma chamada para consertar um alarme de incêndio quebrado em Kilburn. Os agentes seguiram-no por cinco minutos, até a parada de ônibus. Ele embarcou em um ônibus da linha número 2. Entre dez e quinze minutos depois, o ônibus chegou à estação de Stockwell. Jean telefonou para um colega de trabalho, Gésio de Ávila, dizendo que iria se atrasar por causa do congestionamento provocado pelos atentados do dia anterior. Fora da estação de Stockwell, a polícia alega que lhe ordenou que parasse, fato questionado pelas revelações preliminares da investigação independente [4], [5].

Inicialmente, a polícia alegou também que Jean trajava um pesado blusão, o que teria deixado os policiais preocupados com a possibilidade de que ele estivesse carregando explosivos escondidos junto ao corpo. O jornal britânico The Observer, no entanto, relatou que ele estava vestindo baseball cap, blue fleece and baggy trousers (boné, um casaco e calças largas). A Reuters relatou que, segundo uma testemunha do tiroteio, Mark Whitby, Jean Charles estaria usando um grande casaco de inverno e "parecia deslocado" ("looked out of place"). Outra testemunha, Anthony Larkin, "talvez interessado em fazer piada ou ridicularizar o precipitado julgamento" contou à BBC que Menezes parecia estar vestindo um "cinturão de bombas, com fios saindo ligados à uma tomada elétrica " ("bomb belt with wires coming out"). Nenhum artefato assim foi encontrado, mas sua ocupação como eletricista poderia explicar a presença dos fios nessa imagem, já que ele não carregava sua maleta de ferramentas, deixada com seu colega no fim do dia anterior. Ademais, na hora do tiroteio a temperatura em Londres era de dezessete graus centígrados, o que é fresco o suficiente para alguém criado em região de clima tropical, querer se vestir com agasalhos.

Foi dito também que o motivo para ele supostamente ter corrido de policiais sem uniforme, foi ter sido atacado, poucas semanas antes, por uma gangue de Skinheads - criminosos arruaceiros tolerados pela policia britânica e que costumam agredir pessoas de aparência semita. Se verdadeiro o fato, algumas pessoas conjecturam que, sendo o Brasil um dos países com alta taxa de homicídios, sair correndo foi uma reação instintiva de Menezes, quando abordado pelo grupo de homens à paisana .

Nos primeiros dias, havia relatos contraditórios sobre se os agentes disfarçados se identificaram devidamente, se tentaram contê-lo no chão ou se algum aviso foi dado antes de atirarem. O Comissário da Polícia Metropolitana, Sir Ian Blair disse, durante uma coletiva de imprensa, que o aviso foi dado antes de dispararem contra ele e que uma ambulância aérea foi chamada depois. Contudo o rapaz foi declarado morto instantaneamente.

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