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Sob pressão dos sindicatos, governo Re-estatiza a Aerolíneas

Janes Rocha - Valor Econômico

A companhia aérea Aerolíneas Argentinas passou ontem ao controle do Estado, depois de um acordo fechado na Justiça entre o Ministério do Planejamento, a Secretaria de Transportes, os representantes do grupo espanhol Marsans e cinco sindicatos de trabalhadores da companhia. O governo vai recomprar todo o pacote de ações que representam 95% do capital total da companhia (os demais 5% já pertenciam ao Estado) que estava nas mãos dos espanhóis desde 2001.

O secretário de Transportes, Ricardo Jaime, insistiu que não se tratava de uma estatização. Em entrevista à imprensa pela manhã, ele disse que a intenção do governo é recuperar o valor da empresa e revender as ações a um "organismo internacional", através de uma licitação pública.

Nos próximos dias, o governo vai contratar empresas de auditoria para iniciar o processo de "due dilligence" e definir o valor das ações. Mas os controladores reconheceram que a empresa tem dívidas totais no valor de US$ 860 milhões, sendo US$ 240 milhões exigíveis no curto prazo. O reconhecimento deste montante era uma exigência do governo para dar início ao processo de recompra e recuperação da principal companhia aérea do país.

As negociações para a retomada do controle da Aerolíneas pelo Estado vinham desde abril, quando o secretário Ricardo Jaime começou a pressionar os controladores do grupo Marsans diante das várias greves e dos constantes atrasos e cancelamentos de vôos. Em junho, a situação financeira da empresa se agravou com a perda de crédito bancário, culminando com o atraso dos salários. O governo pediu então a intervenção da Justiça e, em seguida, colocou 50 milhões de pesos para pagar os salários e o combustível.

A retomada do controle da Aerolíneas foi anunciada no dia em que o governo da presidente Cristina Kirchner sofreu sua pior derrota política (leia acima) e atende a uma demanda de sua agora principal base aliada: os sindicatos.

A Aerolíneas vinha com problemas financeiros desde o ano passado, quando pediu proteção à Justiça contra os credores. Mas suas finanças não só não melhoraram como foram piorando a cada dia. Segundo dados fornecidos pelos sindicatos de pilotos e do pessoal em terra ao jornal "La Nación", a empresa vinha perdendo US$ 1 milhão por dia desde outubro e faturava US$ 100 milhões por mês. A Aerolíneas não divulga balanços. Cerca de 60% da frota de aviões está parada por falta de combustíveis e peças.

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Governo espanhol vê como satisfatório acordo sobre Aerolíneas Argentinas

da Efe, em Madri via UOL

A vice-presidente de governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, qualificou de "satisfatório" o acordo alcançado com o governo argentino sobre a companhia aérea Aerolíneas Argentinas. O governo de Cristina Kirchner fechou um acordo com o grupo espanhol Marsans, que vai transferir 94,41% das ações da empresa aérea para o Estado.

O secretário de Transporte da Argentina, Ricardo Jaime, anunciou na última quinta-feira (17) que as companhias aéreas Aerolíneas Argentinas e Austral, controladas pelo grupo espanhol Marsans, passaram para as mãos do governo da Argentina.

Durante coletiva de imprensa, após reunião do gabinete ministerial espanhol, em Madri, Fernández de la Vega informou que o governo acompanhou as negociações da Marsans durante a negociação com o Executivo argentino. Ela disse ainda que o governo espanhol "tem trabalhado sempre para garantir que o acordo contenha sempre elementos que contribuam para a segurança política da Argentina".

Depois do acordo entre o governo argentino e o grupo Marsans, se inicia um período de dois meses em que se realizará uma auditoria interna para determinar o preço das ações que serão transferidas ao Estado, que já possui participação de 5% da companhia aérea.

Intervenção

Na última terça-feira (15), a Marsans admitiu, ante o juiz que avaliava processo de intervenção na empresa, dívida superior a US$ 800 milhões, incluindo o passivo exigível (valor de recursos de terceiros) de US$ 240 milhões.

Até então, a Marsans havia sustentado que a companhia tem dívidas exigíveis de US$ 240 milhões, enquanto o governo informava a cifra do passivo total.

O governo argentino havia solicitado na semana passada intervenção judicial na empresa, a fim de garantir as operações. A Marsans detinha 94,4% da Aerolíneas e 97% da filial Austral, enquanto que o governo argentino respondia por 5% na Aerolíneas e os empregados da companhia, por 0,60%.

A Aerolíneas Argentinas foi privatizada em 1990, quando foi adquirida pela espanhola Ibéria. Em outubro de 2001, o grupo Marsans passou a controlar a companhia com quase 95% das ações, por um valor simbólico de US$ 1, enquanto o Estado investiu US$ 700 milhões para cobrir passivos.