Em palestra, secretário-geral Pinheiro Guimarães diz que o País ganharia com maior comércio de armas
Alexandre Rodrigues
O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, defendeu ontem a maior integração das Forças Armadas da América do Sul como forma de intensificar o comércio de armas e equipamentos de defesa entre os países da região.
Para o embaixador, a proposta brasileira de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa pode contribuir para que o Brasil se beneficie da atual demanda militar dos países vizinhos. “Consideramos que há uma oportunidade de cooperação na indústria de defesa muito grande com os países da região. Apesar de não haver ainda na escala necessária, ela pode existir. Os países da região têm (em comum) Forças Armadas e necessidade de reequipamento”, afirmou Guimarães em palestra que fez ontem no II Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói.
O embaixador deu como exemplo a incapacidade do Brasil de cumprir um contrato recente com a Venezuela para a venda de aviões Supertucanos, da Embraer. Segundo ele, o País já havia vendido aviões para a Colômbia e não teve capacidade de atender aos dois pedidos. Para Pinheiro Guimarães, é preciso investir em pesquisa tecnológica na área militar, como forma de dar competitividade à indústria nacional bélica e de outros setores, a exemplo do que fazem países como Estados Unidos e Grã-Bretanha.
“Há um mercado muito grande e a América do Sul é importadora de equipamentos de defesa”, prosseguiu, lembrando que há muitos outros países de olho nessa demanda regional.
Sem citar países que resistem ao Conselho de Defesa, como a Colômbia, o embaixador admitiu que, apesar da aparente harmonia e ausência de conflitos, há divergências históricas na América do Sul. O governo brasileiro espera, disse ainda, que os países compreendam que é “a construção de confiança” a natureza da proposta. “O Conselho de Defesa não é contra nenhum país, nem de dentro, nem de fora da região. Devemos encará-la com naturalidade, como uma forma de contribuir para a integração econômica e política da região.”
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