Fonte: UOL

Gustavo Monge Praga, 8 jul (EFE) - A República Tcheca e os Estados Unidos firmaram hoje um acordo para instalar em território tcheco um radar do sistema de Defesa Nacional contra Mísseis americano, apesar de a Rússia ter advertido de que responderá com medidas militares se os EUA instalarem componentes do escudo no país vizinho.
Praga, que aderiu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em abril de 2004, deu, desta forma, um salto qualitativo em sua cooperação com Washington. O país também fechou uma nova etapa de afastamento da influência da Rússia, sob cuja tutela viveu durante quatro décadas no século passado, apesar de as ligações econômicas de ambas as partes terem se reativado com força. O radar antimísseis foi considerado um "marco significativo" pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que foi a Praga para assinar o acordo. "É um pilar não só para a segurança dos EUA e da República Tcheca, mas também da Otan e, em último lugar, de toda a comunidade internacional, porque enfrentamos grandes ameaças. A proliferação de mísseis balísticos não é uma ameaça imaginária", ressaltou Rice. O ministro de Exteriores tcheco, Karel Schwarzenberg, afirmou, após a assinatura, que "o acordo emana de uma política consistente da República Tcheca voltada a garantir a segurança" e "aprofundar nas relacões euro-atlânticas". Os Estados Unidos querem instalar também dez baterias interceptoras de foguetes na Polônia dentro do projeto antimísseis, mas o acordo sobre a questão passa por dificuldades, devido às exigências de Varsóvia para receber ajudas com as quais busca modernizar substancialmente os sistemas de defesa do país. O documento sobre o radar deve ainda ser ratificado pelo Parlamento tcheco, o que gera incerteza, devido à rejeição total da oposição social-democrata e comunista, que conta com a metade das cadeiras da Câmara Baixa, e as dúvidas do Partido Verde (SZ), membro da coalizão governamental. Os argumentos utilizados, principalmente pelos EUA, foram questionados pelo general russo Yevgeny Buzhinsky, enviado do Ministério da Defesa para as questões do radar e que discursou em uma conferência em Praga organizada pelo Partido Social-Democrata (CSSD). "O Irã não tem nem os meios, nem a tecnologia, nem a capacidade de fabricar mísseis de longo alcance, e menos intercontinentais", segundo o general, que afirmou que Teerã "possui velha tecnologia soviética para mísseis de um alcance máximo de dois mil quilômetros". Ele acrescentou que o Irã tentou obter capacidades para desenvolver foguetes de suficiente alcance para atacar Israel, "mas não conseguiu". O representante russo confirmou que Moscou continua achando o sistema antimísseis americano uma ameaça à segurança do país. "Somos, certamente, gente razoável e não temos em mente bombardear ninguém", ressaltou. A afirmação, no entanto, contrasta com uma mensagem divulgada hoje pelo Ministério de Exteriores russo, que advertiu hoje de que a Rússia responderá com medidas militares se os Estados Unidos chegarem a instalar componentes do sistema de defesa americano perto das fronteiras russas no Leste Europeu. "Se em frente a nossas fronteiras começar o desdobramento real do sistema estratégico de defesa antimísseis dos Estados Unidos, seremos obrigados a reagir com métodos militares e técnicos, e já não diplomáticos", afirmou o ministério. De acordo com a Rússia, "não resta dúvida" de que a aproximação de componentes do arsenal estratégico americano a território do país "pode ser empregado para enfraquecer o potencial russo de dissuasão". "Está claro que, nesta situação, a parte russa tomará medidas adequadas para compensar as ameaças potenciais à sua segurança nacional. Mas não somos nós que escolhemos isso", aponta o comunicado divulgado no site do ministério. Apesar da assinatura do acordo, Praga e Washington não concluíram ainda as negociações sobre o status e a jurisdição penal e fiscal do contingente americano que dirigirá o radar. Os países assinaram, além disso, um acordo sobre cooperação defensiva em matéria de ciência e pesquisa que facilitará que as empresas tchecas participem como prestadoras de serviço e fornecedoras durante a construção do dispositivo defensivo. Membros da organização ambientalista Greenpeace criticaram o pacto, pendurando um alvo gigante no pêndulo do Parque de Letna, onde, até finais dos anos 50, se encontrava o gigantesco monumento que homenageava Stalin.

Rússia ameaça República Checa
Responderemos com armas e tecnologia


Fonte: Area Militar

O ministro dos negócios estrangeiros da Rússia afirmou nesta Terça-Feira, que a Rússia será forçada a responder não apenas por meios diplomáticos, mas também utilizando meios militares e tecnológicos perante a instalação de sistemas de defesa anti-missil norte-americanos em países da Europa de Leste.

A violenta declaração russa, considerada por meios ocidentais como uma ameaça, ocorre no mesmo dia em que a secretária de estado norte-americana Condoleeza Rice assinou um acordo entre os Estados Unidos e a República Checa que vai permitir a instalação naquele país europeu, de um sistema de radar destinado a rastrear possíveis lançamentos de mísseis como origem a leste e destinados a atingir os Estados Unidos ou a Europa Ocidental.

Os Estados Unidos tem afirmado repetidas vezes que as instalações norte-americanas, radares e mísseis, se destinam única e exclusivamente a deter interceptar mísseis hostis que possam ser lançados contra a Europa por estados considerados perigosos, principalmente pelo Irão.

É no entanto claro, que embora as autoridades russas tenham recebido todas as garantias de que o sistema não poderá ser utilizado contra a Rússia, tendo mesmo sido permitida a vistoria das instalações por parte dos russos, ele não deixa de ser um sistema que desequilibra a relação de poder entre Estados Unidos e Rússia.

Razões da irritação russa
Os russos estão principalmente irritados, porque a colocação deste sistema na Europa, complica a vida aos novos mísseis russos Topol.

Missil iraniano Shahab: Um dos alvos do novo sistema
O sistema russo é extremamente sofisticado e praticamente impossível de atacar por sistemas anti-missil, porque quando chega à fase final do seu percurso, cada uma das ogivas pode ser dirigida para alvos alternativos.
Como os sistemas anti-missil dos Estados Unidos se baseiam no trajecto balístico para prever onde os hipotéticos mísseis russos cairiam, eles não têm tempo suficiente para fazer os cálculos e para atingir as ogivas dos sistema Topol.

Mas com a colocação de um sistema de defesa na Europa, mísseis modernos como o Topol podem encontrar um problema para o qual não foram pensados. Ou seja: Um sistema de intercepção que não pretende atingir os mísseis russos quando eles se aproximam do alvo, interceptando-os em vez disso na fase inicial do voo.

A Rússia reduziu consideravelmente o numero de mísseis operacionais e o numero de submarinos equipados com armamento nuclear, pretendendo basear a sua capacidade de dissuasão em sistemas mais modernos como o Topol, que quando foi lançado, era praticamente impossível de contrariar.

Por esta razão, e embora o sistema norte-americano possa ter efectivamente como objectivo garantir uma possível resposta a um ataque nuclear do Irão, ele também pode tornar ultrapassados os mais modernos mísseis russos.

Aparentemente essa não deixará de estar entre as principais razões de irritação do Kremlin.