http://www.defesabr.com/FAB/FAB_Futuro.jpg

O Faz de Conta


Editorial DEFESANET

O mundo surreal em que vive a administração Nelson Jobim à frente do Ministério da Defesa é infelizmente uma dura realidade para aqueles que estão fora da redoma dourada.

Co-habitando em seus planos de longo prazo com o Ministro Mangabeira Unger que juntos propõem uma estratégia de defesa para o Brasil a ser anunciado na próxima comemoração da data nacional brasileira o dia 07 de Setembro.

Para isto, juntos ou separadamente visitaram: França, Rússia Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, e outros.

Em todas as visitas prospecções pomposas com o objetivo de construir a nova Estratégia de Defesa Nacional.

Porém a realidade é muito mais prática e cobra soluções agora. No dia 11 de Julho a empresa Avibras Aeroespacial demitiu cerca de 350 funcionários de um total de uma força de trabalho de 1.000 pessoas.

No dia 14 de Julho a administração da Avibras entrou com um pedido de Recuperação Judicial. Pode ser mais uma crise na empresa, que inclusive já esteve em concordata, quando então o seu maior cliente, Saddam Hussein, não honrou suas dívidas.

A realidade apita e desnuda reportagens pró-administração Jobim e do próprio presidente Luiz Inácio.

Um cenário kafkiano construído ao longo dos últimos 18 meses. Quando adquiriu a sua primeira bateria do sistema ASTROS II, aquisição efetivada em 2001/2002, previu que poderia adquirir uma segunda. O sucesso operacional do ASTROS II e mais importante a liberdade estratégica que a Malásia teve em usar um sistema que não está vinculado ou têm restrições das potências dominantes na região (EUA, Rússia e China).

Há 18 meses foram finalizados os entendimentos para a aquisição da segunda bateria. Valor do contrato? Difícil saber mas certamente algo em torno de 200 a 300 milhões de dólares. E o contrato foi assinado há exatos 12 meses.

A Avibras Aeroespacial começou a trabalhar no mundo real: contratar e treinar funcionários, incorporar as modificações solicitadas pelo cliente, etc.

Até aqui mérito indiscutível da administração da Avibras, ainda com o Eng João Verdi no comando. Pois as autoridades malaias após inúmeras solicitações de audiência (em um período de 4 anos), com a autoridade que deveria estar sentada no terceiro andar do Palácio do Planalto. Sim pois entre as tantas viagens e tours pelo Brasil e pelo mundo afora.

Cansadas das negativas do Itamaraty e da mudez do Palácio do Planalto as autoridades malais decidiram mesmo assim concluir a compra com a empresa de Jacareí (SP). Resultado é que o terceiro andar do Palácio do Planalto continua mudo e inerte e talvez aborrecido com a realização da venda.

Os mundos surreal e irreal, do ministro Jobim nada faz ou não consegue sair da sua napoleônica contemplação do campo de batalha – “Brasileiros, do alto do terceiro andar do Palácio do Planalto a inação e o descompromisso com o Brasil vos contemplam”. “Eu, bem vou procurar uma sombra para refrescar a minha omissão.”

Infelizmente uma longa lista de autoridades que primam pela inação, descompromisso e omissão afeta as ações de defesa no Brasil.

Estamos defendendo uma empresa que vem apresentando um desempenho econômico modesto? Não, pois junto no pacote de compras do governo da Malásia estão aviões de vigilância e inteligência da EMBRAER.

O que leva ao governo Luiz Inácio e a gestão do ministro Nelson Jobim prejudicarem exatamente os dois únicos sistemas estratégicos produzidos no Brasil? A negativa de dar as garantias governamentais do governo brasileiro para sacramentar o negócio.

“However, US rocket systems (MLRS) were out-ranged by the Iraqi Astros II multiple rocket launcher (60km). Accurate targeting of Iraqi positions by ground and air units overcame this disadvantage” US DoD Conduct of the Persian Gulf War (1991)

Fato repetido em 2003, quando os alvos prioritários da USAF eram os ASTROS II.

Resta a pergunta: o que receberemos no dia 07 de Setembro?

"Aja ou saia, faça ou vá embora. Nunca explique, nunca se desculpe".