REUTERS via Estadão
As Forças Armadas brasileiras vão comprar helicópteros Super Cougar a serem construídos pela Helibras, subsidiária da Eurocopter no Brasil, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de assinatura em uma instalação da Helibras no centro de Minas Gerais.
"Essas instalações vão produzir aeronaves que vão servir nossas Forças Armadas e setores estratégicos da nossa economia, como a exploração de petróleo em plataformas", disse Lula.
A Eurocopter vai investir entre 300 milhões e 400 milhões de dólares para ampliar as instalações, disse a empresa em comunicado.
Ambos os lados ainda têm de negociar o número exato de helicópteros a serem comprados junto à Eurocopter, subsidiária da EADS .
Mas o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que o Brasil pretende comprar 50 modelos Super Cougar, o primeiro deles sendo entregue em 2010.
O ministro da Defesa da França, Herve Morin, cancelou uma planejada visita ao Brasil para a cerimônia de assinatura do acordo, disse um porta-voz do Palácio do Planalto.
Com o acordo, a França poderá transferir tecnologia e ajudar o Brasil a ampliar a capacidade de exportação de sua indústria de aviação, ajudando na montagem de componentes das aeronaves como motores e sistemas elétricos, diz a nota.
"Até 2010 nós queremos que o contingente doméstico das nossas compras de defesa subam para 50 por cento e até 2020, para 80 por cento", afirmou Lula.
Os dois países esperam firmar até dezembro uma aliança estratégica de defesa que inclui a construção de um submarino nuclear no Brasil.
O Brasil embarcou em um grande programa para atualizar e melhorar suas forças armadas, planejando comprar e construir equipamentos para defender reservas de petróleo em alto mar, e suas fronteiras na selva amazônica.
(Reportagem de Raymond Colitt)
DEFESA@NET 01 Julho 2008 Planalto 30 Junho 2008 | Planalto |
Discurso do presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de lançamento do pólo aeronáutico de
helicópteros de grande porte
Itajubá-MG, 30 de junho de 2008
DEFESA@NET O MoU do Super Cougar Nelson Düring - DEFESA@NET - http://www.defesanet.com.br/eads/br_4.htm Helicópteros de Ataque Mais que uma Licitação Decisão nas Próximas Semanas - 17 Abril 2008 - DEFESA@NET Licitação de Helicópteros: Ataque e Transporte - 27 outubro 2007 |
Meu caro governador do estado de Minas Gerais, Aécio Neves,
Meus caros diretores da Helibras,
Senhores empresários que vieram aqui, da França, para construir essa parceria extraordinária,
Senhor presidente da Eurocopter,
Meu caro presidente da EADS,
Meu caro Robson Braga, presidente da Fiemg,
Paulo Skaf, presidente da Fiesp,
Meus amigos e minhas amigas,
Trabalhadores e trabalhadoras da Helibras,
A parceria entre o Brasil e a França, no setor aeronáutico, remonta aos primeiros dias da aviação e tem como pioneiro o mineiro Santos Dumont. Nosso grande inventor nasceu aqui, nessas Minas Gerais, a cerca de 300 quilômetros do local onde estamos agora. Sua mente e sua criatividade voavam alto desde sua infância, no Brasil. Mas foi na França que ele conseguiu que um aparelho mais pesado que o ar também levantasse vôo, dando início a toda a história da aviação. É importante lembrar que os americanos não concordam com isso.
A cooperação bilateral neste setor, como todos sabem, aumentou em qualidade e intensidade nos mais de 100 anos que se passaram, desde aquele primeiro vôo, no Campo de Bagatelle. A parceria se refletiu num ótimo relacionamento entre nossas Forças Aéreas, na utilização dos Caça Mirage e na instalação da Helibras, há 30 anos, que possibilitou ao Brasil ocupar o posto que mantém até hoje: o de único produtor latino-americano de helicópteros.
Em fevereiro último, durante encontro na fronteira com o presidente Sarkozy, decidimos colocar em prática um plano de ação que aprofunda ainda mais a parceria estratégica entre nossos países nos mais diversos aspectos e, entre eles, a Defesa, a Aeronáutica e a tecnologia ocupam um lugar de extraordinário destaque.
Fotos do evento em Itajubá. Na foto ao lado o presidente Luis Inácio, os presidentes da EADS, Louis Gallois e Lutz Bertling, presidente da Eurocopter |
É dentro desse ritmo histórico de cooperação, portanto, que devemos compreender a implantação do pólo aeronáutico de helicópteros de grande porte, aqui, na nossa querida Itajubá. Este pólo fabricará as aeronaves que servirão às nossas Forças Armadas e a setores estratégicos da economia brasileira, como é o caso da exploração de petróleo em plataformas oceânicas, e será um importante centro de transferência de tecnologia e conhecimentos para a indústria brasileira.
A construção de helicópteros de grande porte no Brasil é mais uma prova de que nosso País reencontrou o caminho do desenvolvimento. Trata-se, afinal, de uma iniciativa estratégica sob os mais diferentes pontos de vista: da economia à defesa, da tecnologia à cooperação internacional. E é também fundamental para atingirmos uma meta estabelecida em nossa política de desenvolvimento produtivo: dobrar a exportação de helicópteros para a América Latina. Com isso, ampliaremos ainda mais a nossa liderança regional em todo o setor aeronáutico. Ocupamos, hoje, a terceira posição mundial no mercado de aeronaves civis. Nosso complexo industrial compreende cerca de 140 empresas, emprega 35 mil pessoas e fatura anualmente 6 bilhões e 500 milhões de dólares.
No que se refere à defesa, estamos também trabalhando com uma visão estratégica, que tem por objetivo recuperar e incentivar o crescimento da base industrial instalada, ampliar o fornecimento para as nossas Forças Armadas e, também, para atender a outros países. Queremos, até 2010, elevar em 50% o fornecimento nacional nas compras de Defesa; em 2020, elevar essas compras próximo a 80%. Estou certo de que será possível atingirmos essas metas, por mais ousadas que elas hoje possam parecer.
Contamos com uma base industrial sólida e com grande capacidade de renovação. Contamos também com a determinação do Estado em continuar investindo fortemente nos setores estratégicos, atraindo cada vez mais, investimentos da iniciativa privada. E contamos, sobretudo, com a criatividade e a extraordinária competência dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros.
Minhas amigas e meus amigos,
Quero agradecer e dar os meus parabéns a todos vocês, que de uma forma ou de outra, estão contribuindo para a implantação deste Pólo Aeronáutico de Helicópteros de Grande Porte. Trata-se de um grande esforço coletivo que reúne militares e civis, representantes do governo e da iniciativa privada, brasileiros e franceses, todos unidos sob a bandeira comum da cooperação e da amizade.
Meu caro governador Aécio Neves,
Meus caros senadores,
Ministros,
Quando me encontrei com o presidente Sarkozy e depois o Ministro Nelson Jobim esteve na França, junto com o nosso comandante da Marinha, não sei se o brigadeiro Saito foi junto... Nós tínhamos a convicção de que era preciso desafiar a França para a construção dessa parceria estratégica com o Brasil. E construir a parceria estratégica pressupunha que nós precisaríamos fazer aqui os investimentos necessários e tivéssemos o conhecimento e a parceria na expertise que a França tem na área da defesa. Não fica apenas na questão do helicóptero. Nós temos interesse em estabelecer parceria com a França na construção de submarinos e conhecer a tecnologia do submarino nuclear, para que possamos, em um futuro bem próximo, desenvolver o nosso próprio.
Tudo isso, será muito mais consolidado quando não estivermos apenas fazendo discursos de intenções, mas quando estivermos assinando os protocolos como esses que foram assinados aqui hoje e que consagram a Helibras, não como uma empresa produtora de helicóptero esquilo, mas como empresa produtora de helicópteros de grande porte. E para isso, foi preciso estabelecer uma relação de confiança. O Brasil precisa ter acesso à tecnologia, o Brasil precisa, através das nossas Forças Armadas, Aeronáutica, Exército e Marinha, ser o primeiro comprador desses aviões para poder garantir a produção aqui, porque certamente nenhuma empresa viria investir se não tivesse a certeza de um mercado incipiente. No caso, é o Estado brasileiro, através das Forças Armadas, que tem que dar o primeiro passo.
Em um segundo passo, quando as nossas Forças Armadas estiverem provando ao mundo que o helicóptero é de qualidade, certamente nós teremos todo um continente para vender esses helicópteros e mais do que vender, quem sabe, cresçamos tanto que seja necessário fazermos parcerias e montarmos outras fábricas em outros países do nosso Continente.
O fato concreto, é que aquilo que parecia uma simples viagem de um Ministro da Defesa a Paris, junto com os comandantes das Forças Armadas, está consagrando que hoje... e esta data do dia 30 de junho não foi definida na semana passada, foi definida em fevereiro deste ano, que nós iríamos construir a parceria e nós viríamos aqui no dia 30 para anunciar que a Helibras vai ser uma empresa muito maior do que ela é, que vai ter muito mais empregados do que tem e que vai contratar gente no Rio Grande do Sul para fazer umas peças, que vai contratar gente de São Paulo para fazer outras, que vai contratar gente do Rio de Janeiro para fazer outras, que vai criar uma engenharia aeronáutica aqui na região de Itajubá – que já tem uma boa universidade federal – e que, portanto, o Brasil está entrando em um ramo extraordinário, em que através da Embraer, nós já demos demonstrações que temos competência para discutir com qualquer outro concorrente, em qualquer lugar do mundo.
Quero agradecer a nossa parceira francesa pela confiança. Hoje não pôde estar aqui o Ministro da Defesa da França porque tivemos um pequeno problema na França. Se fosse no Brasil seria um grande problema, na França foi um pequeno problema, e não pudemos ter a participação do Ministro da Defesa, mas eu tenho certeza de que contamos com o apoio do presidente Sarkozy, tenho certeza de que contamos com o apoio de muitos empresários franceses e eu tenho a convicção de que Brasil e França poderiam ter andado muito mais rápido, porque estive no ano passado, participando da comemoração do Brasil na França e pude constatar o quanto os franceses gostam do Brasil. E agora vamos ter o Ano da França no Brasil, e temos que provar o quanto os brasileiros gostam dos franceses e das francesas, sobretudo de Paris e do vinho. Não gostamos muito do time de futebol da França porque nos derrotou em 1998 e nos tirou da Copa em 2006, mas de qualquer forma, não será um jogo da seleção francesa com a seleção brasileira que irá criar qualquer problema na relação entre esses dois países-irmãos.
Meu caro governador do estado de Minas Gerais: você sabe que quando uma empresa quer fazer investimento, você sabe que tem muitos estados que brigam para saber aonde a empresa vai. Tem governadores que acham que a gente pode influenciar. O máximo que a gente pode fazer é lembrar que aqui já existia a Helibras, que Minas Gerais é sócia da Helibras, e que, portanto, não tinha nenhum sentido ir construir em outro lugar, a não ser fazer crescer a empresa que já existe, que é a Helbras, que completa 30 anos, que tem uma mão-de-obra altamente qualificada, jovens promissores que podem ajudar a fazer uma revolução na indústria aeronáutica brasileira, sobretudo, na área da construção de helicópteros.
Hoje, é um daqueles dias em que eu volto para casa feliz. Aliás, eu não volto para casa, eu vou para a Argentina, para a reunião do Mercosul. Mas eu fico feliz porque cada vez que eu participo da comemoração de uma empresa bem-sucedida, cada vez que eu participo do anúncio de um novo investimento, eu fico pensando que nós estamos plantando as nossas sementes para garantir que o Brasil seja, definitivamente, um País desenvolvido. Este País, que já teve tantas chances, este País que já jogou fora tantas oportunidades, não tem o direito de jogar nenhuma oportunidade fora. Eu dizia sempre que o século XX tinha sido da Europa e dos Estados Unidos, o século XXI começou com a China muito poderosa, mas o Brasil precisa transformar esse início de século XXI no século que o consolidará como uma grande economia mundial.
O mundo passa por uma pequena crise de alimentos. Alguns, mais precipitados, logo tentam jogar a culpa em cima da nossa pequena produção de biocombustível, seja do etanol, seja do biodiesel. E quem tem participado de viagens comigo, sabe que o debate não é pequeno. Eu estou viajando agora para o G-8 e vou com um único objetivo: tentar estabelecer uma discussão séria sobre o que está acontecendo no mundo, neste momento, na área de alimentos. E tem algumas coisas que alguns não querem discutir, Aécio, ninguém quer discutir o quanto o preço do petróleo tem de incidência no custo do alimento, ninguém quer discutir o quanto o preço do petróleo incide no custo do frete, no custo da energia, no custo dos fertilizantes. Alguns diziam: “O petróleo está aumentando porque a China está comprando demais”.
A verdade é que o mercado futuro de petróleo já tem a mesma quantidade de investimento no mercado futuro que o consumo chinês. Da mesma forma que o mercado futuro de alimentos saiu de 13 bilhões de dólares, há 3 anos, para 260 bilhões de dólares hoje. Significa que tem alguém especulando com aquilo que é essencial para a humanidade, que é o alimento.
Eu tenho dito para todo mundo: em se tratando de produção de alimentos, nós não temos preocupação. Pelo contrário, é uma grande oportunidade para este País, que tem terra, tem sol, tem água, tem gente que sabe trabalhar, tem gente que sabe produzir. E essa combinação perfeita, entre o crescimento industrial brasileiro, o crescimento da construção civil e o crescimento da agricultura, é o que vai transformar o Brasil, finalmente, numa pátria economicamente forte e numa pátria socialmente justa. Eu acho que é isso que vocês sonham, é isso que vocês querem, e é por isso que vocês aspiram e têm confiança neste País.
Meu caro Aécio, eu fico extremamente feliz de estar aqui, em Itajubá. E somente voando de helicóptero para cá é que a gente vê como essa região é bonita, extraordinária. Quem sabe um dia, quando me aposentar, eu venha plantar alguma coisa aqui ou, pelo menos, ouvir os helicópteros fazerem barulho sobre a minha cabeça.
Mas, eu acho que, nesses 30 anos da Helibras, eu não poderia deixar de agradecer ao presidente da Helibras e ao nosso companheiro Jorge Viana, presidente do Conselho, que marcaram uma reunião em Brasília para consagrar isso aqui. Eu digo que o brigadeiro Saito é o meu avalista porque ele é quem diz que o avião é bom, que o avião é maravilhoso, que a Aeronáutica está satisfeita, que o Exército está satisfeito, que a Marinha está satisfeita. Ora, se a Marinha está satisfeita, se o Exército está satisfeito, se a Aeronáutica está satisfeita, se eu estou satisfeito, se os mineiros querem, o governador deseja e a empresa já existe aqui, quem é que vai impedir que a gente faça essa empresa crescer muito mais, e o Brasil, junto com ela, crescer, eu diria, de forma extraordinária?
Portanto, meus parabéns à Helibras, meus parabéns aos dirigentes franceses que aqui estão.
Parabéns, Embaixador, transmita meu abraço ao presidente Sarkozy. Encontrarei com ele na próxima semana, no G-8, no Japão. Transmita um abraço a todos aqueles franceses que gostam tanto do Brasil quanto nós gostamos da França.
E aos trabalhadores da Helibras, meus parabéns, porque sem vocês nós não seríamos o que somos.
Um abraço e boa sorte.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
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EADS Brasil e Helibras confirmam planos de expansão da presença industrial no país - Nota Oficial da EADS Brasil
http://www.defesanet.com.br/eads/eads_br_1.htm
Helibras planeja criar novo pólo - Patrícia Nakamura 19 Fevereiro 2008 - Valor Econômico http://www.defesanet.com.br/eads/eads_br_2.htm
Helibras negocia nova fábrica de helicópteros- 19 fevereiro 2008 - OESP http://www.defesanet.com.br/eads/eads_br_3.htm
Depois do avião, S. José vai ser a Capital do Helicóptero - Vale Paraibano - 27 Dezembro 2005
http://www.defesanet.com.br/eads/eads_embraer_1.htm
A Eurocopter comemora os cem anos do helicóptero: 100 anos de helicópteros, 54 anos de recordes da Eurocopter - 2007
http://www.defesanet.com.br/eads/100_helos.htm
texto em espanhol - 2007
http://www.defesanet.com.br/eads/100_helos_s.htm
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