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ITA cria turbina para geração de energia

Júlio Ottoboni - (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)

São José dos Campos (SP), 29 de Julho de 2008 - Os engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronaútica (ITA), de São José dos Campos (SP), devem produzir dentro de algumas semanas a primeira turbina com tecnologia 100% nacional. O projeto nasceu da parceria entre integrantes do Parque Tecnológico instalado na cidade,-- que reúne entidades de pesquisas e empresas -- para desenvolver fontes alternativas de geração de energia elétrica.

A primeira turbina produzida completamente no país ainda se encontra em fase de protótipo e os trabalhos são coordenados pelo professor do ITA e PhD em física, Homero Santiago Maciel. No atual estágio, já foram investidos cerca de R$ 3 milhões. O principal financiador é o governo federal via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia.

As equipes de projeto e desenvolvimento do ITA estão neste programa desde 2006. A expectativa é de se obter um projeto inovador, como foi o motor brasileiro movido gasolina, álcool e gás, criado na década de 70. Desta vez, o ITA conseguiu produzir um equipamento que poderá utilizar como combustível tanto derivados de petróleo, quanto o álcool ou gás natural além do querosene aeronáutico, caso seja empregado em aviões.

A turbina brasileira, denominada TR-3500, tem um torque de 1.3 mil hps de força e seu volume alcança a 600 quilos, o que representa menos de 35% do peso das turbinas similares movidas a diesel e fabricadas no exterior. Sua capacidade possibilita a aplicação em indústrias de grande porte e em geração de energia elétrica para hospitais, centros comerciais e pequenas cidades.

Segundo a coordenação do programa, os testes visam estabelecer os coeficientes de durabilidade de peças e materiais empregados no projeto. Pelo cronograma, a turbina-protótipo será terminada no final deste ano ou no começo de 2009, quando passará por um processo de certificação junto ao Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA). A previsão é que em 2012 o produto tenha cumprido todas as etapas exigidas para ser liberado para produção em série e comercializado.


Lixo energético

Pesquisadores do IPT e ITA desenvolvem reator a plasma que, acoplado a uma turbina e a um gerador, produzirá energia elétrica a partir do poder calorífico de resíduos presentes no lixo urbano (foto: IPT)

Lixo energético


Por Thiago Romero - Agência FAPESP

O desenho de um reator a plasma que integra um processo de conversão de resíduos de lixo urbano em energia elétrica acaba de ser concluído por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

O equipamento, que funcionará acoplado a uma turbina a gás e a um gerador, deverá estar pronto e em operação até o fim deste ano. Segundo um dos coordenadores do projeto, Antonio Carlos da Cruz, pesquisador da Divisão de Mecânica e Eletricidade do IPT, a fabricação mecânica de toda a estrutura física do reator está sendo realizada dentro do instituto, com apoio da FAPESP por meio do programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe).

O processo para a obtenção de energia elétrica por meio do reator, testado de maneira preliminar em outro equipamento existente no IPT, utiliza plasma gasoso – gás aquecido por descarga elétrica em altíssimas temperaturas – como fonte de calor para degradar e gaseificar o lixo que é inserido no equipamento.

"A energia do plasma gasoso é utilizada para transformar em gás os materiais volatilizáveis do lixo, que envolvem todos os resíduos que viram fumaça. Esse processo é controlado para a produção de um gás com alto poder calorífico, que será inserido em uma turbina", disse Cruz à Agência FAPESP. Acoplado a essa turbina, um gerador produz energia elétrica capaz de realimentar todo o sistema.

"Pelos nossos cálculos teóricos, uma vez que o sistema completo ainda não existe, sabemos que a energia gerada será suficiente para manter todo o processo em funcionamento", disse Cruz, que também integra o Grupo de Plasma do ITA. A possibilidade de gerar um excedente de energia, cuja quantidade ainda é desconhecida, também não está descartada.

O pesquisador explica que resíduos do lixo que não se transformam em fumaça, e se solidificam depois de serem removidos do reator e resfriados, podem ser usados para pavimentação de ruas e calçadas. "Se tudo der certo, esse processo permitirá que o lixo tenha uma destinação ecologicamente correta – ao se evitar que ele vá parar em aterros – e ainda gere energia para outros tipos de uso", explicou.

Plasma gasoso

Com o novo reator os primeiros estudos serão sobre a qualidade do gás que é produzido no equipamento. Segundo Cruz, uma turbina a gás e um gerador também serão adquiridos por meio de um projeto de pesquisa aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para estudar também o tratamento de resíduos da indústria do petróleo.

"Estamos na fase de assinatura de contratos e nossa previsão é que os recursos sejam liberados até o fim do ano. Com isso, teríamos, até meados de 2008, essa turbina adquirida para, com outros equipamentos existentes no IPT, operar uma unidade piloto para avaliar, a partir do poder calorífico de diferentes resíduos presentes no lixo e ricos em hidrocarbonetos, qual é o excedente de energia que pode ser gerado", disse.

Cruz explica que o plasma gasoso vem sendo utilizado em aplicações semelhantes por grupos de pesquisa em países como Japão e Alemanha. "Mas podemos dizer que ainda não existe um domínio tecnológico desse tipo de reator a plasma. Se resolvêssemos comprar hoje um reator com as características do que estamos desenvolvendo, não conseguiríamos. Não há nenhum modelo pronto", afirmou.

Segundo o pesquisador do IPT, o ideal é que esse tipo de processo de geração de energia seja integrado a uma cadeia de coleta e de separação dos resíduos. O lixo passaria por uma triagem para a seleção de materiais recicláveis. O que não pode ser mais reciclado, como madeira e plásticos sujos – que, por já terem sido reciclados muitas vezes, não podem mais ser reaproveitados –, é o melhor tipo de lixo para a geração de energia.

O projeto de desenvolvimento do reator, intitulado Desenvolvimento de unidade de tratamento de resíduos municipais via plasma, com produção de gás de síntese, é coordenado pela pesquisadora Maria Antonia dos Santos, da Multivácuo, empresa de Campinas (SP) que pretende comercializar a tecnologia.