Operação Cavalo-de-Tróia

Fonte: O Quinto Poder

"O Plano Colombia, que coloca os americanos, militarmente, na Amazônia, é começo de sua internacionalização. Eles ja tem um plano de ajuda militar a Guiana e uma rede de moni-toramento que vem desde o Panamá."
"... é hora de discutir o assunto da Colômbia e dizer com franqueza que não nos agrada a militarização da Amazônia e o combate as drogas não p
ode ser o cavalo-de-tróia do continente."

Mapa do Cavalo-de-Tróia americando tomando contorno

"Combater o narcotráfico, que gerou uma epidemia com 14 milhões de viciados nos EUA, virou prioridade militar para os americanos. A espinha dorsal dessa nova investida da mais formidável máquina de guerra do planeta em território sul-americano é formada por três bases aéreas: Manta (Equador, a cerca de 320 quilômetros da problemática Colômbia), Rainha Beatrix (Aruba) e Hato (Curaçao) – as duas últimas em frente à costa da Venezuela e próximas ao Suriname, outro dos grandes corredores de exportação de cocaína. Juntas, as três bases contam com 665 militares americanos e consumiram US$ 116 milhões.

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As três guarnições já abrigam aviões-espiões, aeronaves de transporte, modernos caças F-16 e se preparam para receber os sofisticados aviões-radar Awacs, de última geração em rastreamento eletrônico. As bases foram montadas nos dois últimos anos, em substituição à base Howard (no Panamá), desativada em 1999. A idéia é que, juntas, as três bases viabilizem 2 mil missões (vôos) anuais de rastreio e interceptação de aeronaves usadas por narcotraficantes."


"Os campos de treinamento oferecidos aos americanos pela Argentina, na província de Misione, a 1.300 Km de Buenos Aires - dentro de uma área coberta de selva -, mais uma vez servem de alerta, a despeito dos motivos alegados pelos Estados Unidos para se estabelecerem ao longo da fronteira com o Brasil. "Isso deve servir para que fiquemos atentos a qualquer evolução que ali possa ocorrer. Se um vizinho resolve abrir determinados bens que devem ser inalienáveis, o problema não é nosso. Mas a partir do momento que isso possa constituir uma preocupação para a segurança de nosso País, devemos começar a nos preocupar", analisa o vice-presidente e pesquisador do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), Coronel Amerino Raposo.


Para ele, a Argentina, por antecipação, já aderiu ao jogo que os países hegemônicos estão desenvolvendo, que é ampliar o limite de atuação operacional da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para todo o mundo. "Quando foram ao Golfo Pérsico e aos Bálcãs, eles já saíram de sua órbita de atuação, à revelia do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)."

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Os EUA já treinam batalhões especiais na Flórida e no Panamá, destinados a "guardar a floresta amazônica".


"O senador Simon disse ter recebido informações de um general brasileiro, que não identificou, sobre a existência de um quartel de treinamento americano na Guiana. Tudo para uma possível ocupação da Amazônia. "Há muito tempo existe interesse de intervenção na Amazônia", disse."
"....a guerra biologica com pulverização da região com o fungo, de nome estranho e feio - Fusarium orysporum- para matar as árvores de coca. Ninguém pode avaliar quais as consequências dessa arma sobre a fauna, a flora, as águas e o que pode ocorrer ao longo dos séculos se esse organismo se disseminar nessa imensa região e alterar o
ecossistema amazônico."


"O processo de internacionalização da Amazônia avança a olhos vistos. Nem é preciso citar a campanha promovida por organizações não-governamentais de toda espécie, subsidiadas diretamente por Washington ou pelas multinacionais. Acusam o Brasil de destruir o pulmão do mundo, de queimar um campo de futebol por segundo e de poluir as águas da bacia amazônica. Exigem que a floresta fique intacta, quer dizer, imobilizadas suas riquezas do subsolo e da flora. A criação de nações indígenas independentes vai de vento em popa, com a delimitação de áreas que, por pura coincidência, localizam-se nas fronteiras nacionais e contém reservas de minerais nobres."

"...basta explorar um ou mais desses focos de desestabilização.” Uma catástrofe ambiental na Amazônia propiciaria uma mobilização internacional e abriria caminho para pressões em favor de intervenção externa, sob o argumento de que o Brasil não é capaz de cuidar da região. A soberania sobre a Amazônia estaria, então, em questão."

Interesses Econômicos

"...o Coronel Gelio Fregapani, em seu livro "Amazônia – 1996", lê-se que 96% das reservas mundiais de nióbio localizam-se exatamente lá. E, segundo informações da Unicamp, a energia elétrica no futuro será gerada em centrais nucleares limpas, feitas de um grande aro de nióbio na forma de um pneu. Essas centrais só poderão ser construídas de nióbio e, se dominarmos a tecnologia, dominaremos a venda das centrais..."


", onde se concentra 96% da reserva de titânio do mundo, minério fundamental para o próximo século"

As fontes meneráis da Amazônia brasileira é estimada em US$ 30 trilhões, com depósitos de ouro, estanho, cobre, bauxita, urânio, potássio, terras raras, nióbio, enxofre, manganês, diamantes e outras pedras preciosas, e possivelmente petróleo. Novos depositos minerais ainda estão sendo descobertos.


"Amazônia é de transcendental importância para nós. Ela é o argumento maior para garantir o Brasil-potência do próximo século. Sem a Amazônia, o Brasil seria uma Argentina ou um Peru. Além disso, ela representa uma reserva de contingência para garantir nosso crescimento. É interessante constatarmos que o índio e o caboclo, dentro de seus parcos recursos culturais e materiais, sempre souberam preservar e defender a Amazônia. O seu algoz é o homem branco, dito civilizado, que só faz contaminar, poluir e degradar tudo o que encontra pela frente. A mensagem que eu venho dando é de que o Brasil fique alerta.Os romanos se referiram, certa vez, que deveriam levantar suas pontes levadiças e assestar as armas, de vez que os bárbaros se aproximavam. Nós, aqui no Brasil, já estamos com os bárbaros dentro de casa. Não é provável uma guerra na Amazônia. Mas, ela está muito sujeita às guerras políticas, diplomáticas, intervenções, como temos visto em diversos países..."


"Com a redução, nos próximos anos, das reservas de petróleo de possível aproveitamento econômico e o irremediável esgotamento por vir, os conflitos irão acirrar-se nas regiões do planeta onde possam localizar-se alternativas reais a esse combustível fóssil. Entre elas as regiões com alto potencial de produção de biomassa. Porém, somente as regiões intertropicais oferecem condições para suprir as demandas nas dimensões a serem substituídas."


"Não é por acaso que a região amazônica é identificada como área de conflito potencial. Se necessário, planos já existem para sua ocupação militar pelas potências hegemônicas. Com a pseudodoutrina neoliberal, porém, ela pode ser ocupada economicamente sem dar-se um só tiro. A ocupação da "nação ianomâmi" está nesse contexto. Quando situações como essa podem ser previstas, nada substitui uma boa negociação que, consubstanciada em ações, pode evitar o pior. Negociação, entretanto, exige partes independentes, que chegam a acordos de interesse mútuo. Se uma das partes é incompetente, ou trabalha subordinada à outra, não, não existe negociação, mas imposição do lado forte. "


"Por conta disso, inúmeras organizações não-governamentais, umas ingênuas, outras malandras, são subsidiadas pelos governos e pelas multinacionais dos países ricos para defender a formação de nações indígenas independentes nas fronteiras do Brasil com a Guiana, a Venezuela, a Colômbia e o Peru. Onde existirem tribos nômades, que passam daqui pra lá e de lá pra cá, a estratégia será considerá-las desligadas da soberania brasileira, colocando-as sob a proteção das Nações Unidas. Ou da Organização dos Estados Americanos. De preferência onde existirem grandes reservas de minerais nobres, como o nióbio utilizado na fabricação de mísseis e foguetes, do qual a Amazônia brasileira detém 90% do total mundial."

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Dissuasão

"Estratégia de dissuasão, com este nome, ocupa hoje as áreas de confronto não nuclear, no campo militar convencional, na guerrilha e nos entrechoques políticos. Sua conceituação não se afasta daquela que a deu o General Beaufre: trata-se de evitar o choque, a ruptura, impondo uma ameaça cujo preço o adversário saiba, a priori, que terá que pagar.


As guerrilhas da Sérvia e da Somália dão demonstrações de que a ocupação de seus países custará um preço pesado, em vidas e logística. A avaliação desse preço vem provocando o desentendimento entre os grandes da ONU, que querem intervir mas não querem sacrificar seus compatriotas e onerar seus recursos materiais. Sem a ocupação terrestre não se manifesta o grau de ameaça capaz de dissuadir os guerrilheiros. O preço a pagar nesses conflitos envolve, fatalmente, a ocupação por forças terrestres; se o assunto pudesse ser resolvido por bombardeio aéreo e operações navais, estariam todos de acordo. Na hora de desembarcar tropa de ocupação, já que a força de paz não está dando conta do recado, os governos de Washington e Paris, principalmente, param para pensar.


Qual seria a autoridade mundial credenciada para estabelecer o "status" de patrimônio mundial? Segundo a proposta do ex-ministro da defesa dos Estados Unidos, Mr. Robert McNamara, poderá ser o clube dos 7 grandes (G-7) através dos instrumentos de pressão de que dispõem (Conselho de Segurança da ONU e instituições financeiras internacionais). Após o conflito da Iugoslávia os "7 Grandes" transformaram a OTAN em seu "braço militar" intervencionista."


"Nossos instrumentos de defesa são, primeiramente, a via diplomática. Precisamos de uma diplomacia convincente, ativa e dinâmica, capaz de afastar os perigos sem a necessidade de violência."


"Dois cenários de guerra. No primeiro, organizações não-governamentais pedem a intervenção das Nações Unidas para conter o massacre de índios ianomâmis. Antes do caso chegar ao Conselho de Segurança, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intervém. Um contingente desembarca por via aérea na região, que é declarada um protetorado internacional. No segundo cenário, uma força internacional desembarca no litoral carioca a pretexto de defender o meio ambiente da Amazônia. Sua chegada é antecedida por ataques de aviões invisíveis às bases aéreas de Santa Cruz, Anápolis e Canoas, aos quartéis da Vila Militar do Rio de Janeiro e do Setor Militar Urbano (em Brasília) e às bases navais da Ilha das Cobras e Mocanguê (no Rio) e de Aratu (Bahia). Esses dois cenários aparentemente catastróficos foram simulados em jogos de guerra brasileiros, executados usando computadores do extinto Estado Maior das Forças Armadas. Não foi por acidente: a preocupação com uma intervenção estrangeira, motivada pela Amazônia, movimenta o pensamento estratégico do país."


Em meados de 1992, o Colégio Interamericano de Defesa, sob orientação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, reuniu militares das Américas em Washington para sugerir a transformação das Forças Armadas latino-americanas em forças especiais de combate ao narcotráfico. O jogo de guerra elaborado para o encontro? Nada menos que uma invasão da Amazônia brasileira. A razão apresentada para a intervenção seria impedir a devastação da floresta amazônica.


"...a organização considera-se autorizada a intervir em locais onde considerar imperiosa a defesa dos direitos humanos, o combate ao narcotráfico e a defesa das reservas estratégicas da humanidade - como a Amazônia, a maior biosfera restante. Tudo isso sem prévia autorização das Nações Unidas..."


"O pensamento estratégico nacional procura atacar as possíveis causas de uma ação internacional - a preservação do meio ambiente, o combate ao narcotráfico e a defesa das comunidades indígenas. Com base nesse diagnóstico, dois programas foram criados, o Sistema de Vigilância e Monitoramento da Amazônia (Sivam), da Aeronáutica, e o Projeto Calha Norte, do Exército."


"O Coronel Geraldo Cavagnari, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas, pensa que ela não seria terrestre.desde o Vietnã as Forças Armadas norte-americanas priorizam cada vez mais o poder aéreo para minimizar as baixas entre seus efetivos. Em Kosovo, a Otan lançou uma ofensiva aérea de 79 dias contra a Iugoslávia, causando poucas baixas entre os militares adversários, mas destruindo a força produtiva do país.


"...mas nossa rede infra-estrutura e indústria é dispersa, o que minimizaria os riscos dela ser destruída por uma ofensiva aérea.


Não teríamos como resistir às pressões econômicas do chamado Primeiro Mundo. Essa seria a maneira mais eficiente de conseguirem seu intento’’. ...não há coordenação entre o pensamento estratégico das três forças’’.

"O almirante Mário César Flores, ex-ministro da Marinha de Fernando Collor, acha que qualquer possibilidade de intervenção militar na Amazônia é ficção. ‘‘Temos que ser amigos dos Estados Unidos e não ficar alimentando esse tipo de paranóia’’, afirma. Num mundo desbalanceado pelo fim da Guerra Fria, a única alternativa seria o alinhamento com o Ocidente. ‘‘Na época em que havia dois blocos, quando a União Soviética dividia a liderança mundial, ainda havia como fugir do papel hegemônico dos Estados Unidos’’, lembra. ‘‘Hoje, isso não é mais possível’’ Segundo o ex-ministro, uma intervenção militar na Amazônia teria um custo político elevado e não seria aprovada pela Europa e outros países americanos. Mas ele acredita que pressões econômicas possam ser exercidas pelo G-7 caso os países desenvolvidos, sob liderança norte-americana, sintam que seus interesses estão comprometidos.


Já o almirante Armando Vidigal, autor do livro A Evolução do Pensamento Estratégico Naval Brasileiro, acha possível uma intervenção militar estrangeira na Amazônia. O cenário mais viável seria o de uma ação localizada dentro de uma área restrita, conhecida dentro do extinto Estado Maior das Forças Armadas como ‘‘hipótese Ianomâmi’’, talvez apoiada por forças tarefas atuando na região de Belém. ‘‘Outras alternativas teriam um custo político alto demais.’’

"Nós - são palavras suas - na hipótese de uma intervenção militar na Colômbia que tenha como complemento a instalação de tropas norte-americanas em território da Amazónia, o que seria uma forma de intervenção indirecta, temos de estar preparados para o pior. Sou realista. Se as nossas relações com os EUA assumissem uma feição conflituosa não disporíamos de força suficiente para derrotar uma tropa de ocupação norte-americana. Mas é também uma atitude realista reconhecer que, hoje, o inimigo potencial do Brasil são os EUA. Numa guerra travada na selva seríamos melhores do que eles."


"A ameaça poderia não ser imediata na época da bipolaridade, quando os Estados Unidos não se arriscariam a jogar o Brasil e talvez toda a América Latina para o outro lado, mas a situação não é mais a mesma, e a guerra do Iraque mostrou claramente que os nossos antigos amigos do Norte decidem rápido ainda quando estão em jogo os seus interesses. (...) Então, qualquer pretexto servirá. Em caso de instabilidade social ou econômica no país haverá muito maior possibilidade de pressões serem bem-sucedidas"."


"A história mostra que, ao longo do tempo, os EUA já realizaram diversas intervenções diretas militares, como no Panamá e Granada, mas a maior parte é feita através de ações indiretas, como, recentemente, no Paraguai e no Equador, quando ameaçaram impor sanções econômicas, chegando até a perspectiva de um bloqueio de comércio, a exemplo do ocorrido em Cuba, além de empregar na coação administrações caudatárias, como a do Brasil. No Paraguai, o objetivo explícito era esmagar o general nacionalista Lino Oviedo, próximo de empalmar o poder, pois elegeu, com seu apoio, o candidato vencedor, obrigado a renunciar, depois do assassinato do vice-presidente que a mídia internacional amestrada atribuiu, sem provas, a autoria intelectual ao general. E agora está na presidência um político nomeado pelo Congresso, enquanto é eleito
pelo povo um vice-presidente de oposição. É óbvio que não vai dar certo. No Equador, chegaram a derrubar, em questão de horas, a junta constituída após a renúncia formal do presidente deposto, depois de "dolarizar" a economia, para mantê-la."


"Nossa obrigação é dar meios as Forças Armadas do Brasil para defender nossa soberania. Clinton ja avisou que a guerra(Colômbia) pode nos alcançar e, generosamente, esta disposto a nos ajudar. Isso não nos conforta nem nos tranquiliza. E a nova maneira de intervenção, uma guerra sem risco, como chamam, uma espécie de guerra com camisinha. Eles fornecem os meios, o comando, os materiais e a estratégia, e nós, o pescoço, ou melhor, o risco."