Geórgia assina plano europeu de cessar-fogo

Fonte: BBC
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili e o ministro francês Bernard Kouochner. Foto: AP/Goerge Abdalaze
Saakashvili assinou a proposta feita pela UE

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, assinou uma proposta de cessar-fogo apresentada pela União Européia nesta segunda-feira na capital, Tbilisi.

O documento foi assinado por Saakashvili ao lado do ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner e da Finlândia, Alexander Stubb, que estão na Geórgia para tentar negociar o fim do conflito.

Os detalhes da proposta ainda são desconhecidos, mas parte do conteúdo do plano envolve o cessar-fogo imediato, a retirada controlada das tropas dos lados e eventuais discussões políticas.

Nesta segunda-feira, o presidente russo Dmitri Medvedev, afirmou que a operação militar russa na Ossétia do Sul estaria próxima do final. Apesar disso, os conflitos continuam na região.

Cessar-fogo

No domingo, o presidente da Geórgia declarou cessar-fogo e propôs o início das negociações com a Rússia para pôr fim à violência na Ossétia do Sul, que quer independência da nação georgiana e tem o apoio de Moscou.

Entretanto, a Rússia rejeitou o cessar-fogo, afirmando que tropas da Geórgia continuavam na província separatista.

A Geórgia acusa a Rússia de bombardear alguns alvos próximos da capital do país, Tbilisi, no domingo.

Ao mesmo tempo, Moscou acusa as tropas da Geórgia de bombardear a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali. O governo russo insiste que as tropas georgianas sejam completamente retiradas da Ossétia do Sul para que qualquer decisão de cessar-fogo seja cumprida.

O ministro do Interior da Geórgia, Shota Utiashvili, afirmou que os ataques recentes da Rússia teriam atingido uma base militar e uma estação de radares na manhã desta segunda-feira. Não há informações sobre mortos ou feridos.

Milhares de pessoas deixaram Gori, depois de um anúncio de que tropas russas estariam se dirigindo em direção à cidade.

Refugiados. Foto: AFP
Milhares de pessoas já deixaram suas cidades

Há relatos de que a Rússia teria realizado uma ofensiva aérea contra a cidade na manhã desta segunda-feira, depois de diversos ataques durante a madrugada.

A Acnur, agência de refugiados da ONU, estima que cerca de 40 mil pessoas deixaram a cidade de Gori nos últimos dias, o que representa 80% da população.

A Acnur e agências humanitárias pedem que as partes em conflito criem um corredor para a passagem de civis que querem deixar a zona atingida

Pressão

A comunidade internacional continua pressionando a Rússia pelo fim do conflito.

O presidente americano, George W.Bush e seu vice, Dick Cheney, criticaram a ofensiva militar russa na Ossétia do Sul e o governo alertou o país sobre as possíveis conseqüências da ação para as relações internacionais da Rússia.

Em entrevista ao canal de televisão NBC, Bush citou uma conversa que teve com o premiê russo, Vladimir Putin, na qual teria dito que a resposta russa na Geórgia foi “desproporcional”.

“Disse que a violência era inaceitável. Fui muito firme com Vladimir Putin e espero que isso se resolva de maneira pacífica”, disse Bush.

A postura do governo americano foi reforçada ainda pelo vice-presidente, Dick Cheney, em uma conversa telefônica com o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili.

Em um comunicado emitido pelo seu gabinete, Cheney teria dito ao líder da Geórgia que a agressão russa “não pode ficar sem respostas”.

De acordo com Cheney, a contínua violência contra a Geórgia traria graves conseqüências para as relações da Rússia com os Estados Unidos e com o restante da comunidade internacional.

Segundo o correspondente da BBC em Washington, Justin Webb, a conversa parece ter sido um esforço de enviar uma mensagem não apenas de solidariedade, mas de que o país estaria pronto para agir.

No entanto, oficiais da Casa Branca se recusaram a especular sobre a reação americana caso a ação militar russa na Geórgia continue.


Análise: Lições do conflito na Ossétia

Ataque russo na Geórgia. Foto: AFP
As chances de a Rússia reagir sempre foram muito prováveis

Apesar de o confronto na Ossétia do Sul ainda não ter terminado, e a possibilidade de choques por conta de outro enclave na Geórgia, na região de Abecásia, parecer estar aumentando, talvez não seja muito cedo para tentar tirar lições da crise.

1. Não soque um urso no nariz a não ser que ele esteja firmemente amarrado.

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili deve ter pensado que a Rússia não iria reagir com força ao enviar suas tropas para retomar o controle de um território que ele insiste deve permanecer parte da Geórgia, apesar de contar com alguma autonomia, na véspera dos Jogos Olímpicos.

Mas as chances de a Rússia reagir sempre foram muito prováveis. A Rússia já mantinha tropas na região, liderando a força de paz estabelecida em 1992 por um acordo entre o então presidente russo Boris Yeltsin e o presidente da Geórgia Edward Shevardnadze, o ex-ministro do Exterior soviético que ajudou a pôr fim à Guerra Fria.

A Rússia vem apoiando os separatistas da Ossétia do Sul e entregou passaportes russos à população, o que dá ao país argumentos para alegar que está defendendo seus cidadãos.

O resultado do que muitos vêem como um erro de cálculo é que o presidente Saakashvili pode perder qualquer esperança de voltar a impor o poder da Geórgia sobre o enclave.

2. A Rússia está determinada, para dizer o mínimo.

A Rússia, como já o fez tantas vezes no passado, se vê cercada.

Em uma reveladora entrevista ao ex-correspondente da BBC em Moscou Tim Whewell no início deste ano, um assessor do então presidente Vladimir Putin, Gleb Pavlosky, disse que, depois da Revolução Laranja na Ucrânia, a liderança russa concluiu que “isto é o que enfrentamos em Moscou, o que estão tentando exportar para nós, que nós devemos nos preparar para esta situação e, muito rapidamente, fortalecer nosso sistema político…”.

O que se aplicou depois que a Ucrânia se moveu em direção ao Ocidente, se aplicou também à Geórgia. Moscou tenta evitar qualquer revolução deste tipo na Rússia e agora vê a Ucrânia e a Geórgia como influências hostis.

Não está claro até onde a Rússia pretende ir, mas levando-se em conta que já disse que quer restabelecer a ordem na Ossétia do Sul, isso provavelmente significa uma presença permanente, sem devolver à Geórgia um papel de governo. Diplomatas, no entanto, acreditam que é difícil que a Rússia invada a Geórgia “propriamente”.

3. Lembre-se de Kosovo.

A Rússia não gostou quando o Ocidente apoiou a separação de Kosovo da Sérvia e advertiu para consequências. Esta pode ser uma delas. Claro, a Rússia não argumenta que, nesta crise, está fazendo o que Ocidente fez em Kosovo – o que iria minar seu próprio argumento de que Estados não devem ser quebrados sem que haja um acordo. Mas todo mundo sabe que Kosovo não está longe de seus pensamentos.

4. A Geórgia não deve ingressar na Otan tão cedo.

A Geórgia e a Ucrânia tiveram seu ingresso na Otan – a aliança militar do Atlântico Norte – negado em Abril, mas foram autorizadas a elaborar um plano de ação que poderia levar à admissão no grupo no futuro.

Os Estados Unidos defenderam a entrada dos dois países, mas a Alemanha e outros se opuseram, alegando que a região era muito instável para que os países ingressassem no grupo naquele momento, e que a Geórgia, em particular, um Estado com disputa de fronteira, não deveria receber o apoio da Otan.

5. Vladimir Putin ainda está no comando.

Foi Vladimir Putin, o primeiro-ministro e não mais presidente, que esteve presente à cerimônia de abertura da Olimpíada em Pequim e que correu para a região da crise para assumir o controle da resposta russa. Sua linguagem não fez concessões – a Rússia está certa em intervir, declarou.

6. Não deixe uma raposa cuidando das galinhas.

A decisão de Shervardnadze, em 1992, de concordar com a entrada da Rússia na Ossétia do Sul como parte de uma força de paz permitiu que um governo russo futuro e muito diferente daquele de Boris Yeltsin estendesse gradativamente sua influência e controle . Não foi difícil para a Rússia justificar sua intervenção. O governo simplesmente declarou que seus cidadãos não apenas sofrem riscos, mas estão sendo atacados.

7. O ocidente ainda não sabe como lidar com a Rússia.

Alguns dos argumentos da época da Guerra Fria estão ressurgindo, sem que haja consenso sobre o que deve ser feito. Há os neo-conservadores, liderados pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, (e apoiados pelo candidato republicano à presidência John McCain), que vêem a Geórgia (e a Ucrânia) como defensores da liberdade que devem ser apoiados. Ao mesmo tempo, eles argumentam, a Rússia será obrigada a mudar, assim como a União Sovicética mudou.

Contra isto há o argumento - expressado neste fim de semana à BBC pelo ex-ministro do Exterior britânico Lord Owen, por exemplo - de que é “absurdo” tratar a Rússia como a União Soviética, e que a Geórgia cometeu um erro de cálculo na Ossétia do Sul, pelo qual está pagando.

8. As fronteiras na Europa devem ser eternamente ‘sagradas’?

Esta tem sido uma das regras da Europa pós-guerra – as fronteiras não podem ser mudadas exceto por acordo, como na antiga Checoslováquia. Talvez esta regra tenha sido seguida de maneira muito inflexível. Mas ainda assim, governos como o da Geórgia relutam em abrir mão de qualquer território, mesmo quando a população local é claramente hostil e pode estar naquela situação simplesmente como resultado de uma decisão arbitrária do passado. Foi a União Soviética que forçou a Ossétia do Sul a fazer parte da Geórgia, em 1921. Nikita Khrushcev deu a Criméia para a Ucrânia. Será que isso algum dia vai causar problemas?

9. Agosto é um bom mês para se refletir sobre alianças.

Em agosto de 1914, o assassinato do arqueduque Franz Ferdinand em Sarajevo levou à Primeira Guerra Mundial. Isso ocorreu porque alianças formadas na Europa entraram em jogo inexoravelmente. A Rússia apoiava a Sérvia, a Alemanha apoiava a Áustria, a França apoiava a Rússia e a Grã-Bretanha entrou no conflito quando a Bélgica foi atacada.

Ninguém deve entrar em uma aliança de maneira leve, ou inadvertidamente. Se a Geórgia estivesse na Otan, o que teria acontecido?


http://www.huffingtonpost.com/huff-wires/20080812/georgia-russia/images/d0ced13f-36d6-4eaa-bb81-4e65f5835c48.jpg

CRONOLOGIA-A crise nas relações

entre Rússia e Geórgia

Da Reuters VIA G1

(Reuters) - Leia abaixo uma cronologia sobre os recentes fatos envolvendo as relações entre a Geórgia e a Rússia.

A questão da independência da Ossétia do Sul (região da Geórgia), onde forças separatistas e georgianas começaram a se enfrentar, acabou por provocar uma crise nas relações entre aqueles dois países.

3 de abril de 2008 -- Reunidos na capital da Romênia, Bucareste, países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) concordam que a Geórgia e a Ucrânia poderão um dia fazer parte da aliança, mas não chegam a fixar um cronograma referente ao ingresso delas.

3 de abril -- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manda que seus comandados selem laços semi-oficiais com os governos separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, ambas regiões georgianas. A Geórgia afirma que a ordem viola as leis internacionais.

20 de abril -- A Geórgia afirma que um caça Mig-29 russo derrubou um avião-robô georgiano que sobrevoava a Abkházia. A Rússia nega envolvimento no caso, mas um relatório posterior da Organização das Nações Unidas (ONU) acaba por dar sustentação às denúncias da Geórgia.

21 de abril -- A Geórgia acusa a Rússia de, em um "ato de agressão internacional", derrubar um avião-robô. O governo russo, no entanto, responde afirmando que os georgianos alimentam as tensões deliberadamente.

29 de abril -- A Rússia envia forças suplementares à Abkházia a fim de responder ao que diz serem planos georgianos de ataque. No dia seguinte, a Otan acusa os russos de alimentar as tensões com a Geórgia.

4 de maio -- Os separatista da Abkházia dizem ter derrubado dois aviões-robô espiões da Geórgia no território que controlam. Mas a Geórgia nega ter realizado tais vôos.

6 de maio -- A Geórgia diz que o envio de mais soldados russos à Abkházia aumentou "muito" as chances de uma guerra.

30 de maio -- A Geórgia afirma ter suspendido os vôos de aviões não-tripulados sobre a Abkházia, mas se reserva o direito de retomá-los.

31 de maio -- Putin, agora no cargo de primeiro-ministro, diz ser favorável à proposta georgiana de dar autonomia à Abkházia, em vez de independência total.

5 de julho -- O novo presidente russo, Dmitry Medvedev, conclama o presidente georgiano, Mikheil Saakashvili, a não "alimentar as tensões" nas regiões separatistas da Geórgia.

8 de julho -- Caças russo ingressam no espaço aéreo da Geórgia a fim de sobrevoar a Ossétia do Sul. O governo russo diz que a missão tem por objetivo "esfriar as cabeças quentes em Tbilisi (capital georgiana)". Dois dias mais tarde, a Geórgia, como forma de protesto, tira seu embaixador de Moscou.

4 de agosto -- A Rússia acusa a Geórgia de usar força excessiva na Ossétia do Sul depois de os rebeldes apoiados pelos russos terem dito que disparos da artilharia georgiana mataram ao menos seis pessoas.

7 de agosto -- O chefe das forças russas de paz na região diz, segundo meios de comunicação, que a Geórgia e os separatistas da Ossétia do Sul concordaram com observar uma trégua até realizarem negociações mediadas pela Rússia.

-- A Rússia diz mais tarde que as operações militares da Geórgia na Ossétia do Sul mostram que o governo georgiano não é digno de confiança e que a Otan deveria reconsiderar seus planos de admitir a entrada daquele país em seus quadros.

8 de agosto -- A Geórgia diz que suas forças "libertaram" grande parte da capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, e acusa a Rússia de realizar uma operação "de grande escala" contra a Geórgia.

-- Putin condena as ações da Geórgia e promete responder.




EUA e aliados consideram expulsar a Rússia do G8
Cancelamento de treinos militares conjuntos também em estudo

ÁREA MILITAR

A operação militar da Rússia contra a Georgia, que levou à ocupação pelos russos de parte do território daquele país do Cáucaso, está a ser objecto de análise por parte dos governos dos EUA e de vários países da NATO e da União Europeia.

Sem qualquer possibilidade prática de contrariar a situação militar no terreno sem provocar um conflito aberto com a Rússia, os Estados Unidos e os países europeus estão limitados no numero de acções que podem levar a cabo para punir a Rússia pela invasão da Geórgia.

A mais visível e frontal das atitudes a tomar, será a possível expulsão da Rússia do G-8, a qual não tem qualquer implicação em termos da situação no Cáucaso, dado a presença no selecto grupo dos mais importantes países do mundo ser apenas simbólica. No entanto, para a Opinião Pública russa, ela não deixará de ter consequências e de ser uma marca.
Em Washington, há quem ache que é preciso enfraquecer Putin e mostrar aos russos que ele também pode levar a Rússia a posições menos favoráveis.

Remover a Rússia do grupo de países, onde poderá ser substituida por um país de dimensão e peso semelhante, o Brasil, não deixaria de ser visto como uma humilhação internacional para a Russia e uma mancha na sua tentativa de reganhar estatuto de grande potência.

Os países da Aliança Atlântica, também vão estudar a possibilidade de cancelar os acordos para a realização de exercícios militares conjuntos com o país de Vladimir Putin e os Estados Unidos podem cancelar a sua participação num exercício conjunto que deveria começar no fim desta semana.

A possibilidade de expulsão da Rússia do G-8, foi avançada por fontes no Pentagono, mas as mesmas fontes afirmaram que neste momento o objectivo principal é garantir que o cessar-fogo é respeitado e que se inicia a operação de apoio aos milhares de refugiados que o conflito de cinco dias provocou.

Essa necessidade foi reforçada pela Secretária de Estado norte-americana Condoleeza Rize em declarações à imprensa nesta Terça-Feira.

Os Estados Unidos e os aliados da NATO, deverão alterar o seu comportamento para com a Rússia, afirmando claramente que a situação entre a Rússia e o Ocidente mudou, e mudou por culpa do comportamento russo, ao responder com violência absolutamente desproporcional, a movimentações do exército da Geórgia dentro do seu proprio território.

A mesma fonte no Pentágono, confidenciou a uma emissora de TV norte-americana, que os contactos entre os líderes ocidentais não têm passado na imprensa nem sido divulgados, mas que , transmitidos pelos canais diplomáticos, têm sido extremamente duros para com os russos.

As pressões ocidentais, terão já levado a Rússia a afirmar que aceita retirar as suas forças para posições anteriores ao inicio do conflito.
O previsivel convite para qua Rússia entrasse para a OCDE, também poderá ser cancelado.

Estas e outras decisões terão ainda que ser analizadas com os restantes países go G-8 e também com os aliados europeus dos Estados Unidos.

Aliança anti-Rússia
Entretanto em Tblilisi, presidentes e representantes de países que fizeram parte da União Soviética declararam o seu apoio à Georgia. Além da presença dos representantes dos Estados Bálticos, estiveram presentes numa manifestação em Tbilisi, o presidente da Ucrânia e o presidente da Polónia.

Russos param avanço, mas continuam a bombardear civis
Presidente da Geórgia consegue unir população

ÁREA MILITAR

Durante a manhã de Terça.feira, o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev anunciou que tinha dado ordens para que as tropas russas não continuassem a avançar sobre território da Geórgia.

As declarações do presidente russo, ocorrem depois de várias pressões internacionais, nomeadamente do presidente dos Estados Unidos que fez declarações consideradas muito duras, contra a invasão russa. Após as declarações o presidente russo encontrou-se com o presidente da França para tentar negociar um acordo de Paz.

O presidente norte-americano avisou na Segunda-feira, que se houvesse confirmação de que a Rússia continuava a avançar sobre território da Geórgia, isso levaria a graves consequências nas relações entre a Rússia e o Ocidente.

A afirmação por parte do primeiro ministro e anterior presidente da russo, Vladimir Putin, de que a Rússia não aceita negociar com Mikhail Sakashvilli - o actual presidente da Geórgia - parece ter tido como resultado directo, o aumento popular ao presidente georgiano.
Numa manifestação na manhã desta Terça-feira em Tbilisi, o presidente georgiano afirmou que nunca pediu a ninguém para dizer que o apoiava, mas que pedia aos georgianos que mostrassem a sua determinação em defender o seu país.
Cerca de 150.000 georgianos estiveram na manhã de Terça-feira apoiando o presidente da Geórgia, na que foi considerada como uma demonstração a Vladimir Putin de que terá que invadir a Geórgia para mudar o governo do país.
A posição do presidente da Geórgia, poderá no entanto ficar fragilizada perante a opinião pública, principalmente porque a posição da Geórgia e a influência que Mikhail Sakashvilli poderia ter no ocidente não parecem ter sido suficientes para impedir a invasão russa.

Imagens do canal português SIC-Noticias em que um jornalista grego afirma o que vários jornalistas e observadores têm testemunhado no local: A Russia continua a bombardear Gori e efectivamente a cortar o país em dois. Os russos sabem perfeitamente que não há tropas na cidade, e o bombardeamento destina-se exclusivamente a aterrorizar a população
Bombardeamento indiscriminado da população civil por parte dos russo

Entretanto, embora a Rússia tenha afirmado que terminaram as operações militares, observadores internacionais e jornalistas das mais variadas proveniências testemunharam a continuação dos bombardeamentos da artilharia russa contra a cidade de Gori, numa altura em que se sabe que não existe qualquer força militar georgiana naquela cidade.

Os bombardeamentos indiscriminados da artilharia russa parecem ter como principal objectivo, a acreditar nos observadores no local, aterrorizar a população da Geórgia e já foram classificados como Crimes de Guerra.

Ao mesmo tempo a Amnistia Internacional, também confirmou que há uma clara violação do Direito Internacional por parte da Rússia, uma vez que as tropas russas continuam a bombardear indiscriminadamente a cidade de Gori, cidade que há mais de 48 horas está livre de qualquer presença militar georgiana.

A violação do Direito Internacional e o alegado comportamento bárbaro dos soldados russos, tem sido a norma nesta guerra.
O comportamento e o modo de operação dos russos, parece claramente reminiscente do período soviético e as tácticas de terror são exactamente as mesmas que foram praticadas pelos russos durante o Genocídio que levaram a cabo na Chechénia.
Antigo agente da KGB, Vladimir Putin (que continua na prática a ser o homem forte da Rússia) afirmou à algum tempo que o desaparecimento da União Soviética tinha sido uma das tragédias do Século XX, o primeiro ministro russo parece estar a contribuir para piorar de forma irreparável a imagem da Rússia no ocidente.


Invasão da Geórgia: Vitórias em terra,
duvida no ar

Rússia irritada com destruição das suas aeronaves

ÁREA MILITAR

Se a Rússia conseguiu, embora mais por desistência dos adversários que por mérito das suas forças, dominar a região da Ossétia do Sul, e se as desorganizadas e aparentemente mal comandadas forças da Geórgia retiraram mais uma vez, agora para as proximidades da capital georgiana, uma realidade começa a desenhar-se no conflito da Geórgia.

O aparente domínio terrestre das forças russas, não parece ter correspondência no ar, onde embora a Rússia goze de vantagem, dado a força aérea da Geórgia não possuir qualquer caça, essa vantagem ser contestada pela aparentemente elevada capacidade anti-aérea da Geórgia.

No topo da lista das perdas russas, está a destruição confirmada de um super bombardeiro Tupolev Tu-22M, que estava a efectuar uma missão de reconhecimento sobre a Geórgia.

A irritação na imprensa russa é muito grande e várias teorias da conspiração já surgiram para justificar a destruição de uma das pérolas do arsenal russo, uma aeronave que era vista como o terror da Europa, pelo seu alcance e grande capacidade para transportar mísseis nucleares.

Aparentemente existe por parte da imprensa russa algum interesse em justificar a destruição da sofisticada aeronave, com a intervenção ucraniana no conflito, afirmando que a Ucrânia teria fornecido à Geórgia sistemas de mísseis BUK-M1, que têm capacidade para atingir aeronaves a grande altitude.

Esta teoria foi completamente refutada e seria difícil de suportar, dada a dimensão e características do sistema em causa, mas não deixou de fazer parte das teorias para explicar a destruição da aeronave

Entre as possibilidades mais credíveis, está a que afirma que foi utilizado um míssil antiaéreo SA-5. Estes mísseis são relativamente antiquados, mas segundo várias fontes, poderão ter sido modernizados por Israel.

No seguimento da destruição de varias das suas aeronaves, os russos atacaram os radares situados em Tbilisi na tentativa de destruir toda a possibilidade de utilizar mais mísseis contra aeronaves russas.

Além do bombardeiro Tu-22M, foram já abatidos vários aviões bombardeiros Su-25, especializados no ataque ao solo e utilizados pelos russos no Afeganistão. Também foram abatidos caças MiG-29, embora as informações sejam confusas quanto ao número de aeronaves abatidas. A Geórgia poderá ter exagerado o número de aeronaves que atingiu (número que segundo os georgianos teria ultrapassado as 30) enquanto que a Rússia apenas reconheceu ter perdido quatro aeronaves.

O Su-25 é um bombardeiro bastante resistente e por isso não é impossível que algumas aeronaves tenham de facto sido atingidas, mas que tenham conseguido voltar à sua base. Os georgianos podem eventualmente considerar os disparos com sucesso como aeronaves abatidas, quando na realidade isso não chegou a acontecer.

Parece no entanto que pelo menos até à tarde de Domingo, a Rússia temia a capacidade antiaérea da Geórgia, pois poucos helicópteros russos foram visto sobre território controlado pelas forças da Geórgia.

Até agora, a única presença militar aérea de um país estrangeiro, foi a de aeronaves de transporte norte-americanas Boeing C-17 que transportaram para Tbilisi as forças georgianas que estavam no Iraque.

Equipamentos utilizados

Nos conflitos internacionais, os analistas normalmente estudam as opções tácticas dos comandos e também a forma como os equipamentos se comportaram no terreno.
Neste conflito no entanto, pouco pode ser demonstrado, pois os dois lados perderam material russo.

Os veículos T-72, mesmo utilizando blindagem reactiva, mostraram não estar à altura de forças de infantaria armadas com LGF’s (lança granada-foguete) ou RPG (em inglês).

As forças russas utilizaram carros ligeiros do tipo BMP-2 e alguns, poucos BMP-3 de apoio, enquanto que os georgianos utilizaram tanques T-72A e antiquados veículos de transporte de infantaria MTLB.

A oeste, as forças russas, parte delas aerotransportadas estão equipadas com carros ligeiros BMD-2 e BMD-3

As armas ligeiras continuam a ser as AK-47 e derivadas, com a utilização de algumas armas ocidentais, dos dois lados.
A capacidade logística do pequeno exército da Geórgia não pareceu estar à altura, bem como não parece estar à altura o seu sistema de comando comunicações e controlo.

O exército russo, que utilizou forças ligeiras na Abkhazia, para onde enviou uma divisão aerotransportada e carros mais pesados na Ossétia, pareceu mover-se com grande rapidez no Sábado e no Domingo, mas na Segunda-Feira, a situação parece ter-se modificado.

Está por saber se as forças russas pararam de facto nas proximidades de Gori, dentro do território georgiano, para ocuparem aquela região e estabelecerem um cinturão de segurança cortando a Geórgia em dois, ou se a paragem se deveu a necessidades de reabastecimento.


Bush acusa Rússia de mentir
Russos preparam-se para atacar a capital da Geórgia

ÁREA MILITAR

O presidente dos Estados Unidos acusou nesta segunda-feira a Rússia de estar a preparar um ataque final contra a Geórgia e de estar a mentir descaradamente ao afirmar que as suas forças não estão em território da Geórgia.

Em declarações descritas por vários observadores internacionais como «sem precedentes», o presidente dos Estados Unidos foi muito claro ao afirmar que as relações entre a Rússia e os Estados Unidos e o Ocidente em geral, serão seriamente afectadas no futuro, caso a Rússia continue na sua intenção de avançar sobre a Geórgia.

Embora os comandantes russos tenham afirmado que não saíram de território da Ossétia do Sul, e embora fontes georgianas tenham afirmado o contrário, a afirmação por parte do presidente dos Estados Unidos vem dar uma nova dimensão à questão.

Até agora as fontes com origem na Geórgia têm apresentado dados desconexos, muitos deles não confirmados sobre a posição das força russas. A afirmação do presidente norte-americano no entanto, está apoiada pela sofisticada rede de satélites espiões norte-americanos, e pela rede de espionagem electrónica americana.

As afirmações do presidente norte-americano são igualmente vistas como violentas, mas desprovidas de sentido adicional. Os Estados Unidos não fizeram nenhuma ameaça directa à Rússia e isto poderá ser encarado pelos russos como «fraqueza».

Se os russos pura e simplesmente continuarem, a administração norte-americana ficará ainda mais debilitada, como debilitada ficará a situação dos países europeus, que efectuaram vários acordos de fornecimento de energia com a Rússia, aumentando assim a dependência europeia perante a empresa Gazprom.

Ponto da situação

Embora não haja confirmações absolutas, as tropas russas passaram pela capital da região da Ossétia do Sul e avançaram para sul em direcção à cidade de Gori. A norte desta cidade encontra-se um entroncamento rodoviário que liga a capital Tbilisi à Ossétia e também à costa do Mar Negro.

As tropas da Geórgia, aparentemente sofrem de graves problemas de coordenação e segundo tudo indica acabaram por ser responsáveis por um erro estratégico ao lançar as suas tropas sobre a Ossétia, tendo a Rússia agradecido a ajuda dada pelos georgianos.
Os georgianos deram ordens às suas forças para retirar no Sábado, mas tropas georgianas continuaram na capital da Ossétia até pelo menos a tarde de Domingo.

A capacidade de comando e controlo das forças da Geórgia parece ser mínima e várias forças em movimento pelas estradas, não parecem saber exactamente qual a sua função ou quais as suas ordens.

A partir de posições em Tskhinvali, os russos utilizaram a sua artilharia para bombardear a cidade de Gori. Para o efeito foram efectuadas barragens de artilharia com canhões de 152mm.

No entanto, as tropas russas enviadas para a Geórgia não são tropas de primeira linha, e não estão armadas com equipamentos de topo de gama, mas a Rússia dispõe de completa superioridade aérea, embora tenha havido notícias sobre sobrevoos de forças russas por alguns helicópteros da Geórgia.
Pelo menos uma aeronave georgiana foi abatida pelos russos, os quais já perderam várias aeronaves entre as quais um bombardeiro Tu-22m «Backfire».

A Rússia também invadiu a região da Abkhazia tendo enviado para ali uma força de cerca de 10.000 homens, parte dos quais foram transportados por navios de desembarque russos com base na base de Sebastopol na Crimeia e que desembarcaram em território ocupado pelos russos.

Entre as forças russas, foram entretanto referenciados mercenários chechenos, forças mais ou menos irregulares constituídas por «caçadores de cabeças» que foram utilizadas na Chechénia durante as duas guerras que a Rússia manteve contra aquela região separatista, numa guerra em que morreram 160.000 pessoas.

No final desta Segunda-Feira, as forças da Geórgia parecem ter retirado da cidade de Gori, embora aparentemente até ao momento as forças russas não avançaram sobre a cidade, mas tomaram o entroncamento de estradas que liga Tbilisi ao Mar Negro.
A retirada das forças da Geórgia não parece ter sido organizada e a sua estrutura de comando ou foi seriamente afectada, ou então nunca existiu de forma organizada.

No mapa, as áreas onde ocorreram os principais ataques russos


A estrada que liga Gori a Tbilisi, passa por um vale profundo e é um terreno especialmente adequado para emboscar viaturas blindadas. No entanto a organização do exército Georgiano parece-se muito mais com um exército soviético que com uma força organizada e preparada para utilizar a sua força de forma defensiva, aproveitando as características do terreno.

A cidade de Senaki na região ocidental da Geórgia também foi atacada e aparentemente tomada pelas tropas invasoras, que assim isolaram o porto de Poti, que já tinha sido bombardeado por via aérea nos dias anteriores.
No entanto a Rússia negou que tivesse ocupado a cidade de Poti.

Relatos da imprensa russa afirmam que continua a haver forças georgianas nas montanhas próximo à capital da Ossétia do Sul. Segundo as mesmas fontes as tropas da Georgia continuam a atacar a capital da Ossétia do Sul, embora esta alegação seja difícil de comprovar, porque tratando-se de uma tropa cercada e não existindo meio de as apoiar, dificilmente teriam capacidade para continuar qualquer ataque.
Nenhuma das informações da imprensa russa pode ser confirmada por fonte independente, embora a própria imprensa russa tenha afirmado que jornalistas russos foram mortos pelas tropas rebeldes da Ossétia, apoiadas pelo exército russo


Russos avançam sobre a terra natal de Estaline
Capacidade militar da Geórgia justifica continuação dos ataques

Área Militar

A continuação da ofensiva russa contra a Geórgia, ultrapassou já a questão da Ossétia do Sul ou da Abkazia.
Durante a madrugada desta Segunda-feira as forças russas continuaram a bombardear fortemente alvos em cidades da Geórgia.
O principal alvo dos ataques russos, não deixa de ser significativo. A cidade de Gori, foi a terra natal do antigo dirigente da União Soviética José Estaline.

Embora as forças da Geórgia tenham mostrado disposição para um cessar fogo, depois de terem entrado no território da Ossétia do Sul, e sido forçados a sair, os generais russos não parecem dispostos a parar.

Existem várias razões para os generais russos não quererem parar a ofensiva e aparentemente do ponto de vista militar, têm razões para isso. Ao contrário do que foi noticiado no Domingo por grande numero de órgãos de comunicação social, a retirada georgiana da capital da província da Ossétia do Sul, Tskhinvali, não foi forçada por qualquer avanço de forças russas, mas sim por ordens recebidas do comando georgiano durante o fim da manhã e inicio da tarde de Domingo. A ordem de retirada dada às tropas georgianas não parece no entanto ter chegado a todas as unidades, pelo que algumas delas ficaram nas imediações da cidade.

As forças russas que entretanto entraram na Geórgia, avançaram para sul, e impediram a retirada das forças georgianas que ficaram na área.

Exército georgiano longe de ter sido destruído
Segundo correspondentes ocidentais em Moscovo, o comando do exército russo está convencido de que enfrenta um exército bastante poderoso e que os ataques aéreos efectuados sobre populações civis durante os últimos dias, são acima de tudo destinados a desmoralizar a população e não conseguem destruir tanques.

O mapa mostra as regiões autónomas da Geórgia presentemente ocupadas pela Rússia, bem como as áreas onde ocorreram os combates mais violentos


Os tanques que a Geórgia perdeu, não foram destruídos pelos tanques russos, mas sim por RPG’s utilizados pelos separatistas da Ossétia (soldados do exército russo).
Também pelas informações conhecidas os georgianos cometeram o erro táctico de entrar com tanques dentro de uma área urbana, ao que parece com deficiente protecção de infantaria, sabendo que todos os tanques da família T-72 / T-80 / T-90 são tremendamente susceptíveis a armas anti-tanque modernas.

Os russos parecem temer que o exército da Geórgia assuma posições defensivas, pois se é verdade que a situação continua a ser de grande desvantagem para a Geórgia - que tem o tempo a jogar contra si – neste momento, não é absolutamente claro que exista uma absoluta superioridade russa, embora a médio prazo, ela seja absolutamente definitiva.

Entretanto, a imprensa russa confirmou a perda de um sofisticado bombardeiro Tupolev Tu-22M, o famoso «Backfire» que esteve na origem dos acordos entre Estados Unidos e União Soviética durante os anos 70.

Os ataques aéreos da força aérea russa foram até ao momento pouco eficientes. Terão conseguido destruir as instalações de um dos edifícios de uma base aérea em Tblisi onde se efectua a manutenção dos seis aviões da força aérea da Geórgia, mas ataques posteriores, ainda que eficazes do ponto de vista psicológico, aterrorizando a população, podem não ter correspondido a qualquer vantagem militar efectiva.

As dúvidas dos generais russos, poderão explicar a abertura de uma segunda frente na Abkhazia, que levou os dirigentes daquela região da Geórgia, presentemente ocupada, a afirmar que iniciariam uma nova ofensiva na Segunda-feira

Ataques concentrados sobre a cidade de Gori

Entretanto as forças russas parecem concentrar os seus esforços no ataque à região de Gori, vários quilómetros dentro do território georgiano, e que é considerado o principal centro militar da Geórgia. As características do terreno fazem de Gori uma área complicada de ultrapassar. Está bem defendida e é um ponto estratégico, pois funciona como entroncamento rodoviário e ferroviário.

Embora seja possível para as tropas russas continuar a avançar, esse avanço por áreas mais montanhosas e com piores estradas, onde os tanques não podem passar, poderia ser problemático.

Russos parecem ter recebido ordem para matar tudo o que se mover

A violência dos ataques russos, inicialmente apenas referida pelos georgianos, foi no Domingo presenciada por equipas de repórteres ocidentais, que depois de filmarem aviões bombardeiros Su-25 a atacar posições georgianas que não conseguiram atingir, viram-se transformados em alvos, tendo sido atacados por quatro foguetes lançados pelo Su-25.

A péssima pontaria dos russos, no entanto não conseguiu matar os jornalistas da BBC britânica, mas a tragédia já atingiu mesmo os jornalistas russos, que segundo fontes da própria Rússia, foram mortos por ataques ou de forças russas ou por forças russas alegadamente ligadas ao separatismo da Ossétia do Sul.

Para a emissora de TV britânica no entanto, parecem ter ficado claras as intenções russas, expressas pela brutalidade dos pilotos russos e pela sua falta de escrúpulos.
Perante ataques deste tipo que têm flagelado a população civil, a população da Geórgia tem fugido em pânico, com medo que os russos iniciem uma politica de genocídio idêntica àquela que levaram a cabo na Chechénia.

Duelo entre a Rússia e o Ocidente.

Vários analistas internacionais consideram que ao contrário do que se poderia pensar, a acção russa não está relacionada com a questão do Kosovo, que para os russos é uma questão secundária, mas acima de tudo com a colocação de mísseis defensivos por parte dos Estados Unidos nas proximidades das fronteiras da Rússia.

Os sistema defensivo norte-americano, reduz dramaticamente a eficiência dos sistemas de mísseis nucleares russos e a Rússia avisou há dias atrás, que responderia de várias formas à instalação daquelas armas nas proximidades das suas fronteiras ver matéria «Rússia ameaça República Checa».

Em Nova Iorque, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o clima do debate sobre a situação da Geórgia fez lembrar o clima da Guerra Fria, com a Rússia a acusar a Geórgia de ter começado, com os Estados Unidos a afirmarem que a Rússia tinha ultrapassado as marcas e com os representantes da Geórgia a acusarem a Rússia de estar a fazer o mesmo que a União Soviética fez ao invadir a Hungria, a Checoslováquia ou o Afeganistão.

Em declarações na tarde de Domingo, o Vice-presidente norte-americano afirmou que a Rússia não pode ficar sem resposta.


Invasão russa repele georgianos da região da Ossétia
Mais de 10.000 homens do 58º exército russo entraram na Geórgia

Area Militar

As autoridades da Geórgia anunciaram neste Domingo que as suas força que tinham entrado na cidade de Tskhinvali na passada Sexta-feira, retiraram para as suas posições anteriores.
Aparentemente a resposta russa às acções do exército da Geórgia foi inesperadamente violenta, o que levou o exército georgiano a retirar.

A operação georgiana, que aparentemente resultou de acções levadas a cabo por forças russas na semana passada, conduziu a uma tentativa de recuperação da província rebelde da Ossétia [1].
São difíceis de entender os contornos das operações em toda a sua extensão, porque embora a imprensa russa afirme que se tratou de um ataque por parte da Geórgia, a gigantesca desproporção de forças leva a encarar com grande cepticismo o tema da responsabilidade pelo conflito.

A Rússia, tem uma enorme experiência neste tipo de operações, em que pretende fazer as suas forças aparecer como libertadoras. Foi o caso da invasão soviética do Afeganistão, da invasão da Hungria ou da invasão da Checoslováquia.
Em todos estes casos, invariavelmente a antiga União Soviética utilizou o mesmo tipo de argumento [2]

Por isto, não pode ser assegurado por nenhum órgão de comunicação social que os números avançados por qualquer dos lados estejam efectivamente correctos.

Tentando juntar as informações disponíveis nos mais variados órgãos de comunicação social, as forças da Georgia avançaram sobre a região separatista da Ossétia do Sul, com carros de combate T-72A e veículos de transporte de pessoal. Eles contaram com a sua capacidade aérea para efectuar ataques de surpresa. Aparentemente, a Geórgia utilizou alguns dos seus seis helicópteros Mi-24, equipados com mísseis anti-tanque AT-6 fornecidos por outro país da antiga União Soviética, o Kazaquistão.

Os mísseis AT-6 parecem ter sido eficientes numa fase inicial, tendo sido destruídos destruídos vários tanques das forças rebeldes apoiadas pela Rússia. A Geórgia afirmou ter abatido 30 tanques russos, (embora o número não tenha sido confirmado e pareça ser absurdamente elevado para as características do terreno e o número de tropas envolvidas).

Os georgianos não fazem distinção entre as forças rebeldes da Ossétia e as forças russas, já que em parte as forças da Ossétia são de facto constituídas por soldados russos.
Não é no entanto de excluir que tenham sido atingidos 30 veículos blindados russos, de entre as forças militares de mais de 10.000 militares russos enviados para a Geórgia. Os tanques russos T-72 enviados para a Geórgia parecem ser do tipo T-72B/T-72S, protegidos com uma blindagem adicional com blindagem reactiva disposta em cunha.
Não existem imagens de carros de combate do exército russo destruídos, mas isso não é de estranhar no caso de as forças da Geórgia terem retirado, dado que a região ficou sob controlo da Rússia, que não permite a presença de jornalistas que não estejam sob o controlo do governo.

1 - Invasão russa por estrada -2- Forças russas posicionam-se na Abkhazia -3- Forças navais russas bloqueiam a Georgia -4- Russia ataca porto de Poti -5- Russia ataca a cidade de Gori matando inumeros civis -6- Russos atacam base aérea da Georgia


Também na fase inicial da operação, a Geórgia utilizou tanques T-72A de versões mais antigas, que foram modernizados, recebendo a conhecida solução da blindagem reactiva em módulos aplicados à torre e aos pontos mais sensíveis para melhorar a protecção.
No entanto, várias imagens de televisão, especialmente as passadas na TV russa, parecem mostrar tanques T-72A destruídos e com a torre fora do lugar.
A fragilidade da blindagem e péssima qualidade dos carros de combate russos parece ser reconhecida pelos próprios soldados russos que já aprenderam há muito a destruir os seus próprios tanques com facilidade.

Guerra aérea.
Inicialmente parecem ter ocorrido ataques aéreos por parte da Força Aérea da Geórgia. Essa força, não parece ter grande capacidade militar e aparentemente apenas tem de quatro a seis aeronaves de ataque Su-25 «frogfoot» com capacidade para efectuar ataques. Não há noticias de que os Su-25 da Geórgia tenham sido destruídos, mas sabe-se que a Rússia ordenou que as bases aéreas da Geórgia fossem atacadas, com o objectivo de destruir a capacidade Georgiana para atacar as suas forças.

A Rússia terá enviado grande numero de aeronaves para tentar destruir as pistas de aviação da Geórgia, mas segundo fontes georgianas, 10 aeronaves russas terão sido abatidas. Já no Domingo, o presidente do país afirmou à CNN que o país tinha destruído 20 aeronaves russas, mas que lamentava que embora os militares georgianos se pudessem defender dos aviões russos, os civis estavam indefesos perante os ataques russos contra alvos civis.

Não existe qualquer confirmação fidedigna destes números, mas a Rússia admitiu que dois dos seus aviões foram destruídos e segundo as agências noticiosas, um deles era um bombardeiro Tu-22, o outro um bombardeiro ligeiro Su-25 igual aos que a Georgia utilizou.
Aparentemente entre as comuns guerras de números, parece que o numero confirmado de aeronaves russas realmente abatidas pela Geórgia terá sido de quatro. A acreditar nas imagens, pelo menos um deles foi possivelmente um caça MiG-29, não sendo possível determinar a origem das restantes aeronaves, embora seja previsível que tivessem sido utilizadas aeronaves bi-lugar.

O numero de aeronaves russas abatidas, mesmo que se trate de apenas quatro, não deixa também de ser algo interessante de analisar, especialmente quando se souber exactamente que aeronaves foram de facto destruídas.

O problema da morte de civis e o facto de grande parte dos bombardeamentos russos terem sido sobre populações civis por outro lado, são uma péssima publicidade às qualidades dos equipamentos russos.

Num conflito que inevitavelmente atrairia a atenção dos órgãos de comunicação internacionais, a Rússia tentou seguramente o seu melhor para aparecer perante a opinião pública como potência equilibrada e que evita bombardear civis inocentes. No entanto parece ter falhado rotundamente nesse objectivo, com bombas a cair indiscriminadamente em áreas civis da Geórgia.

Segundo uma análise da situação, a selvajaria dos ataques russos, pode demonstrar que a força aérea da Rússia não tem capacidade para utilizar equipamentos para bombardeamento de precisão e que por isso optou por utilizar a tradicional táctica russa de vencer pelo numero.

Outra explicação para a absoluta incapacidade russa em acertar nos alvos georgianos – e com base em informações tornadas públicas e divulgadas em Washington - poderá estar relacionada com o facto de a Rússia estar a utilizar bombardeiros estratégicos efectuando ataques a grande altitude, que por natureza não podem ser precisos.

Esta decisão / opção russa, poderá implicar receio por parte dos russos em efectuar ataques a baixa altitude, temendo a capacidade anti-aérea da Geórgia.

Acusações de genocídio
No terreno, a propaganda russa tem afirmado que tinham sido cometidos crimes pelas forças da Geórgia. Os números apontados pelos russos (1.500 mortos entre os cidadãos russos que vivem nas regiões da Geórgia ocupada), não foram confirmados por qualquer entidade isenta e são estranhos para as relativamente reduzidas capacidades do exército da Geórgia. No entanto, ao mesmo tempo, as televisões e jornais russos têm ocultado as notícias e a informação sobre bombardeamentos indiscriminados de civis em todo o território da Geórgia e não apenas na região da Ossétia.

Também a comunicação social da Geórgia não tem informado a sua população, e os problemas com refugiados que já foram reconhecidos pelas Nações Unidas também foram ignorados pela televisão da Geórgia.

Por seu lado a maioria da população russa não sabe que a Rússia tem atacado indiscriminadamente alvos civis em todo o país vizinho, dado o controlo absoluto que o Estado Russo mantém sobre a comunicação social.

Em Moscovo, ultra-nacionalistas neonazis apoiantes de Vladimir Zhirinovski manifestaram-se a favor da invasão da Geórgia nas ruas da cidade.




[1] – Na Ossétia do Sul existe uma forte presença militar russa que permite manter o governo da província numa situação de independência virtual

[2] – O argumento da auto-defesa não é apenas um argumento típico dos russos, pois foi igualmente utilizado pela Alemanha Nazi em 1939 aquando da invasão da Polónia.
Até ao final da guerra milhões de alemães acreditavam que a Polónia tinha sido invadida numa acção de reacção alemã contra um genocídio praticado pelos polacos sobre uma população polaca de etnia alemã.



«Estado de Guerra» entre Rússia e Geórgia!
Declarada mobilização geral na Georgia

Area Militar

A tensão ente Rússia e a Geórgia, atingiu nas últimas horas um nível que guerra aberta, com a força aérea russa a efectuar violentos bombardeamentos contra cidades da Geórgia. O presidente da Geórgia, Mikhail Sakashvili declarou na manhã de Sábado que existia um estado de guerra entre Rússia e Geórgia.

A violenta reação russa, ocorre depois de o governo da Geórgia ter mandado avançar as tropas governamentais sobre a principal cidade da Ossétia (uma região georgiana onde existe um movimento separatista apoiado pelo governo russo). O governo da Geórgia, tinha afirmado anteriormente que tinha a intenção de fazer chegar a autoridade do Estado Georgiano a todo o território e nos últimos dias forças georgianas avançaram sobre as áreas controladas pelos separatistas apoiados pela Rússia.

Nesta Sexta-feira, o governo georgiano afirmou que as tropas governamentais tinham tomado o controlo da cidade de Tskhinvali, a principal cidade da região da Ossétia, tendo a Rússia afirmado no mesmo dia que protegeria os russos que vivem na região.
Uma grande parte da população da Ossétia é etnicamente russa e nunca aceitou a independência da Geórgia após o colapso da União Soviética.[1]

Também na Sexta-feira, tanques georgianos T-72 entraram na região da Ossétia e veículos blindados de transporte MT-LB foram também mostrados a avançar pelas estradas da região da Ossétia em direcção à capital da região.

Segundo as informações disponíveis o governo russo, aproveitou a recente crise na Ossétia para enviar forças do seu 58º exército contra a Geórgia.
Segundo as agencias internacionais, tanques T-72 do exército russo, entraram em território georgiano, dirigindo-se para a cidade de Tskhinvali. Na coluna de forças russas, estão incluídos canhões auto-propulsados Akatsya, sistemas de artilharia Smerch, juntamente com grande número de outros veículos blindados de apoio.

Forças russas também bombardearam neste Sábado uma base aérea georgiana nas imediações da capital Tblisi, localizada a sudeste da cidade. Em principio foi desta base que partiram as aeronaves Su-25 «Frogfoot» que foram utilizadas na Sexta –feira pelos georgianos para garantir o controlo da cidade de Tskhinvali e o ataque destina-se a garantir a superioridade aérea russa nos ceús da Geórgia.

A base é a mais importante da força aérea da Geórgia, que conta com aeronaves Su-25 de bombardeio, mas que aparentemente não possui caças operacionais. As aeronaves são alojadas em bunkers.
Não se sabe o resultado do ataque russo contra as instalações da Força Aérea da Geórgia, mas não há qualquer dúvida de que o objectivo era colocar fora de combate os seis aviões Su-25 que a Geórgia tem no activo (não se sabe quantos estão efectivamente operacionais, apenas se sabe que 2 (dois) Su-25 participaram nas acções de Sexta-feira contra a Tskhinvali na Ossétia do Sul).

Foi também bombardeado o porto de Poti, onde se encontram as únicas unidades navais da força naval da Geórgia, constituída por algumas lanchas costeiras rápidas armadas com mísseis e por um patrulha costeiro de origem francesa com um deslocamento de 250 toneladas.

O governo de Moscovo, alega que a invasão do território se destina a proteger cidadãos russos, acusando a Geórgia de ser responsável pela morte de mais de 1.500 pessoas nos últimos dias, resultado de uma tentativa de limpeza étnica, expulsando cidadãos de ascendência russa.

As autoridades georgianas, entretanto afirmaram que atacar a Geórgia durante os Jogos Olímpicos, «foi uma boa forma de desviar as atenções internacionais para a invasão de um pequenos país».




[1] Resultado das transmigrações do tempo do Estalinismo, milhões de Russos foram enviados para as várias repúblicas da antiga União Soviética, com o objectivo de efectuar uma harmonização étnica, que transformasse a diversidade dos povos da URSS – um problema enfrentado desde o primeiro dia da criação do estado comunista – garantindo que havia maiorias de origem russa em todas as repúblicas.

A Rússia, conta ainda hoje com essas minorias étnicas, resultado de transmigrações ordenadas pelas autoridades comunistas, para desestabilizar e ameaçar os países vizinhos.
Essa prática tem sido comum em todos os antigos estados da URSS que mostram menor afecto pelo governo Moscovita. Tanto os estados bálticos como a Ucrânia têm sido vítimas dessas pressões.
Ao contrário, as antigas repúblicas soviéticas que normalmente se submetem ao Kremlin são apoiadas, com o é o caso da Bielorussia, onde se refugiaram muitos dos antigos militantes do Partido Comunista da União Soviética, tendo transformado o país num dos maiores centros do crime organizado em toda a Europa de Leste utilizando para o efeito a teia de ligações e contactos da estrutura da KGB.