
Quando decidiu ir à 2ª Guerra Mundial, o Brasil não conhecia as dificuldades que iria enfrentar. Não apenas à frente dos campos de batalha, mas já a partir da organização de seus contingentes – marcados pelas precárias condições de saúde e sociais de grande parte da tropa.

A 148ª Divisão Alemã se entregou aos Brasileiros na Itália (acima)
Além disso, os relatórios mostram outro triunfo dos combatentes da FEB, que foi a rendição de 15 mil alemães, inclusive dois generais inimigos. O pracinha brasileiro, que saiu desacreditado do país, lutou como herói, mas teve que enfrentar as intempéries da Europa.

Pouco mais de 5 mil homens estão reunidos e esperando o momento de embarcar para Nápoles. Ali está o perfil do brasileiro da época. Pelo menos, o da classe baixa. Pessoas pobres, com capacidade física precária, vindas de todas as regiões do país. E foi com esse contingente que o Brasil realizou seus principais feitos na Itália: a tomada de Monte Castelo e a prisão de 15 mil alemães, incluindo dois generais. Os relatórios secretos da guerra obtidos pelo Correio mostram que o país não estava preparado para a batalha.

Precisou abrir mão de exigências sobre o perfil do efetivo ideal e amargou dificuldades ao preparar esses homens para enfrentar as tropas alemãs e italianas. Mas os relatos feitos pelo comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), general João Batista Mascarenhas de Morais, ressaltam que as dúvidas sobre o potencial combativo desses homens foram aos poucos sendo dissipados pela brava atuação em combate.

Para ir à guerra, segundo os relatórios, os soldados não poderiam ter pés chatos, sofrer de doenças venéreas, de problemas pulmonares e cardíacos e precisavam possuir pelo menos seis pares de dentes articulados.
As dificuldades para selecionar homens com o perfil ideal ocorriam em todas as regiões do país, segundo Mascarenhas de Morais. Ele observou que, para alcançar um número mínimo de recrutados para a guerra, foi necessário abrir mão de algumas exigências.
Cruzador Bahia - Acima: Durante a 2ª Guerra Mundial, realizou missões de patrulhamento no
Atlântico Sul e participou de diversos comboios dos cargueiros aliados.
No dia 04 de julho de 1945, o navio zarpou em patrulha e foi ordenada a
realização de exercícios de tiro com suas metralhadoras antiaéreas.
Para isso, o Bahia lançou ao mar um alvo flutuante, iniciando uma
sequência de disparos. Uma explosão atingiu o navio, provavelmente por
um erro de cálculo que derivou em tiros sobre as cargas de profundidade
alojadas na popa. A violenta explosão ocorreu quando o navio estava
próximo aos Rochedos de São Pedro e São Paulo. Na catástrofe, perderam a
vida o seu comandante, Capitão-de-Fragata Garcia D’Ávila Pires de
Albuquerque e mais 339 dos 372 homens que estavam a bordo, inclusive 4
marinheiros americanos. Em 8 de julho, foram salvos apenas 36
tripulantes por um navio mercante inglês.

“Estabelecendo as condições mínimas a satisfazer para integrar a FEB, diversas juntas de inspeção, em todas as regiões interessadas, começaram seu penoso trabalho, constatando-se desde logo, as maiores decepções, pela massa de homens, oficiais e praças que nem sequer se classificavam na categoria de ‘normais’ (a classificação exigida inicialmente era chamada de ‘especial’, com aptidões físicas excelentes, ficando os ‘normais’ impedidos de participar da guerra)”, descreveu o comandante.
No centro da foto o General Mascarenhas de Morais



Ao chegar em Nápoles, os 5 mil combatentes da FEB passaram por uma inspeção de saúde, tendo sido constatada a necessidade de se fazer 20 mil extrações. O relatório do ministro da Guerra complementa: “Das baixas verificadas na Itália ao chegar o 1º Escalão, 70% eram ocasionadas pelas doenças venéreas contraídas no Brasil”. Ainda durante a viagem, foram descobertos casos de tuberculose e caxumba.



Mas não era apenas a Amazônia que apresentava os mais sérios problemas. Minas Gerais, mesmo sendo um dos estados mais importantes do país, teve 77% de seus 4.220 inspecionados considerados incapazes. O maior problema dos mineiros era a insuficiência de dentes.

Por causa do perfil, Mascarenhas de Morais contou que havia uma incerteza quanto ao comportamento do soldado brasileiro na Itália, eliminada logo nas primeiras batalhas. “Sua ação em combate, em lugar de ser encarada como um simples dever de cidadão, servia para estimular-lhe a vaidade, tornando-o importante diante de si mesmo, e o levava a se vangloriar de seus feitos”, escreveu o comandante da FEB.

Por: Edson Luiz - Correio Braziliense
Dividido, país entra no conflito
Depois do flerte com a Alemanha, Getúlio finalmente decide ir para a batalha ao lado dos Aliados
Palácio do Catete, Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1942



Seis dias antes, o Itamaraty recebera em Londres um alerta de que os submarinos inimigos estavam a par da movimentação de navios brasileiros, por meio de informantes infiltrados no continente.


Antes, até houve uma pequena aproximação com os alemães, por causa da demora dos Estados Unidos em prestar ajuda econômica ao país, o que acabou acontecendo poucos meses depois. Uma correspondência de 20 de novembro de 1940 entre o ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, e Vargas mostra o flerte.
“Cabe-me, em conclusão, declarar a V. Excia que da leitura deste relatório mais revigorada sinto a necessidade de prosseguirmos, com todo o afinco, nas tentativas de receber o material encomendado no Reich e que por este país vem sendo posto à nossa disposição, malgrado as tremendas dificuldades que atravessa, dentro dos prazos e das quantidades estipuladas em contrato”, narra Dutra, referindo-se a um documento sobre a negociação com os alemães.


Fora dos quartéis, a guerra aguçava o patriotismo e o imaginário dos brasileiros. Um morador do Rio de Janeiro enviou ao Palácio do Catete um modelo de capacete com as cores da bandeira nacional, sugerindo que ele fosse usado por Vargas e seus auxiliares em solenidades públicas.
O major americano C. Booth também enviou uma carta a Vargas oferecendo uma invenção para os tempos de guerra. Era, segundo o Militar, uma mistura de quatro ingredientes domésticos com o açúcar, que se transformaria em uma bomba com poder 40% maior que a dinamite.

Sem entusiasmoDias antes do embarque para a Itália, os soldados brasileiros não mostravam entusiasmo — alguns, inclusive, desertaram para visitar familiares, segundo revelavam relatórios secretos feitos diariamente. Muitos não acreditavam que o Brasil participaria da guerra. “Isto é o efeito da opinião de grande parte da população civil e mesmo de parte dos oficiais do Exército que não estão incluídos na FEB”, diz o documento, observando que o trabalho psicológico feito na tropa estava parcialmente neutralizado pelas opiniões das ruas.


Além disso, o povo brasileiro não estava gostando das sanções aplicadas durante o período de guerra. A falta de alimentos em algumas regiões determinou um rigoroso racionamento.

“De outro lado, a sanha dos aproveitadores que, sem se apiedarem do sofrimento alheio, mercadeiam os mais necessários produtos da alimentação popular, explodindo na imprensa daqui e dos estados, constantemente, noticias escandalosas referentes à carne, ao leite, à manteiga, ao peixe, ao carvão e até mesmo à banana.”
Na avaliação dos Militares, a situação do país afetava o ambiente antes da partida para a Itália.

Por Edson Luiz - Fonte: Correio Brasiliense - Via NOTIMP FAB: 237/2008 de 24/08/2008
NOTA: A idéia das imagens nestes textos (diagramação) é mostrar que mesmo diante dos relatórios negativos e das adversidades inerentes a Guerra, o Brasil foi lá na Europa e realizou o seu papel. Não devemos nos esquecer que a campanha envolveu também homens e mulheres valorosos que tanto lá como aqui arriscaram suas vidas no cumprimento do dever.
Mais imagens do esforço de Guerra Brasileiro estão abaixo:
Americanos ajudaram enomemente os Brasileiros na Batalha do Atlântico
Primeiro grupo de Aviação de caça - Senta Pua
Primeiro grupo de Aviação de caça - Senta Pua
Parnamirim Field (acima)
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