Fonte: Folha de SP

Relatório final sobre queda do Learjet sobre casas na zona norte de SP, que deixou 8 mortos, descarta falha mecânica Pilotos podem ter esquecido bomba ligada, que continuou a transferir combustível, causando desbalanceamento entre asas, diz militar Bombeiros trabalham nos escombros de casas atingidas pelo Learjet, na zona norte, em novembro

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O relatório final da investigação do acidente aeronáutico com o Learjet-35A, que matou oito pessoas ao cair sobre casas na zona norte de São Paulo em 4 de novembro de 2007, descarta a possibilidade de ter havido falha mecânica no jato.
O documento informa também que o manual do fabricante do avião foi omisso ao não especificar o limite permitido para o desbalanceamento de combustível entre as asas. Diante disso, o mais provável, informam os peritos da Aeronáutica, é que uma falha humana teria desencadeado a tragédia.

O relatório sobre o acidente será concluído até o fim da próxima semana pelo Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em São Paulo.

O avião caiu após sair do aeroporto do Campo de Marte, também na zona norte.
A distribuição desigual de querosene nas asas -a direita decolou mais pesada que a esquerda-, ocorrida durante o abastecimento no solo, foi determinante para que a tripulação perdesse o controle de vôo e caísse de bico, matando os dois pilotos e seis moradores.

O chefe do Seripa, o tenente-coronel da Aeronáutica Ricardo Hein, afirma que "os pilotos podem ter esquecido de desligar a bomba que continuou a transferir combustível da asa esquerda para a direita, provocando um desbalanceamento". Na ocasião, foi acionada no Learjet a bomba do tanque da asa dianteira esquerda, responsável pela transferência de querosene para a asa direita.

O modelo 35A tem dois tanques em cada asa. Cada uma recebeu 500 litros de querosene -28 a mais que o recomendado no manual do jato, que, porém, não especifica o nível de desbalanceamento tolerado.

A primeira asa a ser abastecida foi a esquerda. Durante três minutos, 120 litros de querosene foram transferidos dela para a direita. A asa esquerda decolou com 380 litros e a direita, abastecida com 500 litros, ganhou cerca de 120 litros, totalizando ao menos 620.

Manual
Durante a investigação, o Seripa informa que não encontrou nenhum problema mecânico contundente que sugira que a bomba falhou. Alguns dos sons que aparecem na caixa-preta seriam o do funcionamento da bomba da asa com o barulho de motores, o que indica que a bomba de transferência de combustível continuou a funcionar após a decolagem.

De acordo com Hein, o relatório, que será discutido nesta próxima semana antes de ser concluído, responderá a todas as dúvidas, inclusive sobre quem acionou o comando.

Durante as investigações, o Seripa verificou que o manual do fabricante do Learjet é omisso sobre o limite de desbalanceamento de combustível. "Todos os aviões que voei até hoje têm limite lateral de peso. Esse me chamou a atenção por não ter nada disso no seu manual", afirmou Hein.

Indagado se os pilotos Paulo Montezuma Firmino, 39, e o co-piloto Alberto Soares Júnior, 24, mortos no acidente, poderiam ter ignorado o limite de combustível por conta do manual não ser específico, o chefe do Seripa disse que, "apesar de não estar escrito no manual, era natural que os pilotos tivessem bom senso e raciocínio de desbalanceamento".

Segundo Hein, 200 quilos ou 500 litros seriam a diferença tolerável de combustível de uma asa a outra para não haver desbalanceamento. "Vamos recomendar ou pedir ao fabricante para fazer isso constar no seu manual a partir de agora."

A Folha não conseguiu localizar um representante da Learjet para comentar as informações do relatório.

Cenipa
O relatório de investigação será redigido após 8 de agosto. O Seripa aguarda a análise do NTSB (National Transportation Safety Board, agência que investiga acidentes da aviação civil nos EUA) sobre o relatório parcial do acidente com o Learjet para redigir a versão final.
Encerrada essa etapa, o documento será encaminhado ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em Brasília, para apreciação.

"Caberá a eles analisar nosso parecer e emitir o relatório final", disse Hein.

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Perícia estrangeira no Learjet

Fonte: G1

Técnicos estrangeiros vão participar das investigações sobre a queda do jato executivo Learjet em uma área residencial de São Paulo, no último domingo. O acidente deixou oito mortos.

Domingo, dia 4 de novembro de 2007, 14h11. Um segurança toma um susto e corre. Uma câmera registra a tragédia com o jato executivo Learjet 35A. E uma outra câmera, o pânico da vizinhança. Os momentos seguintes à queda do Learjet foram gravados pelo sistema de segurança de uma empresa.

Nesta quarta-feira, João Fernandes voltou às ruínas da casa onde perdeu a mãe, o irmão, a cunhada e os sobrinhos. Ele foi procurar documentos e remédios. Nem isso encontrou. “Não achei nada”, resignou-se João.

A menina Laís, de 11 anos, sobrevivente e testemunha da tragédia, foi tratar de documentos na delegacia. Aos poucos, ela consegue retomar a rotina. “Hoje, eu dormi. Não tive nenhum pesadelo. Está normal agora”, contou ela.

Ela também está mais tranqüila porque a amiga, que teve 30% do corpo queimado, melhorou. “Agora, estou mais feliz porque a Cláudia acordou”, disse Laís.

Nesta quinta-feira, serão ouvidos os policiais militares que chegaram ao local logo após o acidente. Na semana que vem, será a vez dos controladores de vôo que estavam em contato com o Learjet.

Representantes da Bombardier, fabricante do avião, funcionários da empresa que fabrica os motores e peritos de órgãos de segurança aérea dos Estados Unidos chegaram a São Paulo nesta quarta-feira. Eles estão analisando todos os destroços do Learjet. E já decidiram: a caixa de voz, que pode ajudar a esclarecer as causas do acidente, será analisada em um laboratório americano.