Revista Asas
Em discurso proferido ontem na Base Aérea de Anápolis, durante a cerimônia de recebimento dos últimos caças Dassault Mirage 2000 adquiridos usados da França, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, admitiu implicitamente que o futuro caça multifuncional de nova geração da Força Aérea Brasileira (FAB), o Programa FX-2, deverá ser o Dassault Rafale.
Segundo o ministro, “o que precisamos é nos organizar em termos de nossa capacitação. Chega de pensarmos pequeno. Chega de termos pretensões de curto prazo. Precisamos ter afirmações de curto, médio e de longo prazo. E a capacitação de um temor dissuasório efetivo no Brasil é fundamental, tendo em vista sua perspectiva de país grande. E é por isso que, no final do ano, em dezembro, comparecerá ao Brasil Sua Excelência o presidente (francês, Nicolas) Sarkozy, e o Brasil firmará grande acordo estratégico com a França, que envolve não só trocas e trabalhos na área de defesa, mas fundamentalmente a possibilidade de ampliação de nossa base industrial de defesa em aliança com os franceses”.
Jobim destacou, como fundamental na escolha da parceria, o fato de que “os franceses e a França são o país que, nos diálogos que fizemos pelo mundo, com a Índia, com a Rússia, com a Suécia, com os Estados Unidos, em todos eles só encontramos efetivamente com os franceses uma transparência, uma disposição real de uma parceria estratégica com o Brasil. Não somos, não seremos e não continuaremos a ser meros consumidores de produtos de defesa, seremos, isso sim, produtores de serviços de defesa na integração do desenvolvimento brasileiro. Os dois Mirages que ora nos são entregues é o final de um ciclo. Teremos um novo ciclo. Um novo ciclo em que os produtos terão, junto com o ciclo, claramente, as cores brasileira e francesa para afirmar a efetividade do Brasil como um país grande”.
Jobim também anunciou, para os próximos dias, a apresentação à população brasileira de um “Plano Estratégico Nacional de Defesa”. Durante os eventos de ontem, em Anápolis, o ministro teve ainda a chance de realizar um vôo, de cerca de 50 minutos, num Mirage 2000B.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social - Ministério da Defesa
Anápolis (27/08/2008) - Em discurso na Base Aérea de Anápolis (GO), na cerimônia de entrega dos últimos dois caças Mirrage 2000 , nesta quarta-feira (27/08), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, destacou o acordo estratégico a ser assinado, no final do ano, com o presidente francês Nicolas Sarkosy, destinado a desenvolver a indústria brasileira de defesa.
Segue, na íntegra, o discurso:
"Assistimos hoje à integração dos últimos Mirrage 2000 ao nosso conjunto de caças do Brasil. Sabem os senhores e senhoras que elaboramos e estamos a elaborar, e apresentaremos ao Brasil, nesta semana, o nosso Plano Estratégico Nacional de Defesa. O que tem de se ter presente claramente é que o processo de transformação, que decorrerá do início desta situação com as diretrizes desse plano, é processo de transformação das Forças Armadas brasileiras, que tem como perspectiva uma reorganização nos seus efetivos, na sua lotação e na integração entre as próprias Forças.
E, fundamentalmente, considerando que a defesa deixa de ser tema exclusivamente militar para ser tema da Nação. E, por ser tema da Nação, a transformação das Forças não se dá na perspectiva da existência da ameaça, de um inimigo, se dá isso sim na perspectiva da capacitação do país em termos dissuasórios. Enganam-se aqueles que pensam, ou pretendem pensar e afirmar, que a organização e a transformação das Forças brasileiras têm alguma perspectiva na análise da existência de alguma posição ou algum opositor. Não. O que precisamos é nos organizar em termos de nossa capacitação.
Chega de pensarmos pequeno. Chega de termos pretensões de curto prazo. Precisamos ter afirmações de curto, médio e de longo prazo. E a capacitação de um temor dissuasório efetivo no Brasil é fundamental, tendo em vista sua perspectiva de país grande.
E é por isso que, no final do ano, em dezembro, comparecerá ao Brasil Sua Excelência o presidente ( da França, Nicolas) Sarkosy, e o Brasil firmará grande acordo estratégico com a França, que envolve não só trocas e trabalhos na área de defesa, mas fundamentalmente a possibilidade de ampliação de nossa base industrial de defesa em aliança com os franceses.
Os franceses e a França são o país que, nos diálogos que fizemos pelo mundo, com a Índia, com a Rússia, com a Suécia, com os Estados Unidos, em todos eles só encontramos efetivamente com os franceses uma transparência, uma disposição real de uma parceria estratégica com o Brasil. Não somos, não seremos e não continuaremos a ser meros consumidores de produtos de defesa, seremos, isso sim, produtores de serviços de defesa na integração do desenvolvimento brasileiro.
Os dois Mirrages que ora nos são entregues é o final de um ciclo. Teremos um novo ciclo. Um novo ciclo em que os produtos terão, junto com o ciclo, claramente, as cores brasileira e francesa para afirmar a efetividade do Brasil como um país grande.
Senhor comandante da Aeronáutica, quero agradecer toda a transparência do relacionamento do comando da Aeronáutica com o Ministério da Defesa, e dizer a V. Exa. que isso continuará assim, de forma que estamos hoje servindo a um objetivo claro, que é a afirmação do Brasil como grande potência. E ter o Brasil como grande potência significa ter o Brasil a capacitação clara de poder dissuasório efetivo, e não verbal, e não meramente virtual. E é por isso que agradeço a V. Exa. essa dedicação. Cumprimento a todos. E digo, não só para os franceses, que temos um longo caminho a percorrer. E saberemos percorrer com absoluta tranqüilidade."
Brasil recebe últimos Mirrage e encerra ciclo de “compras de prateleira”
Fonte: Assessoria de Comunicação Social - Ministério da Defesa
Anápolis (GO) 27/08/2008 - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, receberam nesta quarta-feira (27/8) os últimos dois aviões de caça Mirrage 2000, de um lote de doze adquiridos da França. Os aviões substituirão os modelos anteriores de Mirrage que saíram de serviço em 2005, e deverão fazer a ponte até a chegada dos novos aviões que serão adquiridos no projeto FX2, com entrega para após 2015.
Para comemorar a data, Jobim fez um vôo de aproximadamente 50 minutos em um Mirrage. Segundo Jobim, esta compra marca o fim do ciclo de aquisições puras para a área de Defesa. Os novos modelos já serão adquiridos sob a ótica da transferência de tecnologia por parte do fabricante. “Significa a importância de nós encerrarmos um ciclo, que é o ciclo do Brasil comprador. Agora nós deveremos começar um novo ciclo, que é o ciclo do Brasil Parceiro”, afirmou Jobim, em entrevista coletiva após a cerimônia.
De acordo com Jobim, a intenção do Brasil é adquirir um pequeno lote inicial do novo avião que vier a ser escolhido e passar a desenvolver localmente uma plataforma que participe da produção das unidades seguintes. “A nova estratégia de Defesa significa que nós seremos produtores”. Segundo o ministro, os principais países que participam da disputa afirmam que estão dispostos a transferir tecnologia. Mas ele pondera que nem sempre os fatos confirmam a intenção, e cita o caso do governo americano, que recentemente dificultou a remessa de componentes adquiridos para o Supertucano, da Embraer.
Participam da disputa do FX2 as empresas norte-americanas Boeing (F/A-18 E/F Super Hornet) e Lockheed Martin (F-35 Lightning II), a francesa Dassault (Rafale), a russa Rosoboronexport (Sukhoi SU-35), a sueca Saab (Gripen) e o consórcio europeu Eurofighter (Typhoon).
O ministro elogiou a transparência da França e sua disposição de avançar, na área aeronáutica, da mesma maneira que avançou no acordo para a transferência de tecnologia destinada à produção de um submarino brasileiro de propulsão nuclear. Mas o ministro negou que haja decisão tomada em relação aos franceses para a aquisição dos novos aviões. “A partir de janeiro nós vamos abrir a discussão em relação ao FX. Evidentemente os franceses estão na concorrência; agora, tudo vai depender das conveniências ao Brasil”, concluiu.
Jobim destacou a importância da autonomia tecnológica e industrial para a consolidação da defesa brasileira. “O país que tem a capacitação nacional tem poder dissuasório real”, explicou Jobim. Ele esclarece que o fortalecimento da defesa do país não tem nenhuma causa específica externa . “Não estamos organizando e transformando as Forças Armadas pela perspectiva de um inimigo ou de uma ameaça. Estamos transformando na perspectiva da capacitação”.
Jobim observou que o país tem muitas riquezas a defender, como as áreas juridicionais de sua plataforma marítima, que somam 3,5 milhões de km2, e que deverão subir para 4,5 milhões. “São grandes riquezas. Só os leigos é que acreditam que não precisam estar capacitados para responder a qualquer ameaça”.
Quarta Frota- O ministro negou qualquer vinculação entre o fortalecimento da Defesa brasileira e a criação da Quarta Frota por parte dos Estados Unidos. “Não vamos nos conduzir da perspectiva de que os Estados Unidos estejam nos conduzindo. Nós vamos nos conduzir dentro das nossas condições e da nossa perspectiva de capacitação”.
O ministro, inclusive , relativizou a preocupação manifestada por algumas pessoas com a criação da Quarta Frota, que ele classifica de uma mudança administrativa dos Estados Unidos, que transferiram da Segunda Frota para a Quarta Frota alguns de seus meios navais.
“Eu não vejo problema nenhum, isso é uma decisão americana. O americano toma as decisões que bem quer. Nós não gostaríamos que as decisões que o Brasil está tomando agora no Plano de Defesa fossem objeto de objeções americanas. A autodeterminação dos povos é vital, e eu não vejo nenhuma dificuldade em relação à Quarta Frota. Fica nítido e claro que as relações com o Brasil continuarão sendo amistosas”.
Jobim também observou que não há preocupação exclusiva da Defesa com a área do pré-sal, onde foram localizadas reservas gigantes de petróleo. Esta é apenas uma das grandes riquezas que o País tem e que precisam ser defendidas, argumentou. “Nós temos que nos lembrar que a América do Sul é a maior reserva de energia do mundo hoje, é a maior reserva de produção de alimentos e a maior reserva de água doce. Nós temos a Amazônia e o aqüífero Guarani. Isto basta para que nós tenhamos capacitação”.
Jobim sinaliza preferência pela compra de caça francês
TÂNIA MONTEIRO - Agencia Estado
ANÁPOLIS - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, aproveitou o discurso de hoje na cerimônia de recebimento dos dois últimos Mirage 2000 que atuarão na defesa aérea do País pelos próximos sete anos para deixar clara sinalização da sua preferência pelo modelo francês, na compra dos novos caças no projeto FX2, em análise pela Força Aérea. Jobim criticou a falta de disposição para formação de parcerias estratégicas, com transferência de tecnologia de países como os Estados Unidos, a Rússia e a Suécia, todos concorrentes no FX2.
Ele foi ainda mais duro em relação aos Estados Unidos. Reclamou que eles vetaram a venda de super-tucanos para a Venezuela porque o avião possuía um componente de navegação, o GPS, de tecnologia norte-americana. "Os precedentes não ajudam muito", afirmou o ministro após a cerimônia, ao ser questionado se os norte-americanos estavam "atrás" na concorrência por causa das limitações de transferência de tecnologia.
"Tivemos um trabalho imenso para negociar um elemento mínimo do avião, que era o GPS." Porém, ele contou que na viagem que fez no mês passado aos EUA, tanto a Boeing, que fabrica o F-18, quanto a Lockheed-Martin, do F-16, prometeram transferência de tecnologia. "Mas há dados que temos de considerar", disse Jobim.
O ministro da Defesa e o Comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, querem assinar no ano que vem contrato de compra de 20 a 24 novos caças a serem entregues até 2015, quando os 12 Mirage 2000 começam a sair de operação. Segundo Saito, somente no final do ano, depois da análise mais completa das seis propostas recebidas, serão definidos os dois ou três modelos pré-selecionados.
FAB estaria próxima da “seleção inicial” para o FX-2
Flightglobal - Via Revista Asas
Segundo o jornalista Stephen Trimble, do website “Flightglobal” (da prestigiada revista “Flight International”), o Comando da Aeronáutica estaria já muito perto de anunciar uma seleção inicial para o Programa FX-2, reduzindo o número de “candidatos” para a vaga de futuro caça multifuncional de nova geração da Força Aérea Brasileira (FAB). Até o momento, os concorrentes são os norte-americanos Boeing F/A-18E/F Block II Super Hornet e Lockheed-Martin F-16BR Fighting Falcon; o francês Dassault Rafale; o multinacional Eurofighter Typhoon; o sueco Saab Gripen NG; e o russo Sukhoi Su-30/-35.
Segundo a Lockheed-Martin, o governo norte-americano não autorizou a oferta ao Brasil do F-35 Joint Strike Fighter, até porque a encomenda brasileira tem por pré-requisito a transferência de tecnologia e a capacidade de todo o suporte e manutenção da aeronave serem feitos no Brasil. Assim, o fabricante teve de se limitar a oferecer uma versão “customizada” (segundo a Lockheed) do veterano F-16.
Já a Boeing, que vem realizando uma campanha agressiva de vendas do Super Hornet (cujo “desempenho” de vendas tem ficado muito aquém do desejado), ofereceu o F/A-18E/F inclusive com o avançadíssimo radar Raytheon APG-79, de varredura ativa eletrônica. Questionado sobre a posição de Washington sobre a transferência de tecnologia do APG-79 para um país sulamericano, o vice-presidente do Programa F/A-18 na Boeing, Bob Gower, preferiu “desconversar” e minimizar as possibilidades de “problemas políticos”.
Segundo se sabe, o Programa FX-2 prevê a aquisição inicial de um lote de 32 a 36 caças, número que pode ser ampliado em lotes posteriores, até um máximo estimado de 120 aeronaves. Apesar do curtíssimo prazo, para um contrato desta natureza, fontes brasileiras tem insistido que o início das entregas estaria já previsto para 2010.
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