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Primeiro ataque das bombas voadoras V-2 contra a Inglaterra.


Por volta de Dezembro de 1934, von Braun conseguiu o seu primeiro sucesso com um foguete A2 cujo combustível era etanol e oxigénio líquido. Dois anos mais tarde, quando os planos para o foguete A3, que sucedeu o A2, estavam a ser finalizados, iniciaram os primeiros planos para o A4, -- um foguete que seria, segundo as palavras de Dornberger, uma arma prática e não uma ferramenta de pesquisa. Conforme referido anteriormente, muitos conhecem o A4 por outro nome -- o V-2.

Os pesquisadores depressa excederam as suas capacidades em Kummersdorf, nos arredores de Berlim, e em 1936 as operações foram transferidas para uma ilha remota na costa báltica alemã -- Peenemuende.

Entre 1937 e 1941, o grupo de von Braun lançou cerca de 70 foguetes A3 e A5, cada um com componentes de teste para uso nos propostos foguetes A4.

O primeiro foguete A4 foi lançado em Março de 1942. O foguete apenas atingiu algumas nuvens baixas antes de se despenhar no mar a meia milha do ponto de lançamento.

O segundo lançamento foi em Agosto de 1942 e viu o A4 subir a uma altitude de 11 quilómetros (7 milhas) antes de explodir.

O terceiro foi um sucesso! Em 3 de Outubro de 1942, outro foguete A4 saiu de Peenemuende, seguiu a sua trajectória pré-definida na perfeição, e aterrou no alvo a 193 quilómetros (120 milhas) de distância. Pode-se dizer que este lançamento marcou o início da era espacial. O A4, o primeiro foguete balístico com sucesso, é o antecedente de praticamente todos os foguetes lançados actualmente no mundo.

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O produção do A4 começou em 1943 e os primeiros A4, agora chamados de V2, foram lançados contra Londres em Setembro de 1944.

A ofensiva V-2 chegou tarde demais para afectar o curso da guerra. Por volta de Abril de 1945, a Armada Alemã estava em completa retirada por toda a parte, e Hitler tinha-se suicidado no seu "bunker" em Berlim.

Numa estalagem perto de Oberjoch, Haus Ingeburg, von Braun e mais de 100 dos seus especialistas em foguetes esperavam um fim. Tinha sido dada a ordem por Hitler para executar toda a equipa para evitar a sua captura. O irmão de Wernher von Braun, Magnus, no entanto, conseguiu contactar as forças americanas que estavam perto antes dos seguidores SS de Hitler conseguirem chegar à equipa dos foguetes. Em 2 de Maio, o mesmo dia em que Berlim caiu sob a Armada Soviética, von Braun e a sua equipa entraram nas linhas americanas e na liberdade.

Quando a guerra terminou, von Braun e a sua equipa foram fortemente interrogados e protegidos dos agentes russos, numa forma ciumenta. Os foguetes V2 e os respectivos componentes foram montados. Os técnicos alemães foram cercados. Em Junho, o General Eisenhower sancionou a última série de lançamentos V2 na Europa. Observando cada um dos três V2 que levantaram da base em Cuxhaven, estava um coronel da Armada Russa, Sergei Korolev. Dez anos mais tarde, Korolev seria aclamado como o desenhador-chefe das naves espaciais na União Soviética, e o responsável pela criação das naves espaciais Vostok, Voshkod e Soyuz que, desde 1961, transportaram os cosmonautas soviéticos para órbita.

Poucos membros da equipa de von Braun participaram nos lançamentos de Cuxhaven. Muitos tinham já começado a instalar estabelecimentos em Fort Bliss, perto de El Paso, Texas. Empilhados no deserto perto de Las Cruces, Novo México, estavam componentes suficientes para construir 100 V2. Von Braun e a sua equipa depressa se mudaram para perto de White Sands Proving Ground, onde começaram a montar e lançar os V2. Por volta de Fevereiro de 1946, já se tinha reunido toda a equipa de von Braun de Peenemuende em White Sands e, em 16 de Abril, o primeiro V2 foi lançado nos Estados Unidos. O programa espacial dos E.U. estava a começar!

Até 1952, foram lançados 64 V2 em White Sands. Instrumentos, e não explosivos, ocupavam os cones dos mísseis. Uma variante do V2 viu o míssil tornar-se no primeiro dos dois andares de um foguetão denominado Bumper. A metade superior era um foguetão WAC Corporal. A necessidade de mais espaço para disparar rapidamente os foguetões depressa se tornou evidente e, em 1949, o Joint Long Range Proving Ground foi estabelecido no remoto e deserto Cabo Canaveral, Florida. Em 24 de Julho de 1950, um foguetão Bumper de dois andares tornou-se no primeiro de centenas a serem lançados do "Cabo".

A transferência das operações de lançamento para o Cabo coincidiram com a transferência do programa dos mísseis da Armada de White Sands para um posto próximo da cidade do norte do Alabama, chamada Huntsville. Von Braun e a sua equipa chegaram em Abril de 1950. Tornou-se na sua casa para os 20 anos seguintes, um período durante o qual a população da cidade aumentou 10 vezes.

A equipa de von Braun trabalhou no desenvolvimento do que era essencialmente um foguetão super-V2, denominado segundo o arsenal da Armada dos E.U. onde estava a ser criado -- o Redstone (Pedra Vermelha).

Em 1956, A Agência de Mísseis Balísticos da Armada (Army Ballistic Missile Agency) foi estabelecida no Arsenal de Redstone, sob o comando de von Braun para desenvolver o míssil balístico Júpiter de alcance intermédio. Uma versão do foguetão de Redstone, denominado de Júpiter C, foi utilizado em 31 de Janeiro de 1958 para lançar o primeiro satélite americano, Explorer I (Explorador 1). Três anos mais tarde, o Mercury de Redstone lançava Alan Shepard e Virgil I. "Gus" Grissom num vôo espacial suborbital, abrindo o caminho para o primeiro vôo orbital de John Glenn.

Em 1958, foi criada a NASA e, dois anos mais tarde, von Braun, a sua equipa e toda a Agência de Mísseis Balísticos da Armada (ABMA) foram transferidos para a NASA para formarem o núcleo do programa espacial da agência.

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Bombas Voadoras

Fonte: Geocities

Em 1939, máquinas e tratores de engenheiros militares desalojaram de Peenemünde os pescadores de suas casas e no lugar ergueram misteriosas construções. No dia 3 de outubro de 1942, embora a ilha conservasse seu ar parado e nevoendo, no rosto do pessoal que invadira Peenemünde três anos antes havia apreensão e expectativa. A razão disso tudo era um objeto de 15 metros de altura - semelhante a uma enorme e gorda flecha de metal, apoiada sobre quatro grandes asas - que parecia ouvir nervosamente o som monótono de um alto-falante repetindo cadenciado uma estranha contagem invertida.

Quem descreve as atividades incomuns daquele dia é o General Walter Dornberg, chefe das instalações da ilha. "Durante muitos anos tínhamos trabalhado para aquele momento e, quando ele chegou, deu a impressão de não ser real. Cada minuto parecia durar mais de sessenta segundos e os números 3 ... 2 ... 1 chegaram mais lentamente que todos. No momento em que a contagem chegou a zero, vi uma nuvem de fumaça e centelhas escapar do foguete. Com um rugido assustador, o mostro de metal levantou-se de sua base e tomou caminho do céu, diminuindo de tamanho enquanto mergulhava rapidamente para o Norte.

Acompanhei o brilho das chamas desaparecendo a distância. Foi uma visão inesquecível". Dornberg saiu da sala blindada de onde comandara a experiência e foi encontrar-se com Wernher von Braun, diretor técnico dos trabalhos. "Não me envergonho de dizer que chorava de alegria", diz o General, "e Von Braun ria quase descontroladamente, com os olhos cheios de água". Toda Peenemünde comemorava o sucesso do foguete A-4, que na sua versão militar (com uma carga de 1 tonelada de explosivos) seria conhecido como bomba V-2 (V de "Vergeltung", vingança). Pela primeira vez na história da tecnologia, um foguete percorria 360 Km, subindo a uma altura de 100.000 metros.

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Bomba Voadora V-2

"Este terceiro dia de outubro de 1.942 marca o começo de uma nova era nos transportes, a da viagem espacial", Dornberg diria. Perto dos pequenos foguetes de 3 metros construídos pessoalmente por Goddard e quatro auxiliares em sua oficina, a V-2, feita por uma equipe com mais de cem especialistas, quase 2.000 técnicos e 5.000 trabalhadores, era um projeto do futuro. Mas, naquele momento, o futuro estava mais para o lado de Hitler que das viagens espaciais. Dornberg : "Enquanto a guerra durar, nossa missão mais urgente será o aperfeiçoamento deste foguete como arma. O desenvolvimento de suas possibilidades para a conquista do espaço é uma tarefa para os tempos de paz". Quando a primeira V2 subiu vitoriosamente de Peenemünde, Von Braun tinha trinta anos e metade de sua vida ele passara estudando os foguetes. Filho de uma família de aristocratas alemães, a Guerra o obrigou conciliar sonhos com obrigações patrióticas. Fora das horas de trabalho em Peenemünde, estudava astronomia, pensando nas futuras viagens pelo espaço. Durante o serviço, se esforçava para convencer os líderes nazista da importância militar de sua máquina, única forma de obter dinheiro para aperfeiçoá-la. No dia 29 de junho de 1.943, Hitler, que não acreditava na V-2 na época das fáceis vitórias do Exército nazista, visitou as instalações da ilha de Usedom para sentir as possibilidades da nova arma. Os oficiais de Peenemünde ficaram encabulados com a presença autoritária do Führer e respondiam às perguntas desajeitadamente em palavras rápidas e confusas. Von Braun foi o único (segundo um relatório da Gestapo) a manter a calma e durante trinta minutos deu todas as explicações pedidas pelo ditador. Uma semana depois, Hitler mandou chamá-lo, junto com Dornberg.

Enquanto os aviões da Royal Air Force despejavam toneladas de bombas sobre Berlim, num porão da Chancelaria alemã, Von Braun apresentava filmes da V-2 e dava explicações sobre novos foguetes e planos para sua produção em série. Dornberg ainda lembrou vagamente ao Führer possíveis usos mais nobres da nova tecnologia. "Quando começamos a aperfeiçoar os foguetes, não pensávamos em atribuir-lhe um papel militar tão terrível. Nós sonhávamos ..." Hitler interrompeu-o bruscamente : "Eu sei que vocês não pensavam nisso. Mas eu pensei". Em seguida, autorizou a produção da bomba. No começo de novembro de 1.943, os ingleses, longamente habituados às ameaças fantásticas de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda Nazista, riram tolerantemente quando num discurso ele anunciou "terríveis armas de retaliação", que estariam "prontas para cair sobre a Inglaterra, como um pesadelo vindo do céu". Problemas técnicos atrasaram o sonho ruim por mais de meio ano. Mas, no dia 13 de junho de 1.944, uma violenta explosão abalou Swanscombe, no Condado de Kent, a 35 Km do centro de Londres. Um cidadão que viu o ataque descreveu "a coisa" como "um pequeno avião roncando como Ford de bigode, que voava rapidamente, deixando atrás de si um rasto de chamas". Era a V-1, a primeira das armas secretas anunciadas por Goebbels. A Vergeltung 1 era uma espécie de avião a jato sem piloto, telecomandado, capaz de voar a 800 Km por hora (pouco mais rápida que os caças da época).

A arma desenvolvida em Peenemünde (V-2) era fantasticamente mais rápida e perigosa que as V-1. Faziam 5.000 Km/h, ninguém ouvia sua aproximação e eram inúteis as baterias antiaéreas e os aviões de defesa (que derrubaram 1.847 V-1). Durante sete meses, as "armas da vingança" 1 e 2 mataram 8.500 pessoas, feriram 46.200, destruíram 60.000 casas. Mas era tarde para que elas pudessem mudar sensivelmente o resultado final da grande tragédia alemã. A maioria dos especialistas entendeu a V-2 como uma dura antevisão da III Guerra Mundial. Outros viam no foguete perspectivas mais terríveis. O "London Tribune" comentava assim a notícia de que um superfoguete lançado da Alemanha duas semanas antes havia sumido no ar : "Se o mundo atingido pelo foguete for habitado por gente que chegou ao nosso nível de 'civilização', talvez eles o encarem como um ato de hostilidade. Estaremos então na iminência de uma guerra entre mundos, antes de termos acertado as contas aqui na Terra ?".

Com idéias um pouco diferentes das do irônico jornalista londrino, americanos e russos pensavam nos homens que haviam construído as armas fantásticas e tinham planos ainda mais fantásticos para eles. Numa fria manhã de fevereiro de 1.945 desceu no aeroporto militar de Londres o Major Robert Staver, com ordens expressas de se apresentar urgentemente ao Comando de Armas e Munições Aliado. Falava com um de seus superiores no QG (Quartel General) quando foi jogado no chão por uma gigantesca explosão no prédio vizinho, Staver, enviado à Inglaterra para aprender tudo sobre as bombas alemãs e, recebido pouco amistosamente por uma delas. Na semana seguinte, unidades do Terceiro Exército Blindado americano entravam em Bonn e capturavam vários documentos, entre os quais, acidentalmente, uma relação dos cientistas de Peenemünde. Os papéis foram enviados a Staver e com ele chegaram a Washington. A 2 de abril, na Europa, Eisenhower recebia as instruções da "Operação Paperclip" - para a captura dos planos, dos foguetes e dos cientistas da V-2. Começou então uma etapa pouco divulgada da corrida espacial. De um lado, os americanos; do outro, os russos; e, no meio, Von Braun e seus amigos, com os planos que poderiam levar um dos dois lados à Lua. Nesta corrida, os russos chegaram sempre atrasados. Quando bombardeavam Stettin, 80 Km a sudeste de Peenemünde, Von Braun, aquela altura diretor de pesquisa do programa de foguetes alemão, tinha em sua mesa de trabalho "cinco ordens do Alto Comando Alemão mandando que eu ficasse em Peenemünde e cinco ordens, também do Alto Comando, mandando que saísse de lá. As duas séries pediam que eu destruísse todo o material da base e as instalações, para que os aliados não pudessem usá-las". Dornberg e Von Braun reuniram sua equipe e decidiram em conjunto ir para Nordhausen (onde as V-2 eram fabricadas), esconder os planos e depois entregar-se aos americanos. "Os documentos sobre os foguetes pesavam toneladas, representavam um tesouro único de conhecimento técnicos e nos haviam custado muito dinheiro e anos de trabalho. Decidimos não destruí-los" - contou depois Von Braun. Com a artilharia russa trovejando atrás deles, os homens dos foguetes empacotaram tudo que podiam carregar e se enfiaram no caos da Alemanha em colapso. Dez mil homens e 2.000 toneladas de material saíram milagrosamente da ilha de Usedom, num momento em que quase todo o sistema de transportes do país estava esfacelado. Peenemünde foi tomada na semana seguinte (05/05/1.945) pelo Segundo Exército Russo, comandado por Konstantin Rokossowsky. Cruzando rodovias sob bombardeio, o comboio de Von Braun chegou a Nordhausen. Um telefonema avisou-o de que os americanos estavam a 20 Km. Von Braun mandou esconder parte do material e fugiu com os principais técnicos para Obeyoch, perto da fronteira com a Áustria.

Quase os mesmo tempo, as forças americanas invadiam as fábricas das V-2 em Nordhausen e Wiedersachswerfen, que, por acordo entre os aliados, ficavam em zonas sob proteção dos russos. Trezentos caminhões-vagão cheios de equipamento (inclusive cem V-2 intactas) partiram para o Ocidente. Quando os russos chegaram, era tarde, novamente. "Este descuido não tem explicação", diria posteriormente Stálin. Enquanto isso, mais ao sul, a terceira presa lhe escapava. Von Braun e seus companheiros eram encontrados pelo Sétimo Exército Americano. Discutiam planos para o futuro nos ensolarados terraços dos hotéis de Obeyoch, completamente perdidos da realidade, enquanto o mundo alemão caía em pedaços à sua volta.