Avião americano sobrevoa reservas indígenas
Fonte: portal amazônia
BOA VISTA- O governo brasileiro guarda a sete chaves um incidente registrado na passagem de um avião-radar americano pelos céus da Amazônia, numa operação ousada que incluiu sobrevôos na reserva Raposa/Serra do Sol, área de grande importância estratégica para o Brasil por ter reservas de minerais como urânio.
Este incidente chegou a ser denunciado dias atrás no plenário da Assembléia Legislativa do Estado de Roraima, pelo presidente da Casa, deputado estadual Mecias de Jesus (PL), além dos parlamentares Sérgio Ferreira (PPS) e Raul Lima (PSDB). O Itamaraty não confirma. A Força Aérea Brasileira (FAB) nega.
Entretanto, em matéria veiculada na edição do último domingo, o jornal O GLOBO teve acesso a informações de um relatório reservado do serviço de inteligência do governo brasileiro que explica com detalhes a passagem do avião americano pela região Norte.
Viagem suspeita
O avião, modelo P-3, prefixo VVR-2674, tinha autorização para cruzar o espaço aéreo brasileiro no dia 9 de outubro do ano passado, rumo a Buenos Aires, na Argentina, com escala em Manaus (AM). A chancela fora publicada na véspera no Diário Oficial da União. A aeronave seguiria para Buenos Aires, em missão de “pesquisa científica”.
Entretanto o P-3 passou pelo País apenas no dia 10 e, a escala que seria em Manaus, acabou transferida para Boa Vista, onde nem toda a tripulação desceu. Nenhuma autoridade brasileira teria entrado no avião, segundo consta do documento reservado.
O relatório informa ainda que, após entrar no espaço aéreo do Brasil, o avião variou altitude e chegou a voar abaixo de três mil pés, supostamente para dificultar sua detecção pelos radares.
Durante o vôo, os equipamentos do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) suspeitaram da irregularidade. Militares do Centro Amazônico, da torre de controle do sistema em Manaus, tentaram fazer contato com a tripulação, mas não obtiveram êxito. A tripulação só respondeu mais tarde porque, segundo o comandante, o sistema de comunicação do avião teria parado de funcionar.
A terra indígena Raposa/Serra do Sol não teria sido a única sobrevoada pelo avião americano. O aparelho teria passado também, à baixa altitude, na reserva Waimiri-Atroari, localizada entre os estados de Roraima e Amazonas.
Sensores
O avião, de quatro motores e quase do tamanho de um Boeing 737-400, tem sensores eletrônicos que permitem, por exemplo, fazer mapeamento geológico das áreas que sobrevoa.
Uma fonte da Aeronáutica informou que autoridades aéreas brasileiras teriam reclamado junto ao Comando Sul, unidade do Pentágono sediada em Miami, que coordena as operações militares dos Estados Unidos na América Latina.
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