Crise ameaça venda de Supertucanos para Quito
Negociação para fornecimento de aviões brasileiros está congelada por causa do mal-estar causado pela expulsão da Odebrecht do país
Roberto Godoy - Estadão
A turbulência na relação diplomática entre Brasil e Equador está ameaçando a estratégica venda de 24 turboélices Supertucano, de ataque leve, fabricados pela Embraer, para equipar a aviação de Quito. O valor do contrato é estimado em cerca de US$ 250 milhões.
A escolha da aeronave brasileira foi anunciada pelo presidente Rafael Correa em abril, mas a negociação está tecnicamente congelada. Correa já deveria ter enviado ao Congresso Nacional um protocolo a respeito da operação, mas o documento ainda não foi encaminhado. Em São José dos Campos, a empresa não comentou o congelamento do processo. Em agosto, a Embraer entregou a Quito um jato de passageiros Emb-145, de 50 lugares.
O lote de 24 aviões faz parte de um plano equatoriano para reforçar a vigilância da fronteira com a Colômbia. Pequeno e ágil, o Supertucano é uma engenhosa combinação de recursos tecnológicos de última geração com a engenharia de baixo custo dos turboélices. Pode permanecer sete horas em missão de patrulha. Leva 1,5 tonelada de armas e duas armas fixas - canhões de 30 milímetros ou metralhadoras pesadas .50 -, além de voar a 590 km/h.
K-fir
Correa lançou quatro meses atrás um plano de modernização das Forças Armadas que previa a incorporação dos Supertucanos, segundo o comandante militar, general Rodrigo Bohórquez. Na época, ele lembrou que o contrato para revitalização da frota de sete caças supersônicos K-fir, de fabricação israelense, também não estava formalizado. O programa envolve a importação de sistemas eletrônicos de defesa aérea e radares terrestres.
Se confirmado, o cancelamento da encomenda representaria mais um episódio na disputa que envolve os dois países, agravada no mês passado com a decisão do governo equatoriano de expulsar a construtora brasileira Norberto Odebrecht do país. O governo Correa também entrou em atrito com a Petrobrás e Furnas, o que levou o governo brasileiro a ameaçar cortar as relações comerciais com Quito.
A chanceler equatoriana, María Isabel Salvador, admitiu ontem que as relações com Brasília foram afetadas pela polêmica que envolve a Petrobrás e a Odebrecht. No entanto, ela disse ter confiança de que os vínculos diplomáticos entre os dois países se normalizarão.
"Vamos avançar positivamente", disse a chanceler. "Temos de dar um tempo de repouso por toda essa situação."
Equador diz que relações com Brasil estão 'em repouso'
Expulsão da Odebrecht fez governo brasileiro cancelar visita ao país.
Segundo chefe da diplomacia equatoriana, relações voltarão ao normal.
Da France Presse - Via G1
As relações entre Equador e Brasil entraram em um "tempo de repouso" pelas tensões provocadas pela expulsão da construtora Odebrecht, mas voltarão ao normal, afirmou a chefe da diplomacia de Quito, María Isabel Salvador. A chanceler admitiu que o diálogo entre os dois governos "foi sem dúvida afetado" pelo caso Odebrecht, mas que a decisão conjunta é avançar para uma normalização.
"Acredito que no tema Brasil - e a única coisa que faço é repetir o que me disse o chanceler (Celso) Amorim - vamos avançar positivamente, temos que dar um tempo de repouso por toda esta situação que se causou no Brasil", afirmou a ministra das Relações Exteriores em entrevista ao canal "Teleamazonas".
Na semana passada, o presidente Rafael Correa expulsou por decreto a Odebrecht e a estatal Furnas, alegando uma série de irregularidades nos contratos assinados com a construtora por US$ 800 milhões. A construtora negou problemas nas obras, e afirmou ter aceito todas as condições do governo equatoriano para permanecer no país.
A imprensa equatoriana divulgou nesta quinta-feira declarações de Amorim advertindo que o comércio entre os dois países pode ser reduzido a zero, caso Quito se recuse a pagar um crédito de US$ 283 milhões ao BNDES, que financiou a obra de San Francisco.
Nota do Blog: Seria muito bom o Brasil tomasse uma atitude de "romper " com a truculência do Equador, mas isso tudo é fogo de palha de ambos os Países, principalmente do Brasil que com esta crise não pode "perder" essa "vendinha" ao Equador. Por outro lado, quem vai financiar a venda é o BNDES e este já está no prejuízo no contrato da Usina de "San Francisco". O melhor seria não vender até que eles se comprometessem a pagar o que devem via Odebrecht.
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