FAB inicia reforma de caças e quer mais 26

Modernização e compra de novos aviões terão custo de US$ 3,3 bi

Roberto Godoy - Estadão

A aviação militar brasileira tem um plano e um programa. O plano envolve a compra de um lote inicial estimado em até 26 caças supersônicos de 5ª geração, tão modernos que, nos países fabricantes, só agora começam a ser recebidos pelas forças aéreas ou ainda estão em fase final de desenvolvimento. Um contrato superior a US$ 1,3 bilhão, que vai exigir ao menos dois anos de definições e negociações.

Se o pedido fosse fechado hoje, o modelo francês Rafale seria o escolhido. Eletronicamente avançado, compatível com os métodos de trabalho da Força Aérea Brasileira (FAB), robusto e coberto por ofertas oficiais de transferência de conhecimento sensível, associadas a um bom esquema de compensações comerciais, o jato não sai por menos de US$ 45 milhões. No Alto Comando há brigadeiros que consideram o F-35 Lightning, americano, uma solução melhor. A aeronave está fazendo seus primeiros vôos regulares. Só estará disponível para exportação após 2010. Não poderia ser mais avançado, pouco visível ao sistema de detecção. Leva armas em um compartimento interno.

Por fora, correm o F-18 Super Hornet, o sueco Gripen e o russo Sukhoi-35. O problema com os produtos dos Estados Unidos, garantem oficiais da FAB, é o veto da Casa Branca à cessão de informação tecnológica.

PROGRAMA URGENTE

O programa, esse sim, é mais urgente e objetivo. A pretensão é manter e expandir todas as iniciativas de revitalização da frota - dos aviões de combate prioritariamente.

O pacote atualmente em execução está recebendo do governo investimentos estimados em US$ 2 bilhões e abrange a modernização de 53 caças AMX - os únicos do continente com capacidade de bombardeio estratégico -, a aquisição de 100 turboélices Supertucano, de ataque leve e treinamento, a revitalização de 8 quadrimotores de patrulha oceânica P-3 Orion, a aquisição de 12 cargueiros médios C-295 e a transformação de ao menos 56 supersônicos F-5E Tiger II, em média com 27 anos de uso, na versão F-5M.

A nova configuração, produzida pelo consórcio formado pela indústria brasileira Embraer com a israelense Elbit, incorpora tecnologias atualizadas. Destaque para o arranjo eletrônico, onde o radar italiano Grifo F pode detectar quatro alvos independentes a 80 km, priorizando dois deles pelo grau de ameaça e fazendo o procedimento para o disparo dos mísseis interceptadores. O F-5M voa na faixa dos 2 mil km/hora e permite o uso de bombas inteligentes, guiadas por laser, e dos mísseis ar-ar com raio de ação além da linha do horizonte, fora do alcance visual. A arma fixa é um canhão de 20 milímetros.

O Comando da Aeronáutica quer ter 120 caças no inventário da força frontal, com disponibilidade de 90%. Na prática, em situação de crise, significa a possibilidade de lançar 108 aeronaves em operações de combate, a partir das bases aéreas no Rio Grande do Sul, Goiás e Rio.

A esse conjunto serão incorporadas unidades no Nordeste e no Norte, guarnecidas com o deslocamento de parte dos Mirage-2000C/B usados comprados na França em 2005 por 80 milhões em acordo de governo. Os 12 interceptadores - quatro entregues até dezembro de 2006 - ficarão agregados ao 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), de Anápolis. O Alto Comando está analisando uma oferta da Armée de L’Air para um segundo conjunto, totalizando 24 unidades. Segundo um integrante do Comando Geral do Ar (Comgar), a diretoria da Aeronáutica responsável pelas ações armadas, o interesse é baixo. O caça foi descontinuado pelo fabricante e o custo para integrá-lo à rede eletrônica de comunicações,o Data Link da FAB, é muito alto. A solução mais provável passa pela aquisição de novos F-5. Na semana passada houve um avanço no programa. O Comando da Aeronáutica confirmou a discussão “ainda inicial” junto à Jordânia para o fornecimento de 12 supersônicos, uma combinação de tipos E (monopostos de combate) e F (de dois lugares, para treinamento e ataque especializado). Cada avião é avaliado em US$ 2,6 milhões. O custo da modernização é de US$ 4,5 milhões - no total, US$ 7,7 milhões. Uma fração do preço de um novo caça.

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PODER ESTRATÉGICO

O caça-bombardeiro AMX pode atingir alvos em todo o
continente e também no Caribe

A revitalização dos 53 jatos subsônicos vai custar
US$ 400 milhões.

Reabastecido em vôo por aviões - tanque Boeing 707, o AMX pode cobrir até 7 mil km

120 caças supersônicos - é o tamanho da frota de ataque que a FAB considera ideal para garantir o espaço aéreo

Nota - A reportagem acima foi publicada em 7 de maio de 2007 e foi incluída porque tem assuntos relevantes para a época da publicação que julguei importante incluir aqui porque simplesmente não existíamos a época. O articulista, traz em linhas gerais o que a FAB esta fazendo agora na Licitação do Fx2. Interessante observar que a quantidade de caças mudou de 26 para 36, mas a quantidade ideal se manteve. Os F-5 da Jordânia já eram realidade e outro fato relevante é a criação de esquadrões de caça no Nordeste e na Região Norte. sem falar das modernizações que mesmo fora de compasso hoje em dia servem para manter o nível de atualização das forças e capacitar a industria nacional.